Consultas ao Doutor Google

Pois, é, todo mundo gosta de dar palpite. Aliás, sabemos que no Brasil temos mais de duzentos milhões de técnicos de futebol. Neste aspecto vale o mesmo para a Medicina. Temos até um provérbio que diz que de médico e de louco todo mundo tem um pouco. Em outras palavras, devemos também ter mais de duzentos milhões de entendidos em remédios. E olhem, o vizinho ou o amigo sempre costuma ter uma boa sugestão para aquela dor de barriga ou aquela ressaca.

E é aqui que temos uma grande polêmica: nos dias de hoje é cada vez mais freqüente as pessoas leigas valerem-se do fácil acesso à internet para a obtenção de informações sobre tratamentos para os mais variados problemas. Temos cada vez mais gente consultando o Dr. Google para obterem as suas orientações sobre seus tratamentos. Há pesquisas mostrando que a propaganda de produtos farmacêuticos veiculada pela mídia pode causar grande motivação para o uso inadequado e prejudicial de muitos medicamentos. A própria publicidade direcionada à classe médica, apresenta problemas muito sérios e que incluem desde a falta de advertência sobre contra-indicações (14%) até a falta de uma efetiva comprovação científica (10%) de determinados resultados propagados.

Posto isto, vale lembrar que o acesso aos profissionais médicos tem sido facilitado a toda a população. Em hipótese alguma se devem seguir orientações de vizinhos, amigos ou parentes, sob a alegação de que determinado medicamento estaria trazendo este ou aquele benefício. O mesmo vale para os balconistas das farmácias, os quais não costumam ter preparo específico para esta função terapêutica. Chamo atenção para a diferença entre atendente de balcão de farmácia e a própria atividade de farmacêutico. O médico ao receitar determinados medicamentos dever conhecer eventuais contra-indicações. Por outro lado, no momento da aquisição do medicamento, havendo dúvidas, ainda se pode solicitar orientação do farmacêutico do estabelecimento comercial. Este profissional tem um importante papel dentro do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária na notificação de eventuais efeitos colaterais decorrentes do uso do medicamento.

Vale, portanto, novamente a dica: Em hipótese alguma façam uso da automedicação. Em outras palavras, quem tem problemas de saúde deve sempre procurar por orientação médica.

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