À Escola Dois Irmãos, com carinho

O que vivemos na infância fica registrado de forma especial na nossa memória. E boa parte dessas experiências está ligada à escola. É nesse ambiente de paredes coloridas com cartazes, ao som do sinal que anuncia o recreio, que surgem as primeiras amizades, descobrimos as primeiras letras e encaramos medos que parecem gigantescos, como falar na frente de toda turma.

Para mim, essas lembranças têm endereço: a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Dois Irmãos, do bairro Aviação. Há poucos dias, uma foto publicada no Facebook da escola despertou muitas memórias em mim. A instituição completou 45 anos no último domingo, dia 12. A imagem da turma da pré-escola de 1996 foi uma das várias divulgadas em comemoração ao aniversário. Por meio da postagem, diversos colegas puderam se reencontrar e relembrar histórias. Nessa turma estava também a colega jornalista Letícia Wacholz, editora da Folha do Mate, quando sequer imaginávamos a carreira profissional que iríamos seguir.

Eu, que não frequentei creche, tive primeira experiência de escola na turma da querida e inesquecível professora Elenice Serafini. E que experiência mágica! Talvez pela grande expectativa que tinha para me tornar estudante, lembro como se fosse hoje das mesas redondas e das pequenas cadeiras na sala de aula, da mochila roxa de elefante, que ganhei usada das primas e carreguei com todo orgulho para aquele início de trajetória estudantil.

As brincadeiras na pracinha e no campinho, onde tiramos a foto da turma, a ‘hora da novidade’, quando compartilhávamos o que tínhamos feito no fim de semana – quantas lembranças. Não esqueço da primeira feira de ciências que participei, no pavilhão da escola, apresentando a experiência de misturar cores de tinta têmpera. Do primeiro desfile de Sete de Setembro, descendo a Osvaldo Aranha com uma pastinha azul no braço, imitando a profissão que considerava a mais bonita: ser professora. Das tantas apresentações de dança, de teclado e teatro. Do caminho para a escola que percorria com os amigos e, mais tarde, como ‘responsável’ da minha irmã Sabrina.

A escola contribuiu de forma significativa na formação de quem eu sou, pessoal e profissionalmente. É lá que estão as raízes da menina que adorava ler e escrever e decidiu se tornar jornalista. Foram da biblioteca da Dois Irmãos os primeiros livros que li – e eu sentia uma realização enorme porque a profe Jane Canova, responsável pela biblioteca por um período, permitia que eu retirasse não apenas um, mas dois livros por vez.

Lá também que o professor de Português Gabriel Werlang (in memorian) nos apresentou a textos de jornal e despertou em mim a vontade de ser jornalista. “Temos que ter a pulga na frente da orelha, não só atrás”, dizia ele, para incentivar o espírito crítico. Foi como aluna da Dois Irmãos que realizei um trabalho de aula que jamais esqueci: uma coleção de folhas, dos mais variados tipos. Mais de 20 anos me separam da 5ª série, mas, até hoje, quando vejo uma folha de formato diferente, penso naquele trabalho.

Poderia abordar ainda uma série de outras lembranças, falar do cheiro de álcool das folhas passadas no mimeógrafo, das merendas, das apresentações de trabalho… Mas o espaço é curto. No entanto, não posso deixar de ressaltar o quanto a formação que recebi na querida Escola Dois Irmãos foi para a vida. Como líder de turma e no Grêmio Estudantil, aprendi a exercer cidadania. Superei a vergonha de falar em público. Entendi o quanto estudar nos emancipa. O quanto podemos fazer a diferença com pequenas atitudes. Muito além disso, fiz amigos que seguem comigo até hoje.

Se a campanha de aniversário da escola destaca ‘45 motivos para ser Dois Irmãos’, posso afirmar que tenho dezenas de motivos para gostar da escola e desejar que siga, por muito tempo, impactando positivamente a vida de quem passa por ela – alunos, professores, funcionários e familiares. Obrigada, Escola Dois Irmãos!



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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