A correnteza do arroio Sampaio, com as intensas chuvas no fim de abril e início de maio, destruiu as cabeceiras da ponte em Linha Andréas, no interior de Venâncio Aires. Uma pinguela foi construída provisoriamente no local. Enquanto em território venâncio-airense a estrutura já foi consertada, na outra ponta ainda é aguardada a reforma. Por conta disso, o trânsito ainda está interrompido no local.
De acordo com o prefeito Jarbas da Rosa, há uma pilastra que cedeu, no lado de Sério, e precisa ser refeita. “Foi derrubada a parte comprometida para se refazer as cabeceiras. Os canos chegam na próxima semana e acredito que em uns 30 dias a obra seja feita”, projeta. O chefe do Executivo de Venâncio afirma que o Município fará a obra, com o apoio da Prefeitura de Sério.
Nesta semana, estive no local, acompanhada do colega Roni Müller, quando conversamos com Clécio Eichler, 66 anos, e Gládis Lenhardt, 59 anos, que moram bem próximo da ponte. Eles relataram o quanto a interdição gera transtornos para os moradores – que precisam atravessar a pé ou fazer um desvio por outras localidades – e falaram sobre a expectativa pela obra.
Em meio à nossa conversa, descobri uma história especial. A família Eichler manteve um moinho, por três gerações. A atividade começou com o avô dele, Fernando, e teve sequência com o pai, Evaldo. Aos 7 anos, Clécio já acompanhava o trabalho no local. Só parou quando se aposentou.
O moinho, a serraria, dois galpões e diversas ferramentas usadas pela família durante décadas seguiam ao lado de casa, mas foram destruídos e levados pela força da água, há três meses. No entanto, a roda de aço do moinho, com peso estimado em 1,8 mil quilos, segue no local. “É a única de aço que já vi. Meu avô contava que ela foi comprada em Estrela e veio em partes para ser montada”, relata. Primeiro ela pertenceu a outro morador da localidade e depois foi comprada pela família Eichler.
Segundo seu Clécio, além de farinha, muitas pessoas utilizavam o moinho para erva-mate e arroz. E ele também teve um papel importante para o desenvolvimento da localidade do Vale do Sampaio. “No tempo do meu vô, o moinho fez luz para toda a comunidade de Linha Andréas e também garantia o abastecimento para o hospital que funcionava aqui perto”, relata.
Com a destruição das demais estruturas, a expectativa, agora, é de encontrar uma forma para que essa memória não se perca. De acordo com seu Clécio, integrantes da Associação de Leitura e Canto Jovialidade de Linha Andréas já comentaram com ele sobre a ideia de levar a roda para a sede da sociedade, onde poderá ficar exposta. Vai ser preciso uma ajuda mecânica, afinal, são quase duas toneladas. Sem dúvida, será uma bela iniciativa para reconhecer este pedaço importante da história de Linha Andréas.