As escolas da rede municipal de Venâncio Aires têm realizado, nas últimas semanas, as mostras internas de projeto, como preparação para a Mostra Municipal de Pesquisa e Inovação (Mompi), que ocorre nos dias 11e 12 de setembro, junto à 26ª Feira do Livro. As exposições, que remetem às antigas feiras de ciências, são a oportunidade para que as famílias conheçam projetos desenvolvidos em sala de aula. Para os estudantes, é um momento especial. Para alguns, é uma chance de driblar a timidez. Para outros, a chance de compartilhar, com orgulho, o resultado de um trabalho em equipe.
Com o conteúdo na ponta da língua e os olhinhos brilhando para explicar, eles são a prova de que o ensino por meio de projetos vai muito além da decoreba. Se você tiver a possibilidade de visitar as mostras, não perca!
Na quinta-feira, 16, conheci alguns projetos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Dom Pedro II, de Linha Hansel. Entre eles, um intitulado ‘Céus e campos: a influência da astronomia na agricultura e na vida do agricultor de Venâncio Aires’, da turma de 4º ano. Tudo começou com a curiosidade dos alunos, quando estavam sendo estudados temas como solstício, equinócio e fases da lua.
Como muitos estudantes são filhos de agricultores, eles compartilharam com a professora Kelly Treib e os colegas alguns hábitos e costumes dos pais, como o tempo certo para plantar e colher tabaco, principal cultura do município, a partir das fases da lua e das condições do tempo. A partir de então, uma série de atividades foram realizadas pela turma do 4º ano, incluindo visita a propriedades rurais e bate-papo com profissionais da Emater, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Tabacos Marasca. Foi feita, inclusive, uma experiência de plantio de alface, na horta escolar, em cada fase da lua, para analisar a diferença no desenvolvimento da hortaliça.
Os pequenos pesquisadores não pararam por aí. Buscaram dados sobre as últimas safras de tabaco em Venâncio Aires e criaram gráficos, nos quais é possível ver os impactos de eventos climáticos como granizo, enchentes e estiagem na produção. Também deram asas à imaginação para elaborar um logotipo para o projeto e criaram um podcast, por meio do qual compartilham o que aprendem sobre agricultura e a relação com a astronomia. Para a produção desses conteúdos, que são publicados no canal do YouTube da Escola Dom Pedro II, os alunos do 4º ano participaram de uma oficina com a jornalista Letícia Wacholz, editora da Folha do Mate e apresentadora do programa Folha 105 – 1ª edição, da Rádio Terra FM. A turma também compartilha informações sobre o projeto no perfil Quarteirinho, no Instagram.
Muitos aspectos tornam esse projeto multidisciplinar inspirador. Mas um fato que o torna muito especial é levar para a sala de aula algo que faz parte da vida de muitas famílias e torná-lo objeto de estudo, que tem possibilitado muito conhecimento – de geografia, ciências, comunicação, matemática… É uma valorização da agricultura, dos conhecimentos empíricos repassados por gerações, de produtores que sempre observaram o céu na hora de plantar. Um incentivo para que as crianças reconheçam o trabalho dos seus pais e avós, sobre o setor primário, tão importante na cultura, economia e história do nosso município.
Além de todo o aprendizado que obtive a partir das explicações dos alunos do 4º ano da Escola Dom Pedro II, ainda recebi um pacotinho com sementes de cenoura, acompanhadas de um calendário lunar. Segundo me ensinaram, a cenoura deve ser plantada na lua minguante. Como ela começa neste sábado, é hora de colocar a mão na massa!