Volta e meia recebemos, na Redação da Folha do Mate, denúncias de descarte irregular de móveis, pneus e eletrônicos, em terrenos baldios, calçadas ou nas margens de sangas e arroios. Um problema ambiental e que gera indignação e incômodo visual.
Da mesma forma, é comum surgirem dúvidas sobre onde e como descartar corretamente esses resíduos, a fim de que o descarte seja realmente efetivo. Afinal, é muita inocência e irresponsabilidade pensar que o problema está resolvido ao colocar no lixo, levar até o contêiner e os materiais ‘sumirem’ da nossa vista.
Embora o aterro sanitário de Minas do Leão seja o destino final, precisamos repensar a quantidade e os materiais que, literalmente, estamos pagando para enterrar. Quem tem um mínimo de interesse pela questão ambiental sabe que a destinação correta é fundamental. Mas aí, entra outro problema, até o cidadão mais comprometido com a causa fica em dúvida sobre como proceder.
A logística reversa é obrigatória para itens como pilhas, lâmpadas, pneus, mas nem sempre acontece na prática. São poucos os estabelecimentos comerciais que recebem os resíduos; há resistência, inclusive, dos fabricantes, em receber os produtos de volta.
No município, há anos, o tema vai e volta na pauta da Secretaria de Meio Ambiente, da Câmara de Comércio e Serviços de Venâncio Aires (Caciva) e do Ministério Público. O que parecia ter sido parcialmente resolvido, com a criação do Ecoponto, em dezembro de 2021, voltou a ser um problema. O local, estruturado junto à Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisp), no bairro Aviação, recebia itens que não podem ser descartados no lixo comum, como pneus, vidros, eletrônicos, móveis velhos e galhos e restos de poda. No entanto, não tinha licença ambiental.
Diversas vezes fui até o Ecoponto para descartar resíduos e fiz questão de divulgar o serviço para amigos e familiares. Na última vez que estive por lá me surpreendi com a quantidade de lixo acumulado e me questionei sobre a poluição – num primeiro impacto, a visual – que estava sendo gerada. Imaginei que o problema seria solucionado pela Prefeitura. Entretanto, matéria divulgada na página 5 desta edição aborda a desativação do Ecoponto, pela falta de licença ambiental.
O problema parece não ter fim. Novamente, fica a dúvida: o que fazer com este lixo? Refletindo sobre isso, lembrei de uma reportagem que fizemos em 2018, com orientações sobre onde e como descartar lâmpadas, eletrônicos, pneus, esponjas de louça, canetas e outros itens que não são reciclados. Passam-se os anos, mas a pergunta continua.
De todas as questões envolvidas neste problema complexo, penso que um dos principais prejuízos é desmobilizar a população quando tudo o que precisamos é justamente o contrário. Necessitamos de informações claras sobre onde e como descartar corretamente para que a população se sensibilize e aja de forma correta. No que for possível, Folha do Mate e Terra FM buscarão apresentar essas alternativas e debater esse tema, por meio da bandeira institucional ‘Responsabilidade ambiental’ lançada neste fim de semana.
Particularmente, não pretendo desistir desta causa, embora já tenha voltado muitas vezes com minha sacolinha de pilhas e lâmpadas, e siga ‘guardando’ eletrônicos para os dias de recolhimento que a Secretaria de Meio Ambiente promove. Como diz o slogan da bandeira levantada pela Folha e Terra, o compromisso é de todos.