Neste sábado, é comemorado o Dia dos Avós. Aqueles que são os pais com açúcar. Os donos de um colo aconchegante e criadores de brincadeiras inesquecíveis. A colega Letícia Wacholz abordou o tema durante o programa Folha 105 – 1ª edição, da rádio Terra FM, na sexta-feira. Na oportunidade, a psicóloga Susan Artus Dettenborn destacou a importância da relação entre avós e netos e o quanto ela é marcada por carinho, proteção e liberdade. “Essas relações acabam transformando em momentos que novas regras são construídas e se firma uma ligação única. Há aqueles que dizem que os avós estragam a educação dos netos, mas o que eles fazem é estreitar laços flexibilizando aquilo que é dito como proibido.”

De acordo com Susan, a relação é saudável principalmente no ponto em que apresenta experiências novas para os envolvidos, sejam os avós, sejam os netos. Esse aprendizado mútuo, do convívio de gerações bem diferentes, vai muito além do que se pode ver.

Não é a toa que os avós são tão especiais na vida da gente. “Cada neto é uma vivência e um novo aprendizado. Os avós se tornam peças fundamentais no desenvolvimento dos netos e não só falando nas crianças, mas também nos adolescentes e nos adultos que têm a oportunidade deste convívio”, comenta a psicóloga. Ano passado, me despedi das duas avós, com as quais sempre tive uma convivência próxima e uma relação muito afetuosa, da infância à vida adulta.

Apesar de não ser mais criança, senti muito – e ainda sinto – essa ausência: das visitas nas férias, dos jogos de carta, das flores colhidas no quintal, da bandeja cheia de bolachas para acompanhar o chimarrão e a conversa despretensiosa. De simplesmente ser neta e receber carinho, ouvir histórias, saber como as coisas eram antigamente. De comer a cuca de laranja e rosca da vó Venilda; o pastel de uva da vó Lucira, com o sabor que só pertence a elas.

Os avós ocupam um lugar especial no coração da gente. Eles são uma memória embalada em carinho, cumplicidade e sabor especial. Tenho certeza que, assim como eu, você que lê este texto tem lembranças especiais dos seus avós, independentemente de quantos anos tenha.

A psicóloga Susan comenta, inclusive, que são os avós os que mais geram memórias afetivas. “É muito comum da gente ouvir as pessoas se referindo à comida de vó, casa de vó, cheiro de vô, roupa do vô. São os avós que fazem o bolo favorito, a bolacha, a cuca, o carreteiro, o churrasco. São eles que amenizam a bronca que a gente leva, que esperam as férias e contam as melhores histórias. Feliz daqueles que têm os seus avós presentes”, resume a profissional.

A relação com os avós – que podem, muitas vezes, até serem ‘emprestados’ – também influencia muito na nossa formação enquanto pessoa. Conviver com um idoso nos ensina a reduzir o passo para acompanhá-los, falar com clareza para que possam compreender, explicar de novo e ouvir de novo – quantas vezes for necessário e como se fosse a primeira vez. Nos ensina sobre atenção, dedicação, sobre amor. Nos incentiva a olhar o mundo de forma diferente, a procurar a acessibilidade nos locais, a identificar potenciais riscos. Nos encoraja com doses generosas de autoestima. Sempre somos os mais lindos, espertos e inteligentes para nossos avós! Que neste dia dos avós, você possa abraçar os seus. E se eles não estiveram mais presentes fisicamente, que possa pensar neles e lembrar o quão importantes são na sua história. A todos os avós, em especial, os da minha filha Laura, o desejo de muitos momentos felizes ao lado dos netos.

Juliana Bencke

Editora de Cadernos