O que os olhos custam a acreditar

Desde a noite de terça-feira, 16, quando o temporal com fortes rajadas de vento atingiu o Rio Grande do Sul e afetou Venâncio Aires com grande intensidade, cenas inimagináveis passaram pelos nossos olhos. “Nunca tinha visto nada parecido em toda minha vida.” Frases como essa foram repetidas em muitas entrevistas realizadas pela equipe da Folha do Mate e Terra FM ao longo da semana. Das fortes rajadas de vento à proporção dos estragos, em residências, lojas e espaços públicos, de fato, jamais tínhamos acompanhado algo assim. Por alguns momentos, a cidade toda ficou incomunicável e sem energia elétrica, e ainda há quem permaneça sem luz e água.

Venâncio Aires, que encerrou 2023 com duas grandes enchentes que assolaram as comunidades dos distritos de Vila Mariante e Estância Nova, nos meses de setembro e novembro, desta vez foi impactado por um evento climático que se espraiou por todo o território – do centro da cidade às propriedades rurais dos distritos. “100% das ruas tiveram pelo menos uma árvore, um galho quebrado”, disse ontem, o prefeito Jarbas da Rosa.

O município foi um dos mais atingidos pelo temporal. Inclusive, uma imagem da rua Osvaldo Aranha captada pelo fotógrafo Leandro Osório, morador de Venâncio, foi capa da Folha de São Paulo, um dos principais jornais do Brasil, ilustrando o impacto do fenômeno climático nas cidades gaúchas.

Enquanto houve quem perdeu todo o teto da casa ou teve grandes danos na residência – são pelo menos 1,2 mil afetados, conforme a Defesa Civil -, felizmente, a grande maioria não sofreu com os estragos de forma direta. Mesmo assim, há uma sensação de perda ao andar pela cidade.

De quarta-feira até agora, a paisagem foi se modificando. Cada vez que me deslocava da casa para o trabalho e vice-versa, ia acompanhando essas mudanças. Na madrugada pós-temporal, assim que nossos colegas do jornal e rádio saíram para a rua para registrar o tamanho dos estragos, muitas vias estavam intransitáveis, com árvores e postes caídos, vidros quebrados, telhas e outros materiais derrubados pelo vento. Aos poucos, telhados foram sendo cobertos com lonas, árvores cortadas e retiradas das vias. Agora, com o centro da cidade mais limpo e organizado, o principal desafio é o recolhimento da imensa quantidade de galhos e entulhos em bairros e no interior – trabalho, aliás, que a Prefeitura estima durar pelo menos 30 dias.

Em meio a isso, vão surgindo vazios de muitas árvores que nossos olhos se acostumaram a enxergar, que fazem parte da paisagem da cidade e das nossas memórias. A Praça Henrique Bender, Praça Evangélica, foi uma das mais afetadas, com a queda de diversas árvores antigas – que já não tinham ‘saúde’ suficiente para se manter de pé. Outras tantas também tombaram na Praça Coronel Thomaz Pereira, a Praça da Matriz. Os galhos frondosos que davam sombra em frente ao Hospital São Sebastião Mártir igualmente caíram. Felizmente, nenhuma dessas quedas afetou pessoas.

De tudo isso, fica a lição de que precisamos olhar mais atentamente para o assunto da arborização. Não temos como controlar fenômenos climáticos como o que aconteceu nesta semana, mas podemos – e devemos – atuar para a prevenção de acidentes. Uma responsabilidade de cada um, na sua casa, e também dos gestores públicos. Afinal, as praças são espaços de responsabilidade da Prefeitura. Mais do que nunca, ficou evidente o quanto é necessário realizar a manutenção das praças.

Ao encontro disso, o jornalismo da Folha do Mate, que acompanha de perto dos desdobramentos e impactos do temporal, apresenta ao leitor uma reportagem especial sobre cuidados que devem ser tomados a fim de evitar queda de árvores e destelhamentos. O material pode ser conferido nas páginas 20 e 21 da edição deste sábado. Boa leitura!



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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