Alphorria divulga razões para não participar de protestos contra o racismo

Recebi da ONG Alporrria, ontem, um texto de autoria da coordenadora da entidade, Ana Lúcia Landim, no qual são citadas as razões para não participar de protestos de rua contra o racismo, neste momento. A manifestação ocorre após diversos países, inclusive cidades brasileiras, registrarem protestos contra o racismo. “Entendemos ser imprudente fazer qualquer tipo de aglomeração, por mais legítimos que sejam nossos motivos”, frisa a líder do movimento negro de Venâncio Aires.

Segundo Ana Lúcia, na ONG a preocupação maior é com construção, os estudos e estratégias para desenvolver políticas de inclusão do negro e combate ao racismo.
“Entendemos que ir para às ruas, nesse momento, além de não trazer uma solução imediata para o problema, pode gerar uma disseminação ainda mais rápida do coronavírus e impulsionar um contágio ainda maior”, frisa.

Leia, abaixo, a manifestação completa:

Razões para não participar de protestos de rua contra o racismo neste momento

Ana Lucia Landim
Ana Lucia Landim

“Entendemos ser imprudente fazer qualquer tipo de aglomeração, por mais legítimos que sejam nossos motivos.

Na ONG Alphorria nossa preocupação maior é sempre a construção, são os estudos e estratégias para desenvolver políticas de inclusão do negro e combate ao racismo.

Entendemos que ir para às ruas, nesse momento, além de não trazer uma solução imediata para o problema, pode gerar uma disseminação ainda mais rápida do coronavírus e impulsionar um contágio ainda maior.

Nós temos um grande trabalho de pesquisa realizado em um curto espaço de tempo. A ONG Alphorria foi criada em 2011, mas já colocou o município no mapa da diversidade e, através de projetos e ações concretas de combate ao racismo, a exemplo da proposição da Lei de Cotas em serviços públicos no município.

Estamos realizando encontros virtuais, tanto de estudo e discussão, quanto de música. Aliás, a live de música, com parceria do Sesc Venâncio Aires, que movimentou todo o Rio Grande do Sul e obteve em torno de 9 mil  visualizações, proporcionou uma grande arrecadação de alimentos, repassados para a população mais vulnerável e para o projeto ‘Somos Todos Coloridos’, que é desenvolvido pela ONG em parceria com a Emei Algayer. Já estamos nos movimentando para realizar uma segunda live.

Portanto, o posicionamento da nossa organização é de que, nesse momento, além do perigo do contágio mais rápido do coronavírus, a grande possibilidade de não surtir o efeito desejado, ainda pode ocorrer a infiltração de pessoas mal intencionadas, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos, para prejudicar a legitimidade do movimento.

Pensamos que nossas escolhas definem e nos preparam para o futuro. Por enquanto, seguimos de forma on-line, com estudos e elaboração de estratégias para realizar ações concretas.

Seguimos vigilantes e atentos para contribuir de forma eficaz e segura. BLACK LIVES MATTER!”

alphorria venancio aires
Membros da ONG Alphorria durante reunião virtual

Leia mais:  “Quem não sofre na pele, dificilmente vai perceber o racismo”, diz historiador

 



Letícia Wacholz

Letícia Wacholz

Atua há 15 anos na Folha do Mate e desde 2015 é editora da Folha do Mate. Coordena a produção jornalística multiplataforma do grupo de comunicação. Assina a coluna Mateando, a página 2 do jornal impresso.

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