As reformas no Calçadão seguem sendo tema de discussão nas rodas de conversa, dentro da Prefeitura, nos grupos de empresários e também de arquitetos e urbanistas. Na edição de hoje, a Folha do Mate publica um artigo de opinião enviado pelo engenheiro Lúcio Konzen.
Ele foi secretário municipal de Planejamento no Governo Airton Artus, quando Giovane Wickert, atual prefeito, foi vice-prefeito. Lúcio foi secretário de Planejamento bem no ‘auge’, pode-se dizer, da discussão sobre as tipuanas no Centro de Venâncio Aires, em 2013.
Na época, o assunto foi tema de muitas reuniões da Câmara de Vereadores, inclusive de audiências públicas.

Seis anos depois, o artigo que ele compartilha com os leitores vai na mesma direção. Para ele, é um “retrocesso” a opção de dar mais espaços aos carros e bares.
O artigo pode ser conferido, na íntegra, abaixo:
Calçadão
Há mais de 30 anos, por inspiração e coragem do Governo de Almedo Dettenborn, ousou-se transferir aos venâncio-airenses um espaço público de lazer antes restrito a carros. Pelo ato foram ampliadas as áreas de calçadas e praça. Estava sendo criado o nosso Calçadão. Uma conquista da população, um patrimônio natural e cultural. Na época, as obras iniciaram entre a Travessa São Sebastião e Rua General Osório e mais tarde até a Rua Jacob Becker. Pela recepção da obra, o prefeito falava em levar a mais quadras a novidade.
Ao longo do tempo essa conquista foi deteriorando-se e acabou no abandono. Sem a devida atenção, o espaço público foi sendo privatizado e perdendo a sua exuberância. A ocupação aconteceu naturalmente. Sem regras, os bares limitaram as suas áreas de ocupação no espaço público, com coberturas, e inundando vizinhanças. Caminhar nas calçadas é passar por “dentro” dos bares. Há anos ouço de famílias que em certos momentos deixaram de circular por este trecho.
Nos últimos anos, o Executivo e setores econômicos, encontraram um vilão para esta situação: as Tipuanas. Logo elas que ao longo dos anos, também abandonadas, cresceram e nos deram vida, verde e um cartão postal ao local, apesar dos danos que causaram, frutos, também, do desamparo de todos nós. Agora com a proposta apresentada as Tipuanas e o espaço, uma conquista da cidade e da população, terão que ceder para estacionamentos e circulação de carros. Bela troca! Enganam-se aqueles que a mudança para novos “donos” vai trazer progresso. Eu e muitos sentimos vergonha e retrocesso com essa opção. O caminho seria revitalizar, cuidar do que plantamos e avançar nas conquistas por mais espaços ao cidadão e menos aos carros (ver o que diz o Plano Nacional de Mobilidade Urbana). Infelizmente na voz do prefeito Giovane que diz “… essa obra não tem nada de errado”, é que parece definir-se o futuro da área, apoiados por segmentos da cidade acima da nossa força. Mas sempre há esperança, como em 2013, quando o Promotor Rui Fontoura Porto, impediu o corte das árvores. Em seu despacho, em um dos trechos, referindo-se aos danos causados pelas raízes dizia: “…mas estas irregularidades existem onde nem sequer há raízes e, ademais, há meios técnicos para sua correção”.
As diferentes visões sobre o assunto e, principalmente, quando surge um “nada de errado” nos levam a pensar, será que estamos tão errados?
“Se essa rua/Se essa rua fosse minha
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas/Com pedrinhas de brilhante
Só pra ver/Só pra ver meu bem passar…”
(cantiga de roda/manifestação popular)
LÚCIO KONZEN
Engenheiro Civil