A imprensa está fora da Conferência das Partes mais uma vez. Jornalistas do mundo todo vieram até a índia para acompanhar em primeira mão toda a movimentação e discussões do evento, mas estão agora reféns de briefings e informativos, com o olhar da COP é claro.Neste segundo dia de Conferência passei boa parte do dia esperando pelos longos corredores alguma fonte oficial ou da delegação brasileira para ter alguma informação oficial. Um episódio marcante foi a expulsão de um jornalista americano, Drew Johnson, ex-Washington Post, considerado um dos grandes formadores de opinião nos EUA. Ele questionou a decisão de barrar a imprensa e teve seu credencial cassado.A situação deixa a categoria triste e revoltada. A democracia perde vez para a censura em pleno século XXI.
“A imprensa de Santa Cruz, de Venâncio…”
Um momento chamou atenção dos três jornalistas da região do Vale do Rio Pardo que estão realizando a cobertura da COP 7, na índia. Eu e os colegas Guilherme Siebneichler e Romar Behling tentamos fazer uma mini coletiva, também com a presença da jornalista da Zero Hora Joana Colussi, com a chefe do Secretariado da Convenção-Quadro, a brasileira Vera Costa e Silva.
Como ela é a principal liderança do evento e também fala em português, pedimos a gentileza de conversar alguns minutos conosco para que possamos gravar entrevistas para as emissoras de rádio que representamos.
Com pressa, ela saiu da coletiva dizendo que não teria tempo e quando falamos que somos do Brasil ela imediatamente disse: “Lá de Venâncio Aires, de Santa Cruz do Sul….”, em um tom questionador e até irônico, por saber que somos da maior região produtora de tabaco do Brasil.
Os jornalistas da região costumam ser vistos pelos antitabagistas como financiados pela indústria para defender o tabaco. A questão, entretanto, esta acima de qualquer interesse de empresas, mas como jornais e formadores de opinião, temos um compromisso com a comunidade, com seu desenvolvimento e suas pessoas.