A informação de que a plantação de tabaco podia estar ameaçada mobilizou todo o setor rumo à Moscou, para participar da COP 6. Ainda em julho iniciavam as primeiros movimentos a fim de identificar o teor do evento e, da mesma forma, a posição do governo brasileiro frente a defesa dos órgãos da PROGRAMAÇÃO patrocinada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O temor estava na possibilidade das deliberações limitarem a área plantada e ainda o corte de crédito rural para os produtores de tabaco. Era a hora de mobilizar-se, mostrar a força da cadeia produtiva. Era a hora do jornal do município líder na plantação de tabaco, e que tem como bandeira deste ano a diversificação, partir na sua segunda cobertura internacional. Assim, a Folha fez e acompanha de perto mais um capítulo histórico dessa trajetória iniciada em 2005, quando o Brasil assinou a Convenção Quadro para Controle do Tabaco.
A receptividade não foi das melhores, afinal trata-se da ‘comitiva do tabaco’. Por lá, quem é ‘do tabaco’ é um inimigo a ser combatido. Assim foi principalmente no início com a expulsão da comitiva do tabaco das reuniões oficiais. Somente em parte do primeiro dia o grupo pôde acompanhar como público ouvinte. A pressão da Austrália em retirá-los sob o argumento de terem ‘espiões da indústria’ preponderou. Da mesma forma, a imprensa foi barrada. Uma atitude nenhum pouco condizente com a proposta do evento que é justamente o diálogo. Pelo jeito, a conversa tem um lado somente.
Engraçado é saber que enquanto que pessoas morrem, na áfrica em virtude do Ebola, com risco de termos uma nova pandemia, as pesquisas organizadas pela OMS andam a passos lentos, para tentar estancar o avanço da doença. Mas em contraponto, para este evento, que busca trabalhar medidas que proporcionem uma diminuição no consumo de cigarro, os investimentos anuais são superiores aos U$$ 9 milhões. Recursos estes que são repassados por todos os países ao orçamento geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Consequentemente, nós, contribuintes é quem bancamos estes debates, que por vezes, no caso da nossa região, podem sim trazer prejuízos para a economia das cidades e desemprego em massa no campo.
De fato, ver de perto tudo isso valeu a pena. Valeram os encontros paralelos com a delegação brasileira. Valeu o esforço da comitiva que, com certeza, foi fundamental para que o temor lá do início ainda em julho com os artigos 17 e 18 se dissolvesse. Os desdobramentos trazem alívio e esperança para quem depende desta cultura.