Foi como a matéria-prima do chimarrão que a erva-mate se tornou conhecida, porém, a cada ano, a planta desperta olhares de todo o mundo em busca de novos mercados, principalmente, devido as propriedades medicinais. Como fonte de renda para milhares de famílias e negócio para centenas de empresários do Sul do Brasil, o setor é desafiado a apostar na erva-mate como componente de outros produtos. Porém, agregar valor ainda é um caminho difícil. A Folha do Mate, com a reportagem desta edição, tira a prova real e mostra exemplos que não vingaram e o porquê. Mas também evidencia quem encontra nestas folhas verdes, uma ‘fórmula’ para inovar a linha de produtos. Casos para serem analisados e discutidos.Sobre as dificuldades que emperram esse desafio, os representantes das empresas gaúchas justificam que o setor ervateiro envolve pequenas e médias indústrias e, com isso, não têm condições de avançar na criação de mais produtos e negócios com outros países. Mas antes disso, há um desafio ainda maior que está fazendo esse ‘chimarrão entupir’. A cadeia produtiva ainda perde em tecnologia e pesquisa. Em uma publicação oficial, o Sindimate – entidade que representa as indústrias – enfatiza que a solução de muitos problemas econômicos, sociais, e ambientais está nesta cultura, mas “ainda não aprendemos a garimpar este ouro, que é verde.”
Estamos falando de uma herança indígena, milenar, mas que ainda carece de estudos.
Por outro lado, há exemplos de empresas que apostaram e colhem sucesso, como a gigante de bebidas, Coca-Cola, que adquiriu a marca Matte Leão; a Dado Bier e Bohemia que lançaram cervejas com erva-mate. E não é preciso tomar um ‘mate tão comprido’ para encontrar exemplos promissores na região. A Di Hellen, empresa de Encantado e a Valério de Arvorezinha, desenvolveram diversos produtos na linha de cosméticos.
Agregar valor é ver a cadeia produtiva toda ganhando. Do produtor ao empresário. E também o consumidor, que é despertado ao conhecer as propriedades medicinais da planta e é quem aprova. Além do custo-benefício, a própria aceitação do público barra alguns projetos. Por isso, um espaço ideal para debate e aposta é a Festa Nacional do Chimarrão. Um momento para apresentar produtos à base de erva-mate, testar o público ou simplesmente trocar experiências entre empresas, não apenas do ramo ervateiro, mas de cosméticos, bebidas, medicamentos e gastronomia. Sem contar que enriqueceria a PROGRAMAÇÃO da festa e atenderia a expectativa do visitante, que além de provar o chimarrão, quer saber mais sobre a erva. Em Venâncio Aires a produção de erva-mate foi, até meados da década de 80, a principal cultura e fonte de renda de produtores rurais, o que levou o município a ganhar destaque no cenário estadual como o maior produtor. Hoje, o topo no ranking não é mais realidade. Nem no RS, nem no município, onde a erva-mate ocupa a terceira posição, atrás do tabaco e do milho. Mas se a representação econômica não é mais a mesma de décadas passadas, o valor social e cultural ainda enobrece a terra, que tem sua identidade hospitaleira construída ao longo de anos junto à comunidade venâncio-airense, graças ao chimarrão. Por esse laço que o Município tem motivos para continuar apostando na erva-mate e incentivando os empresários, mostrando caminhos e evitando que essa cultura seja abandonada e desvalorizada. E tem feito isso, com projetos para incentivar e custear o plantio. Mas não pode parar por aí.As palavras de ordem estão no hino de Venâncio Aires: “Salve a capital do ouro verde, tua glória é sempre progredir.” O avanço está na pesquisa e no empreendedorismo. Aliás, dão um bom debate para uma roda de chimarrão do setor. é preciso apostar para agregar!