O ataque terrorista ocorrido ontem, contra a sede da revista Charlie Hebdo, em Paris, chocou o mundo e causou revolta. A tragédia trouxe para debate, mais uma vez, a liberdade de expressão e os valores de um jornalismo democrático. A Folha do Mate, como veículo de comunicação plural e democrático, se solidariza com a população de Paris, em especial, as vítimas e familiares.
O ataque resultou na morte de 12 pessoas, sendo dez jornalistas e cartunistas e dois policiais. Além disso, 11 ficaram feridas, quatro em estado grave.
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Nós, repórteres, jornalistas, comunicadores, temos uma compromisso e temos que honrar pelo o que está disposto no Código de ética: “lutar pela liberdade de pensamento e de expressão;defender o livre exercício da profissão; valorizar, honrar e dignificar a profissão.” Por isso, nos somamos a este debate e esta luta, por respeito e pelo direito de informar. Para que nenhuma redação, de nenhum lugar do mundo saia ferida!
Compartilhamos, antecipadamente, a charge que será publicada no Mateando na edição impressa desta sexta-feira, produzida pelo chargista e desenhista Cassiano da Rosa.
Compartilhamos, abaixo, o artigo de opinião encaminhado por Gabriel Bocorny Guidotti, que é Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo, de Porto Alegre.
ATENTADO à LIBERDADE DE EXPRESSãO
O atentado à revista francesa Charlie Hebdo, na manhã da última quarta-feira, chocou o mundo. Maculou a liberdade de expressão, direito conquistado por meio de uma desgastante luta ao longo dos séculos. A violência empregada consagrou um ritual de barbárie, vertendo o sangue criativo de alguns dos maiores artistas que já existiram. Cada pessoa consciente perdeu um pedacinho de si. O jornalismo, em especial, está de luto.A comoção é global. Pessoas morreram por fazer aquilo que mais gostavam. Cartunistas e chargistas de mão cheia. Agora eles entram para a imortalidade. Símbolos contra a ignorância religiosa, seus trabalhos viram relíquias históricas. Um memorial mundano que reabrirá o debate contra o terrorismo. Momentaneamente, não haverá mais brincadeiras, não haverá mais piadas. O instinto de humanidade que resta neste planeta, contudo, não deixará o ataque passar em vão.“Je suis Charlie” – eu sou Charlie – era a frase que estampava cartazes na Praça da República na França, em um encontro belíssimo de compatriotas afligidos. No site da revista, havia opções para imprimir a mesma frase em diferentes línguas. União para curar a ferida da civilização. Globalizou-se a angústia, a raiva, a indignação contra atos tão covardes. Há limite para a audácia do fanatismo? Enquanto a resposta não aparece, novas vítimas surgem todos os anos.Desconhecida da massa brasileira, a Charlie Hebdo passou a ser melhor amiga de todos os cidadãos deste país. As charges já publicadas, de artistas renomados internacionalmente, se transformam em objeto de estudo. O humor ácido, tão polêmico, se sente acuado. Mas permanece legítimo como forma de expressão. Com o tempo, o efeito do atentado será o inverso do pretendido. O que é novo ficará velho. O que é velho vira aprendizado. Aprendizado que apertará os laços que unem brasileiros e franceses. Não apenas eles: todos os povos livres, como um só.Não há como argumentar com um fanático. Sua fé incondicional anuvia não apenas as emoções, mas principalmente a capacidade de julgamento. O atentado foi um ato matematicamente planejado por homens que acreditam estar defendendo uma ideia ou vingando uma entidade. Desejam conquistar os despojos de um mundo ancestral-espiritual, quando não conseguem conviver neste nível material da vida. A providência divina não coroa assassinos. A única conquista deles foi a eterna reprovação da humanidade. Que os mortos descansem em paz.
