Nos últimos dois dias, inúmeros pedidos de socorro de atingidos pela enchente chegaram na Redação da Folha do Mate e nos estúdios da Terra FM. Em muitos casos, moradores se refugiaram no teto das casas para se salvar. São relatos angustiantes de quem passaria ou passou a noite em cima dos telhados ou nos forros, à espera de um resgate.
Mas, enquanto alguns moradores ainda conseguiam contato por telefone para pedir ajuda, outros ficaram totalmente sem comunicação. É o caso de uma família de Picada Nova, que foi resgatada na manhã de quinta-feira, 2, com a ajuda dos irmãos Janisch, moradores do bairro Xangrilá.
Roberto e Eduardo, com auxílio de um morador da localidade, ‘doaram’ a experiência com embarcações e pescarias para salvar pessoas atingidas pela enchente do rio Taquari no interior de Venâncio Aires.
Roberto, mais conhecido como DJ Beto, contou à coluna Mateando, que eles passavam próximo da residência desta família (foto) quando ele ouviu um barulho estranho, mas imediatamente não soube precisar do que se tratava. “Desligamos o motor do barco para conseguir ouvir melhor, até que nos damos conta de que tinha pessoas precisando de resgate, dentro da casa”, conta.
Segundo Beto, seis pessoas foram resgatadas desta residência, entre elas, uma senhora de 84 anos. Para isso, foi necessário duas viagens. “Me marcou muito esse resgate. Eles não tinham como pedir socorro, estavam sem bateria e não conseguiam sair do telhado. Tivemos que sair do barco e auxiliar a levantar as telhas de zinco. Tenho certeza que foi Deus que interviu nesta hora. Se continuasse a subir, eles morreriam”, disse Beto.
Em nome dos irmãos Janisch, nosso aplauso aos inúmeros voluntários, que foram e seguem sendo, fundamentais nestes resgates. Somente com o trabalho oficial não seria possível salvar tantas vidas.
Imagem de Nossa Senhora fica intacta após a enchente
Em meio a um cenário de destruição, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida ficou intacta em uma residência de Venâncio Aires. A moradora do bairro Morsch, Luana Jacobsen, uma das atingidas pela cheia do arroio Castelhano, registrou essa fotografia na casa de vizinhos, na manhã de quinta-feira, 2. “Fomos até próximo da nossa residência, pois não estávamos conseguindo chegar em casa. Quando estacionamos o carro, olhei para o lado e ela estava lá, de pé”, contou, emocionada.
Diante desse momento de tanta tristeza e destruição, é de fé e esperança que precisamos nos abastecer para seguir em frente e recomeçar.
Cenário desolador
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Depois das imagens chocantes de grande parte da cidade de Venâncio Aires submersa, entre terça e quinta-feira, com a redução do nível da água, um novo cenário começou a se formar. Além do lixo que foi carregado pela água, móveis, eletrodomésticos e outros itens destruídos pela cheia começaram a ser retirados pelos moradores e colocados nas calçadas, para que sejam recolhidos pelo serviço de coleta de lixo. O forte cheiro de lodo também é bastante perceptível. Vai levar um tempo até a cidade voltar ao normal.
