Por Jaqueline Caríssimi
Na residência da família Menzel, em Linha Isabel, seu Paulo, 82 anos, fez questão de construir um espaço para o jornal que recebe todos os dias pela manhã. Um monumento de madeira, com uma bancada para o exemplar. Ele é assinante da Folha do Mate há 23 anos. Na edição de hoje, Menzel concede uma entrevista especial onde conta um pouco da história de sua vida, entre elas, a de ser o responsável pelo badalar do sino da igreja Santa Isabel, nos últimos 56 anos.
VíNCULOSQuando o repórter busca pelas suas entrevistas, principalmente com pessoas de mais idade, um dos primeiros questionamentos não é do repórter e sim, do entrevistado. é comum buscarem na gente, traços de famílias conhecidas. Buscam primeiro saber informações da família do repórter para então, abrir o espaço para perguntas e começar a falar de si. Não foi diferente na residência da família Menzel, em Linha Isabel. Como uma parte da geração da minha família é de Vila Deodoro, localidade próxima, seu Paulo Menzel buscou saber das minhas raízes e trouxe-me algumas de suas recordações: “- Então tu é bisneta do Rodolfo Becker? Ele tinha açougue. Eu me lembro muito bem. Um dia fui levar, junto com o meu tio, um terneiro lá para o Becker. Levamos o terneiro até lá pra vender. Quando íamos embora, o Rodolfo disse ‘- Vamos primeiro almoçar. Então ficamos, mas junto com o almoço ele nos deu uma taça de vinho tinto. Lembro muito bem do vinho, pois como eu era um guri, uns 14 anos por ali, foi a primeira vez que tomei, mas aquilo esquentou, esquentou. (risos) Foi a primeira vez que tomei vinho. Foi na casa do Rodolfo Becker’”, recorda seu Paulo, com olhar no horizonte, lembrando os tempos de guri e buscando encontrar, talvez de forma inconsciente, algum vínculo que me tornasse próxima, para sentir-se mais à vontade e seguro para contar a sua vida, suas lembranças e a sua história.