A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) completa dois anos de funcionamento hoje. Em 9 de setembro de 2023 a unidade internou o primeiro paciente, uma criança de Passo do Sobrado, que tinha 2 anos na época.
Até essa segunda-feira, 8, segundo apurado com o gerente administrativo do HSSM, Jonas Kunrath, foram realizadas 421 internações de pacientes que têm entre 30 dias de vida e 12 anos. Deste total, 412 atendimentos foram realizados pelo SUS. Além de Venâncio Aires, foram internadas crianças e adolescentes de outros 125 municípios gaúchos.
É de Venâncio o maior número: 38 em dois anos. O município de Esteio aparece em segundo, com 31 transferências para atendimentos na UTI Pediátrica de Venâncio. Santa Cruz vem na sequência, com 18 atendimentos. A unidade é regulada pelo Estado junto ao Gerint, um sistema de gerenciamento de internações em leitos hospitalares, o que significa que crianças de qualquer cidade gaúcha podem ser internadas na unidade local.
O presidente do HSSM, Marcelo Farinon, destaca que a criação da UTI Pediátrica foi um marco histórico para a instituição e para milhares de famílias. “Quando inauguramos a unidade, sabíamos que estávamos dando um passo decisivo. A UTI nasceu da urgência, da dor de crianças em momentos críticos, e tem como propósito cuidar da vida, especialmente das vidas que estão recém começando. Nestes dois anos, recebemos pacientes de mais de uma centena de municípios do estado e conseguimos oferecer tecnologia, equipe qualificada e, acima de tudo, um cuidado humanizado”, afirma.

“A nossa UTI pediática é referência não só pela estrutura, mas pela maneira como acolhe. Tratar uma criança envolve tratar uma família inteira, aliviar o medo, oferecer esperança. Isso tudo é mérito de uma equipe que atua com excelência técnica principalmente, mas também com muita sensibilidade.”
MARCELO FARINON – Presidente do Hospital São Sebastião Mártir

A conta não fecha

É antiga a demanda dos municípios e hospitais brasileiros pela atualização da tabela SUS. “A conta não fecha”, disse o presidente do Hospital São Sebastião Mártir, Marcelo Farinon, ao falar à coluna Mateando sobre os dois anos de funcionamento da UTI Pediátrica. Segundo ele, “os desafios não terminam” e manter esta estrutura custa, em média, R$ 600 mil por mês. “Aqui cabe a gratidão à gestão municipal que abraçou a maior parte desde o início. É um modelo que precisa ser revisto porque a conta do SUS não fecha nunca, a gente sabe disso, coloca em risco a sustentabilidade deste tipo de atendimento e de todos os outros e não é só aqui, mas em todo o nosso país”, desabafou. “A gente segue lutando contra esses desafios, principalmente financeiros, e inovando, com cuidado, porque não existe missão mais nobre do que proteger o futuro. Ter uma UTI Pediátrica funcionando é proteger o futuro das nossas crianças”, completou.
Sem alterações em âmbito nacional, o Estado vem trabalhando para implementar a tabela SUS Gaúcha. A expectativa é de que, em breve o anúncio, prometido para depois da Expointer, seja feito e atenda a uma demanda histórica. Segundo o médico e deputado estadual Airton Artus (PDT), que integra a Comissão de Equidade nos Serviços Hospitalares, a iniciativa representará um avanço importante, pois “os hospitais enfrentam há anos o desafio de receber valores defasados, o que impacta diretamente no atendimento da população.”