Minha neta de 4 anos, Anita, gosta de pagar as compras “por aproximação”. Ela pede o cartão de crédito do pai e o aproxima da máquina do caixa da loja e, orgulhosa, ouve o sinal do pagamento efetuado.

E agora você, que também aprecia essa maravilha tecnológica que nem de senha precisa mais, imagine-se perdendo o seu precioso cartão, seja por furto, roubo ou apenas distração. Nas rápidas mãos e pernas de um pivete qualquer, quantas pequenas compras ele poderá fazer numa rua de comércio, ou num shopping, apenas encostando nas maquininhas o seu precioso cartãozinho. Se for esperto (e todos eles são) cuidará para não atingir o limite do valor que necessita de senha; e, de R$ 100 em R$ 100 poderá fazer dezenas de compras até você notar a perda e fazer os procedimentos necessários para bloquear o cartão.

Quer mais segurança? Então não use cartão, saia de casa apenas com o celular. Instale nele todos os aplicativos de bancos nos quais você tem conta. Por ali, pode transferir dinheiro, receber ou pagar pelo Pix, aplicar em investimentos, enfim, você fica feliz porque faz uma infinidade de procedimentos financeiros sem precisar ir ao banco. Aliás, nem o ladrão precisará ir lá. Porque, se obtiver o seu celular por furto ou assalto, ele dará um jeito, por bem ou por mal, de conseguir todos os seus dados e senhas. E poderá limpar o seu saldo transferindo o dinheiro para contas fantasmas difíceis de rastrear. Tudo isso no tempo em que você leva para bloquear o seu celular ou convencer o banco de que não foi você que realizou todas aquelas transações.

O Brasil é um dos campeões mundiais em roubo de celular. No começo, roubavam simplesmente pelo valor da venda do aparelho. Depois, era para obter os dados do dono, conforme descrevi acima. E, atualmente, já se percebe uma pequena queda no roubo de celulares no país, não por um leve surto de honestidade populacional nem por repressão policial, mas porque está bem mais lucrativo aplicar ‘golpes’ pelo celular. Ou seja, os bandidos precisam que você tenha o celular em mãos para lhe aplicar os golpes das centrais de bancos, do advogado, do INSS, da prova de vida, do filho pedindo dinheiro, da filha sequestrada e assim por diante. Isso se tornou bem mais lucrativo e bem mais tranquilo do que andar por aí se arriscando na muvuca das ruas. Com a tal inteligência artificial, os golpes estão atingindo a perfeição.

Diante do exposto até aqui, eu agora faço uma pergunta: qual é o meio monetário mais seguro para pagar pequenas e médias despesas de todo dia? É o dinheiro vivo! Antigamente considerado inseguro para carregar no bolso, o velho e bom dinheiro ‘em espécie’ é, nesta época de desonestidade crescente em todos os níveis da sociedade brasileira, o único meio de você mesmo determinar o valor do possível prejuízo. Ou seja, se carregar no bolso R$ 500, esse é o limite da sua perda em caso de furto ou roubo.

Pague em dinheiro, não faça cadastros desnecessários, não exponha seus dados pessoais. Sempre haverá vazamentos, ou você acha que é Deus que informa os detalhes da sua vida aos meliantes? Acredite: assim como os morangos do amor, o dinheiro vivo está na moda.