A crise Estados Unidos versus Brasil poderia ser chamada de A Guerra das Tarifas. Embora menos mortal do que um míssil, daqueles que Trump mandou para o Irã, ninguém quer uma tarifa explodindo no seu bolso. Sabe-se perfeitamente que a parte mais sensível do corpo humano é o bolso, não porque esteja perto de certos órgãos muito delicados, mas pelas consequências econômico-financeiras que virão.
Encarecer em 50% os produtos brasileiros vendidos aos Estados Unidos, até agora, é só uma ameaça que gerou uma grande discussão. Enquanto isso, outras discussões práticas, que poderiam resultar em melhorias para os problemas nacionais, restam esquecidas. Por exemplo, quem vai devolver os 6,3 bilhões de reais que sindicatos e associações surrupiaram dos aposentados brasileiros? Quem, afinal, ficou com esses dinheiral? Os sindicatos envolvidos sempre foram fiéis apoiadores de governos de esquerda; assim, nada melhor do que mudar de assunto antes de falar em processos e prisões de companheiros por enriquecimento ilícito.
Desta forma, fica decidido que o INSS bancará o prejuízo e devolverá aos aposentados o dinheiro desviado. Ou seja, o INSS pagará duas vezes a mesma conta. É quase como os aposentados pagarem o próprio prejuízo.
Não sei se você notou também que a palavra mais pronunciada nos últimos dois anos e meio é ‘democracia’. Embora o atual governo goste muito de elogiar algumas ditaduras mundo afora, de reunir-se com ditadores, de alinhar pronunciamentos contra o capitalismo dos EUA, aqui dentro só se fala em preservar a democracia a qualquer custo. Coisa, aliás, que vem ao encontro do que pensa a maioria dos brasileiros.
Sim, os brasileiros são democratas por natureza, e só deixam de sê-lo quando veem pela frente alguma ameaça comunista ou socialista extrema. Os brasileiros começam a desconfiar da democracia quando é criado o crime de palavras, onde você pode ser condenado por dizer aquilo que os poderes dominantes não gostam. Ou, pior, quando começam a cogitar a existência do crime de pensamento, ou seja, se você pensou numa coisa considerada ruim pelo Sistema, você já é criminoso. E pode ser condenado sumariamente. Não, essa ‘democracia’ não é do gosto dos brasileiros.
A criação desses falsos dilemas e dessas narrativas estéreis tem sido a tônica dos últimos anos. Nesse sentido, o quebra-quebra de 8 de janeiro tem mantido ocupada boa parte do governo e da mais alta magistratura da Nação. Não tivesse acontecido aquele vandalismo todo, com que se ocupariam todos eles e parte da grande imprensa?
Nesse ponto, é preciso reconhecer o óbvio; tanto na desastrada invasão de Brasília como nesse canetaço promovido por Trump, há muitos tiros no pé. Ou seja, quem planejou e urdiu tudo isso, pensou mal! O atual presidente, que vinha descendo a ladeira da popularidade, até já recuperou três preciosos pontos nas pesquisas. E já apareceram focos de ‘fogo amigo’ dentro da oposição centro-direitista.
A última eleição já foi perdida por tiros no pé. Munição e maus atiradores não faltam para perder mais uma.