A revolta dos ‘manés’

Depois de alguns dias de férias e descanso, volto à coluna e muita coisa aconteceu. Teve a posse de Lula para seu terceiro mandato de presidente, que deu o que falar. E na primeira semana de governo, onde Lula começa a revogar o que foi feito no governo Bolsonaro e implantar os seus projetos, o movimento Verde Amarelo invadiu Brasília, no domingo, 8, e protagonizou cenas lamentáveis de depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF, atacando os três poderes, o que é crime. Quem foi preso e tiver comprovação de danos que seja punido por isso. Denúncias de que agentes de esquerda foram infiltrados para puxar a depredação, e que a Abin avisou Lula no sábado sobre os atos que aconteceriam no domingo, são negadas. Nunca vamos saber se foi ou não.
Na cobertura da grande mídia, em sintonia com a STF e o governo Lula, a ordem foi de quanto mais cruel, melhor. Alexandre de Moraes, o presidente do STF, que ‘governa’ o país, e que deixa clara sua perseguição à direita enquanto releva a esquerda, mandou prender manifestantes ‘à rodo’ e foi criticado por isso pelo ex-Ministro do STF, Marco Aurélio de Melo. O Conselho Nacional de Justiça diz que foram 1,5 mil pessoas presas. A Polícia Federal diz que foram 700. Informações desencontradas para confundir? Na primeira semana de Lula como presidente foi criado um verdadeiro ‘campo de concentração’ em Brasília, com centenas de opositores presos. Lembra Vladimir Putin, da Rússia, que manda prender todos que protestam contra o seu governo ou de Xi Jinping, na China, onde quem protesta também é preso. E muitos desaparecem. Me veio à mente também manifestação de Luiz Barroso, Ministro do STF, nos Estados Unidos, quando xingado por manifestantes na rua, apressou o passo para entrar no hotel e da porta respondeu: “Perdeu mané”. Barroso quis dizer que os que protestavam perderam a eleição, mas a expressão é usada por bandidos quando atacam uma vítima e sentenciam: “Perdeu mané’, e pratica o assalto. O mesmo Barroso, que em vídeo anterior, entre ‘os seus’, disse em tom de ironia que ‘eleição não se ganha, eleição se toma’, repetindo o que já dissera José Dirceu. E ficou por isso mesmo.
Foi uma disputa pelos piores adjetivos para incriminar todo mundo que não é de esquerda. Terroristas, como disse Alexandre de Moraes, golpistas como sentenciou a grande mídia, de forma raivosa, a mesma mídia que antes chamava manifestantes de vermelho apenas de manifestantes, quando não de movimentos sociais, ou vítimas da sociedade. É muito nítido o jornalismo ideológico que tomou conta das redações da grande mídia. Quem foi ouvir o outro lado? Quem debateu com profissionalismo porque acontece este movimento de insatisfação Verde Amarelo, que está nas ruas nos últimos anos?
Esse movimento é fruto da pregação do ‘nos contra eles’ de Lula, criando o confronto de classes sociais, de raças, de credos, etc. A Justiça de carreira, na Lava Jato, expôs a podridão dos governos petistas, onde foi institucionalizada a corrupção e desviados bilhões de dinheiro público através de falcatruas. Lula e outros políticos foram condenados e presos. Veio o STF de ‘compadres’ nomeados em maioria por Lula e Dilma, e anula tudo e solta todo mundo. E os mesmos estão no poder novamente, eleitos é verdade. Isso revolta os brasileiros que são contra a corrupção e é contra isso que protesta este movimento Verde Amarelo, que teve manifestações em Venâncio nos últimos anos. É um movimento que apoiou o presidente Bolsonaro, mas mais do que isso, brada contra políticos ladrões, de todos os partidos.
Alexandre de Moraes promete prender muito mais gente que protestar contra os poderes, contra o governo, o judiciário, o Congresso. Ele pode prender milhares, mas nem Moraes, nem Lula, nem a grande mídia, vão conseguir ‘aprisionar’ a ideia central desta mobilização que é o combate à corrupção. É a revolta dos manés.

Milhares de pessoas participaram do ato de protesto em Brasília. (Foto: Divulgação)

Asfalto da ERS-244 vai ter ‘procissão’

Em reportagem da Folha, em setembro de 2022, Norberto Froemming, de 83 anos, natural da antiga Vila Melos, distrito de General Câmara, hoje município de Vale Verde, e que trabalhou a vida toda na antiga aqui na Fumossul e depois Universal Leaf Tabacos, em Venâncio, disse que quando o asfalto da ERS-244, trecho de 16 km que liga Venâncio e Vale Verde estiver pronto, ele fará o trajeto a pé. Nas redes sociais logo surgiram muitas pessoas que disseram que vão acompanhar ‘seu’ Norberto nesta caminhada.
Nesta semana, na inauguração da UTI Pediátrica do hospital, o ex-prefeito Giovane Wickert, que fez desta estrada uma ‘bandeira de campanha’ para deputado estadual (ficou como segundo suplente do PSB), encontrou Norberto e o seu sobrinho, Ricardo Froemming, conhecido como Feijão, vice-prefeito de Vale Verde. “Apertamos as mãos e assumimos o compromisso de caminhar juntos toda extensão da ERS-244 quando estiver toda asfaltada, ligando Venâncio Aires a Vale Verde. As obras estão a todo vapor, com mais de 20 equipamentos entre máquinas e caminhões. Agora já conseguimos passar por cima da ponte! A diferença entre o possível e o impossível está na persistência e na vontade de fazer”, escreveu Wickert em rede social ao divulgar o encontro.
Giovane me convidou para acompanhar a caminhada, que pelo jeito vai virar uma ‘procissão”, seguindo ‘seu’ Norberto Froemming.

Giovane com Norberto e Ricardo na inauguração da UTI Pediátrica na quarta-feira. (Foto: Divyulgação)

Artus deputado

Ontem pela manhã esteve aqui na Folha e Terra o ex-prefeito de Venâncio Airton Artus (P|DT), primeiro suplente que vai assumir cadeira na Assembleia Legislativa desde o início do mandato, ocupando a cadeira do deputado eleito, Gilmar Sossela, ex-prefeito de Tapejara, que vai ocupar a secretaria do Trabalho no governo do estado.
Os 55 deputados eleitos tomam posse no dia 31 de janeiro. Airton Artus, e outros quatro suplentes, assumem no dia 1º de fevereiro, iniciando a nova legislatura. Artus é dos mais moderados no PDT gaúcho e tem trabalhado internamente para que o partido tenha consciência de que fará parte do governo Eduardo Leite (PSDB) e Gabriel Souza (MDB) e terá que participar da construção de soluções para problemas existentes.
Artus repete Luiz Fernando Staub (Arena), que em 1978 fez 15.495 votos e ficou na suplência, assumindo uma diretoria da Corsan no governo Jair Soares, e Gleno Scherer (PMDB) que em 1982 fez 20.451 votos e ficou na suplência, mas assumiu cadeira na Assembleia quando o governador Pedro Simon chamou deputados para o governo.
Staub se elegeu deputado em 1982 com 29.087 votos, o 13º mais votado, e se reelegeu em 1986 com 19.608 votos. Depois não concorreu mais. Gleno se elegeu em 1986 com 27.318 votos, em 1990 com 17.724 votos e em 1994 com 22.748 votos. No final do quarto mandato foi para o Tribunal de Contas do Estado em 1998. Selvino Heck, nascido na Santa Emília, interior de Venâncio, se elegeu em 1986, mas pelo PT de Porto Alegre.

Da política

A inauguração da UTI Pediátrica do hospital São Sebastião Mártir, na quarta, 10, com a presença do governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), foi comemorada pela comunidade, mas também deu treta.
Estavam lá o prefeito Jarbas da Rosa (PDT), a vice Izaura Landim (MDB), os deputados estaduais Edvilson Brum (MDB) de Rio Pardo e Airton Artus (PDT) de Venâncio, o federal Heitor Schuch (PSB), o presidente do hospital Juliano Angnes e outras lideranças. Depois dos atos, Cristiane Wickert, esposa do ex-prefeito Giovane Wickert, presidente da Comissão Pró Construção UTI Neonatal foi às redes sociais e fez pesadas críticas pelo fato dela e Giovane não terem sido convidados para os atos, onde pretendia entregar um cheque de R$ 100 mil ao hospital. Cris considera que a sua campanha da UTI Neonatal foi o ponto de partida para o que se transformou na UTI Pediátrica. E tem suas razões. Giovane a apoiou. “Assim agem os dinossauros e os coronéis da política de Venâncio Aires. O presidente do Hospital que tinha que estar na linha de frente ficou pra trás, quase nem aparece. Lembro ainda que muitas entidades e empresas que ajudam o Hospital sequer foram convidados, pois já haviam muitos para cotovelar-se para aparecer na foto”, comentou Wickert.
Essa cobrança me faz lembrar do ex-prefeito Airton Artus (PDT) que se queixava que Giovane como prefeito inaugurava obras que tinham sido projetadas por Artus e não o convidava para participar. E isso aconteceu em todos os governos dos 10 que acompanho em Venâncio, quando sai um governo e entra a oposição. Infelizmente a política é assim. A banca paga e recebe.

Falta de chuva

Mais um verão que enfrentamos a falta de chuvas, que abastecem os mananciais que atendem as cidades para fornecer água nas torneiras e para desenvolvimento de lavouras. Levantamento feito pela Emater aponta que os prejuízos, incluindo o temporal, já somam R$ 33 milhões em Venâncio. É dinheiro que vai deixar de circular no município. O prefeito Jarbas da Rosa já decretou racionamento de água e está preocupado com o abastecimento. Vamos deixar gramado secar, se preciso, carro com poeira, para economizar, para que todos tenhamos água na torneira para banho, cozinha e lavar roupas.

Do leitor

Ivo Gerlach fez um comentário na página digital da coluna, onde falei dos 50 anos da Folha em dezembro. “Congratulações ao grande jornal Folha do Mate pelos 50 anos de excelente trabalho. Eu me lembro de toda a velha guarda que criou este excelente jornal. Todos líderes de VA”.
Quando perguntei a ele onde residia e o que faz, ele me explicou uma coincidência. “Quando a Folha do Mate estava sendo criada eu estava empacotando a minha mala. Eu sai de Venâncio em novembro de 1972”. Ivo é aposentado e mora em Richmond, nos Estados Unidos.

Os cartões

Um dos primeiros objetivos da esquerda com Lula no Planalto era abrir o sigilo do cartão corporativo de Bolsonaro e tripudiar sobre os gastos. Mas veio a decepção. O cartão de Bolsonaro tem registrados gastos de R$ 32,6 milhões nos quatro anos. Uma fortuna, gastos absurdos, penso eu, você e muitos brasileiros. Mas Lula no primeiro governo gastou R$ 59 milhões no cartão corporativo. No segundo mais R$ 47,9 milhões, Em oito anos Lula gastou R$ 106 milhões em despesas pessoais. Dilma no primeiro governo gastou R$ 42,3 milhões e no segundo, até ser ‘impichada’ mais R$ 10,2 milhões, somando R$ 52,5 milhões. Temer em dois anos gastou R$ 15,3 milhões. Todos os números divulgados são de valores corrigidos pelo IPCA.

Do Twitter

  • Correio do Povo: Pacote econômico anunciado por Haddad é uma «decepção», afirmam especialistas
  • O Globo: Presos por atos terroristas são levados para ala reservada da Papuda, prisão que já abrigou políticos e líder de facção
  • Extra: Moraes promete punição a quem incentivou ‹por ação ou omissão› os ataques de domingo
  • Folha S. Paulo: PF encontra na casa de ex-ministro minuta para Bolsonaro mudar resultado da eleição
  • CNN: Senadores debatem se minuta encontrada na casa de Torres configura intenção de golpe
  • Agência Brasil: Ministro da Secom diz que ações terroristas em Brasília não vão paralisar governo. Paulo Pimenta acrescentou que Lula determinou prisão de envolvidos
  • Hamilton Mourão: A detenção indiscriminada de mais de 1.200 pessoas, que hoje estão confinadas em condições precárias nas instalações da Polícia Federal em Brasília, mostra que o novo Governo, coerente com suas raízes marxistas-leninistas, age de forma amadora, desumana e ilegal.
  • Cristian Deves: Anotem ai: em poucos meses os canhotas que neste momento aplaudem o Alexandre de Moraes o chamarão de golpista entre outras coisas … o chuchu vem ai.


Sérgio Luiz Klafke

Sérgio Luiz Klafke

Diretor de Conteúdo e colunista da Folha do Mate

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