Alegando que vai ter muitos compromissos profissionais com viagens até o final do ano – o que com certeza é verdade -, o vereador Adelânio Ruppenthal (PMDB) surpreendeu seus colegas na segunda-feira, ao ler ofício renunciando ao cargo de secretário da mesa diretora e de presidente da Comissão de Agricultura, Meio Ambiente, Obras e Serviços Públicos da Câmara de Vereadores.
A atitude de Adelânio tem razões políticas e que seus colegas, principalmente de partido, sabem muito bem. O vereador ficou descontente com os fatos acontecidos na segunda. Primeiro entendia que como presidente da Comissão de Agricultura, deveria presidir a audiência pública que tratava sobre as restrições de financiamento pelo Pronaf aos produtores de tabaco. O presidente da casa, Paulo Mathias Ferreira, tomou para si o ato de presidir a audiência, alegando que agendou o evento com os presidentes de sindicatos. Depois, na formação da comissão de um vereador de cada bancada para ir à Brasília na quarta-feira, para a reunião com ministros, Adelânio novamente sentia-se no direito de representar o PMDB como presidente da Comissão que trata do assunto no legislativo. O partido escolheu o vereador Nilson Lehmen, que é candidato a prefeito para integrar a comitiva. Duas situações que na verdade agravaram o descontentamento já existente por parte de Adelânio e que motivaram a carta renúncia a noite naquele dia.
As mágoas de Adelânio são bem mais antigas. Já no final de 2011 ele anunciava que não seria candidato à reeleição pela dificuldade de conciliar suas atividades profissionais de muitas viagens com o legislativo, mas teve outras decepções no partido que pesaram. Em 2006, quando foi candidato a deputado estadual pelo PMDB local, uma parte do partido apoiou outros candidatos a deputado estadual do mesmo partido, numa situação constrangedora dentro da sigla.
No atual mandato de vereador reeleito, quando Adelânio foi eleito presidente da Câmara no primeiro ano, em 2009, até como uma forma do partido tentar lhe prestigiar, ele acabou ficando com o ônus de uma decisão que não foi sua. Como PMDB e PP perderam a prefeitura, mas elegeram maioria na Câmara, com seis dos 10 vereadores em 2008 – quatro do PMDB e dois do PP-, foi decidido criar 14 novos cargos na Câmara de Vereadores, que tinha até então 17 servidores. A manchete de que Adelânio como presidente da Câmara aumentou em 70% o número de empregos na Câmara, gerou um descontentamento do vereador com o jornal e com este colunista. Apenas noticiamos os fatos. Adelânio, que foi escolhido para a presidência como forma do partido também se redimir com ele, acabou ficando com esta marca por uma decisão que não foi só dele, mas também dos dirigentes partidários.