Na campanha eleitoral Venâncio tinha três candidatos a estadual acreditando em eleição. Os ex-prefeitos Airton Artus (PDT) e Giovane Wickert (PSB) e o ex-vice-prefeito Celso Krämer (Podemos).
Airton tinha campanha forte em Venâncio, no Vale do Rio Pardo e Porto Alegre, com a certeza de que desta vez se elegeria. Mas ele praticamente repetiu a votação de 2018 e ficou na primeira suplência, de novo. Naquela fez 24.408 votos e ficou fora por 199 votos. Agora fez 24.319 e ficou fora por 627 votos. É primeiro suplente da bancada de quatro deputados.
Airton se frustrou muito, e admitiu que pode ter sido sua última eleição. Ele queria muito estar na Assembleia. Na avaliação, depois de finalizada a apuração, no calor do momento, fez uma ‘caça às bruxas. Culpou a Folha do Mate por não ter abraçado só a sua candidatura em Venâncio, a juíza eleitoral por não ter liberado a votação sem biometria etc, etc. Lamentável. Entendo a frustração de Artus que extrapolou, jogou a culpa nos outros. Mas tenho certeza que já se arrependeu disso. Ele não perdeu a eleição em Venâncio, perdeu fora. Aqui fez 3 mil votos a mais do que em 2018, mas fora daqui fez 3 mil votos a menos, que lhe tiraram a sonhada cadeira na Assembleia.
Giovane tinha uma boa campanha em Venâncio e em várias regiões do estado. Sempre citei que dependeria muito da votação que ele faria em outros municípios. E ele foi muito mal. Fez só 13.470 votos, pouco mais da metade que fizera em 2014, quando somou 22.260. Aqui foram 7.933 votos, bem menos do que os 13.913 que fez em 2014. Não vieram os votos de fora. Mas Giovane aceitou o resultado, ficou como segundo suplente da bancada de um deputado.
Celso Krämer afirmava ter uma campanha muito forte em 300 municípios. Escrevi que ele também dependeria desta votação para ir bem. E ele foi muito mal. Os votos não vieram. E a cada eleição faz menos votos em Venâncio. Ele gastou mais que Airton e Giovane juntos na campanha. e ficou na sexta suplência da bancada de dois deputados. Krämer fez, na geral, 13 mil votos em 2010, 11 mil em 2014, 15 mil em 2018 e agora caiu para metade com 7,5 mil votos. Em Venâncio fez 9 mil votos em 2010 e 2014, caiu para 5 mil votos em 2018 e agora para 1.820, votação de vereador bem votado. .
Os três vivem expectativas da eleição de governador no segundo turno. O Podemos já estava na coligação de Eduardo Leite (PSDB). O PSB confirmou apoio ontem e o PDT abriu diálogo, o que abre possibilidades para algum cargo no governo, caso Leite se reeleja.
Heitor Schuch e Marcelo Moraes, os federais mais votados em Venâncio
Venâncio Aires tinha uma candidata a deputada federal, a vereadora suplente Silvia Schirrmann (Podemos) que fez campanha local, na verdade para fazer lastro para 2024, onde pretende concorrer a vice-prefeita. Silvia fez 2.151 votos em Venâncio, mais do que Celso Krämer para estadual, com quem fez dobradinha. Ela fez outros 281 votos na região, somando 2.432 votos
Heitor Schuch (PSB) se reelegeu e foi novamente o mais votado em Venâncio, com 9.067 votos. Na geral somou 77.616, 30% menos do que os 109 mil votos que fez em 2018.
Marcelo Moraes fez 3.700 votos pelo PTB em 2018 aqui e agora fez 6,5 mil pelo PL. Na geral saltou de 69.904 em 2018 pelo PTB para 84.247 pelo PL. Cresceu 20% a votação.
No quadro abaixo listo os 12 federais mais votados em Venâncio, já para recorte de seus representantes seguirem buscando destinação de emendas parlamentares para investimentos no município. Schuch destinou R$ 9 milhões no atual mandado e Moraes R$ 8 milhões, além de vários outros com valores menores, mas não menos importantes.
Pesquisas erraram, de novo
A cada eleição um dos grandes debates é sobre as pesquisas mostrando intenção de votos. Datafolha do Grupo Folha S. Paulo e Ipec, o ex-Ibope, fizeram pesquisas para o Consórcio da Grande Mídia. Como os Grupos Folha S. P. e Globo, com suas afiliadas, declararam guerra à Bolsonaro, e as pesquisas davam larga margem de vantagem para Lula, sinalizando que ele venceria em primeiro turno, sempre geraram muita polêmica e desconfiança.
Eu mesmo escrevi várias vezes aqui na coluna sobre isso. Chegaram a dar 22 pontos de vantagem para Lula. Um dia antes da eleição Datafolha e Ipec cravaram que Lula venceria em primeiro turno com 14 pontos percentuais de vantagem.
Um outro instituto, independente, o Paraná Pesquisas, sempre deu vantagem para Lula, mas com margem menor, de 4 ou 5 pontos. No dia antes da eleição a Paraná deu Lula com 7 pontos de vantagem.
Nas urnas Lula fez 48,4% dos votos válidos e Bolsonaro 43,2%, uma diferença de 5,2 pontos. Bolsonaro fez muito mais votos do que Datafolha e Ipec apontavam e Lula fez menos do que projetaram.
No RS, para governador, o Ipec, para a RBS, fez mais uma barbeiragem. Na véspera da eleição deu Eduardo Leite (PSDB) com 36%, Onyx Lorenzoni (PL) com 27% e Edegar Pretto (PT) com 18%. Vantagem de 9 pontos para Leite. Nas urnas deu Onix com 37,5%, Leite com 26,8% e Pretto com 26,7%. A diferença foi de 10,7 pontos, mas para Onyx. Pretto, que tinha 18% na pesquisa, fez 26% e ficou fora do segundo turno por 2.500 votos. Leite que era favorito, quase ficou fora do segundo turno.
Datafolha e Ipec passaram dois dias tentando se explicar. E vem aí o segundo turno para governador e presidente. Como acreditar nestas pesquisas? A grande mídia se explica dizendo que contrata os institutos e que não tem responsabilidade pelos resultados, que são apenas ‘clientes, etc. Se você compra um produto ruim uma vez e segue comprando ele, é você que está fazendo a escolha e é responsável por ela. Com pesquisas é igual. E falo isso de ‘cadeira’, pois fazemos pesquisa desde 2004 nas eleições municipais com o Instituto Methodus que em cinco eleições não errou nenhuma fora da margem de 2 pontos.
Lula x Bolsonaro
Definido o segundo turno da eleição presidencial começa a busca por apoios, dos dois lados. Lula já recebeu o apoio do PDT e de Ciro Gomes, de FHC e de Simone Tebet, do MDB, partido que liberou seus filiados, que em parte já apoia Lula, como Renan Calheiros e outras raposas, mas que em 2018, em parte, já apoiou Bolsonaro. Lula tirou 6 milhões de votos de diferença para Bolsonaro no primeiro turno e trabalha para aumentar isso.
O presidente Bolsonaro vai chamar a super bancada de 96 deputados mais os senadores e governadores que elegeu no PL, para traçar um plano de ação e reação para o segundo turno. Já recebeu o apoio de Zema, governador reeleito em Minas pelo Novo e de Michel Temer (MDB), que foi vice de Dilma. Sergio Moro senador eleito pelo Paraná no União Brasil, também disse que entre Lula e Bolsonaro, sua escolha é por Bolsonaro.
Vão se agrupando os campos, da esquerda para o centro e direita para o centro, nesta polarização que vivemos, potencializada com o ‘nós contra eles’ pregado por Lula.
O mapa do primeiro turno mostra essa divisão, que já é de eleições anteriores. Lula vence no nordeste, parte do norte, mais Minas. Bolsonaro vence no Sul, Sudeste, menos Minas e Centro/Oeste.
Onyx x Leite
No RS, vamos ter a acomodação de forças também, em torno de Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB). Onyx vem ‘colado’ com Bolsonaro, que fez 48,4% dos votos no estado e terá apoio já declarado o senador Heinze (PP). Leite recebeu ontem apoio do PSB e busca entendimento com o PP, que fez parte seu governo e o PDT, além de atrair votos da esquerda que Edegar Pretto (PT) teve.
A projeção é de eleição acirrada. Onyx com a força do bolsonarismo e Leite defendendo seu governo de recuperação e avanços no estado, projetando, para um segundo governo, investimentos pesados na educação como bandeira.
Empresas temem
Terminado o primeiro turno da eleição presidencial, onde Lula (PT) fez 6 milhões de votos a mais do que Bolsonaro (PL), setores empresariais começam a se manifestar, temendo pela vitória de Lula, anunciando redução de orçamentos e investimentos se isso se confirmar, o que vai reduzir produção, empregos e renda.
Aqui no RS a primeira a expedir um comunicado aos seus parceiros foi a Stara, indústria de implementos agrícolas, de Não-Me-Toque, que vai reduzir em 30% seu orçamento se for confirmada a vitória de Lula no segundo turno. A empresa alega riscos diante do discurso de Lula, que chama grandes produtores rurais de fascistas e anuncia que se for presidente o MST voltará a agir. Nos governos do PT, o MST invadiu terras, depredou propriedades, sem reação do governo.
A Mangueplast, de Barão, também expediu comunicado aos parceiros, anuciando que diante da instabilidade que se criará no país, se for confirmada a vitória de Lula, vai reduzir em 40% o orçamento para 2023 e frear investimentos já projetados. As empresas sustentam que a posição é de temor mesmo e não de coação eleitoral.
Notinhas
- Venâncio teve abstenção mais baixa em relação ao estado e pais. No Brasil 20,89% dos eleitores não foram votar. No RS, 19,78%, e em Venâncio 16,83%. Para deputado estadual, eleição de interesse direto da cidade, foram 40.054 votos. Outros 1.110 anularam seu voto e 3.387 votaram em branco. Como temos 53.567 eleitores aptos, 9.016 não foram votar.
- Na quinta-feira passada, no painel Gente & Negócios, aqui na Folha e Terra FM, onde falamos sobre a importância da representatividade política, Telmo Kist, que foi vereador e candidato a deputado estadual em 2010, projetou um fenômeno que aconteceu nas urnas. O voto mais ideológico. Depois Telmo me contou que teve esta percepção conversando com as pessoas. Disse que perguntou para uma pessoa em quem votaria. A resposta: No Bolsonaro. Telmo então perguntou e em quem mais votaria? Resposta: Em quem apoia o Bolsonaro. E foi o que se viu muito na eleição, com Lula também.
- Cristian Deves, leitor da coluna, me fez uma outra observação, que se encaixa no pensamento de Telmo. Venâncio não teve candidato de direita para deputado. Se tivesse as chances de eleger um seriam maiores. Giovane é de PSB, vice de Lula. Airton é do PDT, também partido de esquerda, que tinha Ciro. Krämer é do Podemos, partido de centro que era Simone.
Airton fez 16.309 votos em Venâncio, Giovane 7.933 e Krämer 1.820. E Bolsonaro fez 23.960 votos aqui. O único que passou dos 20 mil. Onyx fez 18.265 e Mourão 17.895 a trinca da direita.z - Adriano Fagundes, um dos líderes do Movimento Aliança Conservadora (MAC), que fez uma carreata em verde amarelo na cidade e bairros no sábado, com caros, caminhões, tratores e motos, se diz muito satisfeito com a adesão e que Venâncio mostrou nas urnas que é Bolsonaro.
- E o pai de Adriano, Ornélio Fagundes, com 90 anos, que mora em Linha Coronel Brito, foi votar na Seção 72, na Comunidade Santa Bárbara
- Nova narrativa que vejo na grande mídia: grafam que dos eleitos a grande maioria continua sendo de homens, brancos. E o tom das falas é como se isso fosse algo ruim, que precisa ser combatido. Quem se enquadra nesse perfil, vai começar a ser rejeitado? Preparemo-nos.