Já esquecido por muita gente, o Mensalão, escândalo político/financeiro ocorrido logo no início do primeiro governo de Lula, em 2003, foi reavivado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, quando reafirmou a existência dos fatos e pediu a condenação de 36 dos 38 réus denunciados. Gurgel apontou José Dirceu como líder do grupo criminoso que montou base aliada ao governo mediante pagamentos ilícitos, com volumes de dinheiro vivo que chegavam a ser transportados em carro-forte. Segundo a acusação, Marcos Valério era o operador do esquema, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, o elo entre os núcleos político e financeiro.

Gurgel leu, por cinco horas, a denúncia e comprovação das acusações para abrir o julgamento no STF. Agora os advogados de defesa começam a sua atuação pelos próximos dias, tentando provar o contrário. Depois da contundência de Gurgel, será difícil. Mas não se duvide de nada.

O advogado de Roberto Jeferson, que denunciou o Mensalão, o gaúcho Luiz Francisco Barbosa, quer provar inclusive que Lula sabia do Mensalão, ou pelo menos insinuará isso. Defenderá que Lula negociou com o BMG medidas permitindo ao banco mineiro empréstimos consignados para aposentados. Logo depois o banco passou a ser a fonte de dinheiro para o governo Lula alimentar o esquema de compra de apoio no Congresso.

Seria Lula tão ingênuo que tenha participado de negociações sem desconfiar de nada? Por falar nele, hoje os médicos, após novos exames da sua garganta, liberaram o ex-presidente para fazer campanha.