A eleição presidencial confirmou um Brasil dividido em vermelho e verde e amarelo, como vem sendo em todas as eleições deste século. Desta vez dividido como nunca antes.
Bolsonaro venceu em todos estados do Sul e Centro-Oeste. Venceu em São Paulo, Rio e Espírito Santo no Sudeste, e em Roraima, Rondônia, Acre e Amapá no Norte.
Lula venceu em todos os nove estados do Nordeste, no Pará, Amazonas e Tocantins na região Norte, mais Minas, no Sudeste.
Lula e Bolsonaro venceram em 13 estados cada um e Bolsonaro venceu no Distrito Federal. O mapa mostra uma divisão quase em linha reta, do Sudeste, incluindo metade sul de Minas, Sul e Centro-Oeste, região mais produtiva e desenvolvida do país, que votou mais em Bolsonaro. O Nordeste, com suas terras áridas, incluindo norte de Minas, mais o Pará e Amazonas, que abrigam a maior parte da floresta amazônica, votou muito mais em Lula.
O que decidiu a eleição foi o volume muito maior de votos que Lula teve no Nordeste, na casa de 70% contra 30%, enquanto Bolsonaro teve margem de folga, mas sem abrir diferenças tão grandes nas regiões onde venceu.
A polêmica sobre o tabaco na eleição
A cada eleição tem a polêmica sobre o tabaco, o principal produto da economia regional. Vem a acusação de que Lula assinou a Convenção Quadro para ‘acabar’ com o tabaco, como criticou de forma dura o deputado Marcelo Moraes (PL) na campanha. O presidente do PT de Venâncio, dentista Cesar Schumacher, rebateu a acusação como fez no Terra em Uma Hora nesta semana. Disse que isso é uma mentira criada pela oposição bolsonarista. Disse que foram 191 países que assinaram a Convenção Quadro e que Lula apoia os produtores rurais em todas culturas.
O Brasil foi o segundo país a assinar a Convenção. Em 2003 Lula assinou a Convenção e ratificou a posição em 2005. A Convenção é uma iniciativa da ONU e foi assinada por 192 países.
O ‘caroço nesse angu’ são posições de combate ao tabaco. Quando esteve em Porto Alegre, na pré-campanha, em evento fechado somente para petistas, Lula, ao falar sobre a agricultura familiar, disse que o Rio Grande do Sul plantava coisa que não precisava plantar, conforme vídeo que circulou. Com certeza ele não falava de feijão, arroz, trigo, soja milho… O setor tabacaleiro está com ‘as barbas de molho’, sim.
O deputado dos dólares na cueca
Uma imagem emblemática, que a grande mídia ignorou, coisa que vai ser comum a partir de agora, foi foto do discurso de Lula depois da vitória, tendo na sua ‘nuca’ o deputado José Guimarães (PT-CE), figura simbólica do Mensalão do Lula em 2005. Um assessor do deputado foi preso pela PF no aeroporto com 100 mil dólares na cueca, episódio que escancarou a corrupção no governo petista para o mundo, e levou José Genoíno, irmão de Guimarães, a pedir demissão da presidência do PT nacional.
Guimarães estava ali ‘colado’ em Lula por, acaso ou por provocação?
Mãe e filho
Na segunda-feira,31, Ricardo Landim (União Brasil) deixou a Câmara de Vereadores para assumir a secretaria da Habitação e Desenvolvimento Social. Ele é primeiro suplente e ocupava a cadeira da vereadora eleita pelo partido, Claidir Kerkoff Trindade, que estava na secretaria e agora vai para a Câmara.
Ricardo, que concorreu pela primeira vez, é filho da vice-prefeita Izaura Bergmann Landim (MDB). Ela foi vereadora e ao sair candidata à vice de Jarbas da Rosa (PDT) em 2020, lançou o filho Ricardo à vereador.
Ricardo, em 22 meses de Câmara, teve 12 projetos apresentados e aprovados além de participação intensa no Legislativo. Revelou que vai receber o Prêmio Preferência Real 2022, que será entregue, agora no dia 10, pelo Rotary Chimarrão, no Clube CTA, para as empresas, profissionais e políticos destacados pela comunidade em pesquisa do Nupes/Unisc. Começa bem a carreira, Ricardo.
Pela direita
Na terça escrevi que se a força verde amarela da eleição em Venâncio, que deu 27,2 mil votos (57%) para Bolsonaro, fosse transformada em força política, poderá ter peso importante na eleição municipal de 2024. Ontem pela manhã conversei com o vereador André Kaufmann (PTB) aqui na Folha. Ele contou que está fazendo contatos políticos para glutinar esta força de direita, em mais partidos, para se fortalecer e disputar a eleição de 2024 com chapa majoritária. André viaja à Brasília no início da semana com a comitiva que vai em busca de recursos para o hospital, e aproveita para falar sobre este assunto com os deputados Marcelo Moraes e Giovane Cherini, os mais votados do PL em Venâncio, e com o Senador Heinze (PP). Organizar e fortalecer PL, PP, Republicanos, União Brasil e talvez criar o Novo, para ter esse voto de Bolsonaro, é o plano de André e outras lideranças, que começam a trocar ideias e traçar estratégias. A eleição municipal vai ser um tabuleiro de xadrez. E política se faz com inteligência.
Notinhas
- Mapeamos a votação em Venâncio, separando votos do centro, bairros e interior. Veja páginas 14 e 15. No centro Onyx fez 6,5 mil votos e Leite 6 mil. Bolsonaro 8,8 mil votos e Lula 4 mil. No bairros Leite fez 7,3 mil votos e Onyx 6 mil. Bolsonaro fez 8 mil e Lula 5,7 mil. No interior Onyx fez 7,6 mil votos e Leite 7,5mil. Bolsonaro 10,1 mil e Lula 5,5 mil. No geral Leite fez 21.018 votos, Onyx 20.508. Bolsonaro 27.288 e Lula 15.514.
- Colega de escola, engenheiro Otávio Nagel, petista de ‘carteirinha’, me envia uma sugestão, que é irônica e provocativa aos bolsonaristas: “Essas bandeirinhas que o pessoal tinha nos carros, pede para não jogar fora. Guardem as bandeiras do Brasil para a Copa. Seria um gesto de grande importância, além de contribuir para a natureza.”
- De outro lado muitos bolsonaristas decepcionados com a eleição de Lula, e orgulhosos de Bolsonaro. Do vereador Ezequiel Sthal (PTB), no Instagram: “O tempo é o senhor da razão, aguardem. Você resgatou nosso orgulho de ser brasileiro. Obrigado, Jair.” Do vereador Diego Wolschick (PTB): ”Obrigado por tudo, Jair Bolsonaro. Nos trouxe o patriotismo de volta.”
- Na sexta, 28, uma menina de 13 anos, com uma camisa amarela da seleção, levou uma pedrada na cabeça de petistas numa carreata de Bolsonaro em Fortaleza. A menina foi parar no hospital toda ensanguentada e um silêncio ensurdecedor se fez ouvir na grande mídia e das feministas. Todo mundo calado. Se fosse uma menina com camiseta de Lula, o país teria pegado fogo. É hipocrisia que se chama isso.
- Manchete da Folha S. Paulo: Centrão e aliados de Lula aceitam negociar mudanças em emendas de relator. As emendas eo relator são o que na campanha Lula, a mídia e o TSE chamavam de Orçamento Secreto, culpando Bolsonaro. Funcionou. Agora volta a ser emenda do relator. Bem cara da esquerda.
Do Twitter
- O Globo: Após vitória de Lula, Alemanha se diz pronta a retomar financiamento do Fundo Amazônia
UOL: PT cogita convidar PSDB e tucanos para novo governo Lula - Extra: Votações nos estados mostram que Lula falhou ao tentar atrair eleitores de Simone Tebet e Ciro Gomes.
- Folha S. Paulo: Centrão e aliados de Lula aceitam negociar mudanças em emendas de relator
- Revista Oeste: Depois da eleição de Lula, imprensa começa a chamar ‘orçamento secreto’ de ‘emendas de relator’
- Gazeta do Povo: Liberdade de expressão Especialistas temem aplicação de regras do TSE contra fake news após eleição
- CNN: “Problema surgiu quando aceitamos manobra que anulou condenação de Lula”, diz Mourão
- Isabela Del Monde/UOL: Com Lula, ‘família tradicional’ deixará de ser foco do Ministério da Mulher
- J.R.Guzzo/Gazeta do Povo: A ditadura do judiciário elegeu Lula