A direção do hospital, que tem como novo administrador, Marcelo Borges, comunicou aos cardiologistas Roberto Granzotto, Gilney Mylius e Gerson Sulzbach, que a partir do dia 1º de agosto estava cancelado o convênio de sobreaviso 24h para dar suporte especializado aos atendimentos médicos do plantão 24h. A administração anunciou a implantação do atendimento dos cárdios por ‘chamadas’, quando necessário. A atitude faz parte do plano de contenção de gastos para não comprometer financeiramente o hospital novamente. O déficit operacional – pelo atraso nos pagamentos do estado principalmente – já acumula R$ 1 milhão em 2015.Os médicos reagiram forte, primeiro contra a forma como se deu o fato, – e com razão – através de comunicado administrativo, quando isso deveria ter sido tratado com os profissionais. Granzotto escreveu uma carta aberta, abonada por Gilney e Gerson, que foi mandada para o hospital e outras pessoas no sábado, e divulgada pela Folha, onde critica duramente o hospital pela atitude e deixa claro – de forma extremista – que não haverá o atendimento por ‘chamadas’ como quer o hospital. Na noite de segunda-feira a direção médica do hospital esteve reunida com os cardiologistas para explicar a decisão. Os cárdios pressionaram pela manutenção do convênio, o que vai ser tema de nova reunião hoje.Como não foi divulgado o valor do convênio, fui buscar a informação. Era de R$ 18 mil por mês para os três médicos, que dividem o valor. Cada um fica de sobreaviso uma semana. E teve meses com menos de dez atendimentos. Isso é custo de R$ 1,8 mil por atendimento. Exagerado. Claro que é preciso considerar um período maior e as imposições do sobreaviso, que exige a disponibilidade 24h do médico. Como o hospital anuncia que vai pagar R$ 130 por chamado, se forem dez no mês, são R$ 1,3 mil e não os R$ 18 mil que vinham sendo pagos.Falei ontem com o prefeito Airton Artus, médico, que fez a intervenção para salvar o hospital do fechamento em 2011 e conhece bem a realidade. “Faltou habilidade para a administração do hospital na condução da situação, que busca a necessária economia de custos, mas é preciso que os médicos entendam a crise financeira que atinge a todos”, resumiu o prefeito, de forma equilibrada.