No início desta semana recebi a visita de Johannes Marschke, alemão que já conhece bem Venâncio, onde esteve por várias vezes e é amigo de Flávio Seibt, com quem viajou pelo leste europeu várias vezes desde 2011, para conhecer a Boêmia, hoje território da República Tcheca, a antiga Silésia e Prússia, hoje territórios da Polônia, regiões onde se continua falando alemão. No final de semana Johannes participou da Bömmerkreiss, a Festa dos Boêmios, em Linha Isabel. Na visita que me fez contou da sua alegria em ver que tradições germânicas antigas são mantidas aqui 195 anos depois da emigração do leste europeu para o Brasil. Ele mora em Doberlug-Kirchhain, cidade no sul da província de Brandenburgo, que pertencia à antiga Alemanha Oriental, comunista. Depois da queda do muro de Berlin em 1989, quando pode viajar para onde quisesse, Johannes veio ao Brasil, pela primeira vez em 1998, visitar uma tia missionária católica em Minas Gerais e a Bahia. Ele tem outro tio que foi pároco em Jujuy no norte da Argentina. Depois conheceu o sul e chegou a Venâncio pela primeira vez em 2005 e retorna sempre que pode. Nos últimos três anos esteve aqui em todos. Ele chegou em dezembro e vai retornar na próxima semana para sua terra, já prevendo voltar pra cá em dezembro.Na sua andança pela região, ele conheceu muitas famílias e diz que toda vez que volta para a Alemanha e conta que aqui existe uma vasta região que foi colonizada por alemães e onde ainda se fala o alemão, os alemães não acreditam. A Folha produziu uma matéria da festa de Linha Isabel na edição de quinta para Johannes levar como documento na sua volta. O grande sonho dele, que tem 65 anos, gerente de supermercado aposentado e dono de uma empresa que serve buffet em eventos na primavera e verão na Alemanha (o restante do ano ele viaja), é promover uma integração entre a nossa região com o povo alemão, abrindo portas para o turismo aqui e intercâmbios na Alemanha. Em março acontece todo ano a Turism Messe, Feira do Turismo em Berlin que reúne muitos países, entre os quais o Brasil. Mas estão lá São Paulo, Rio, Salvador. O Rio Grande do Sul não aproveita isso, lamenta ele. Vejo também uma grande oportunidade nisso. O prefeito Giovane Wickert está investindo no turismo rural, com ações simples. Levar um material de divulgação de Venâncio e região para a Feira de Berlin pode ser um grande passo para fomentar a visita de alemães ao nosso interior.De quebra, Johannes é da região na divisa das províncias de Brandenburg e Sachsen, de onde são originários os Klawki (Klafke de hoje), que são eslavos e migraram entre 1.450 e.1.500 para a região de Tolksdorf na província de Ermland, na Prússia, na fronteira com a Lituânia, de onde uma parte emigrou para o Brasil e Estados Unidos (estado de Visconsin) em 1850. Em 24 de junho de 1852 Johann Klawke, que morava em Peterswalde (hoje Piotrowiec) distrito de Braunsberg (hoje Branievo) cidade perto do mar do norte, embarcou com a esposa Anna Wohlgemuth e oito filhos, mais o irmão Ludwig com filhos e dois sobrinhos Peter e Carlos, na escuna Fortuna,no porto de Hamburgo, para o Brasil. Chegaram cinco meses depois, em novembro, na colônia de Boa Vista, em Santa Cruz do Sul. Descendente de Johann Klawke sou da sétima geração da família no Brasil. No próximo ano vou conhecer, a convite de Johannes, que já esteve em Mehlsak (Pieniezno), Perteswalde (Piotowiec) e Plauten (Pluty) toda esta história familiar in loco.
Sérgio Klafke
Os alemães não sabem que falamos o alemão aqui
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