“Chegamos ao nosso limite.” “O período é assustador.” “Dia desesperador.” “Os profissionais de saúde estão esgotados”. “Estamos à beira de um colapso.” Essas são algumas das manifestações que foram feitas nessa semana por administradores e gestores de saúde de Venâncio Aires. Seja em tom de alerta ou desabafo, as declarações indicam que estamos ‘atravessando’ o pior momento da pandemia da Covid-19. A confirmação disso foi o anúncio do fim da tarde dessa sexta-feira, 19: a região foi classificada, pela primeira vez, com a bandeira preta, o que indica altíssimo risco para esgotamento da capacidade hospitalar e velocidade de disseminação do vírus. Esse é o alerta máximo da doença.
Desde a última semana, Venâncio Aires vive um período alarmante na saúde pública, com pico de casos diários, superlotação na UTI Covid e das internações em função da doença, recorde de atendimentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e investiga-se, inclusive, casos de reinfecção. O sistema está sobrecarregado.
Para se ter ideia do momento crítico, no dia 1º de fevereiro Venâncio Aires tinha 98 casos ativos da doença. Em menos de 20 dias, o número de casos ativos duplicou, chegando aos 233 casos ativos no fim desta semana, que é o número de pessoas que estão em isolamento ou hospitalizadas. Os 106 casos confirmados nessa sexta-feira, 19, confirmam que o maior pico da doença foi registrado nesta semana.
Em meio ao aumento progressivo da doença, nas últimas semanas, diversas empresas têm registrado surtos de casos de Covid-19. Essa situação, que impacta as rotinas produtivas, reforça a importância dos protocolos que devem ser seguidos rigorosamente. Mas, claro, tem peso importante nesse processo a responsabilidade de cada um, principalmente fora do horário de expediente, nos encontros com familiares e amigos, onde os contágios costumam acontecer. Além de empresas, um surto da doença também foi registrado em uma escola de Educação Infantil da rede privada de Venâncio Aires, nesta semana. O educandário não teve outra opção, se não a de suspender as atividades presenciais.
Depois do toque de recolher em Venâncio Aires, no feriadão de Carnaval, agora Venâncio e todos os demais municípios do Rio Grande do Sul seguirão medidas estaduais, que valem a partir deste sábado, 20, e seguem, pelo menos, até o dia 1º de março. Diante da gravidade da situação, o Estado suspendeu todas as atividades desse período, entre 22h e as 5h.
A pandemia parece não ter fim. No dia 10 de março completará um ano que o primeiro caso da doença foi registrado no Rio Grande do Sul. Quase um ano depois, a pandemia segue nos desafiando. Nessa sexta-feira, 19, o estado atingiu o pico de mil pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), o que é mais um indicativo de que esse é o momento mais alarmante, desde o começo da pandemia. No mesmo dia, o presidente do Hospital São Sebastião Mártir, Luciano Spies, anunciou que o hospital atingiu o limite de sua estrutura e qualquer nova internação exigirá transferência de pacientes para outras cidades.
Não bastasse isso, novas variações do vírus surgem no Brasil e também em solo gaúcho, o que exige reforço no monitoramento de possíveis contágios. Tem-se observado, inclusive, uma mudança no perfil das pessoas que estão sendo internadas, com casos graves da doença atingindo pessoas mais jovens e sem tantas comorbidades.
Não podemos negar a gravidade da pandemia. Mesmo com a vacinação acontecendo, de forma ainda muito tímida, é verdade, temos uma realidade assustadora. A bandeira preta chegou para dar um recado: a pandemia ainda está longe de acabar.