Reservar água para enfrentar períodos de seca, garantir segurança jurídica, estimular os produtores a investirem em irrigação para ampliar a produtividade. Esses foram os pontos principais debatidos no painel Gente & Negócios, promovido pela Folha do Mate e Terra FM, na quinta-feira, 10, que teve como tema ‘Água: desafios de reservação e irrigação para as propriedades rurais’. Em um ano de chuva volumosa e enchente histórica, parece distante pensar em estiagem, mas prognósticos climáticos indicam que logo à frente teremos novos períodos de seca.
Mais do que evitar que o produtor sofra prejuízos com safras parcialmente ou totalmente comprometidas, reservação e irrigação na prática permitem que o agricultor tenha ganhos significativos de produtividade. Porém, temos um desafiador caminho a percorrer. Em Venâncio, apenas 1% das lavouras de milho e tabaco têm sistema de irrigação.
Durante a transmissão do Gente & Negócios, os painelistas evidenciaram o potencial que o Rio Grande do Sul tem para aumentar a produtividade agrícola. Para isso, o presidente da Assembleia Legislativa, Adolfo Brito; o presidente da Cooperativa Sicredi e Corede Vale do Rio Pardo, Heitor Petry; e o chefe do escritório da Emater Venâncio, Vicente Fin, elencaram como um dos grande entraves, a insegurança jurídica que envolve questões da área ambiental. Com receio de punições, muitas vezes os produtores não dão um passo a mais na propriedade. Durante o painel, o presidente do Parlamento gaúcho – que elegeu reservação, irrigação e piscicultura como bandeiras da sua gestão – adiantou que um projeto de lei vem sendo formatado para que se dê garantias ao agricultor e ao mesmo tempo respeite o meio ambiente. Outro desafio passa pelo receio que muitos produtores têm de contrair uma dívida e fazer um investimento que garantirá retorno. Recursos para financiar projetos têm, mas Petry entende que esse processo passa, sobretudo, pelo estímulo, o que inclui referências práticas de propriedades que apostaram, acreditaram e hoje colhem resultados.
Investir em reservação e irrigação é um investimento com efeito cascata. Além de dar segurança para que o produtor possa conduzir uma safra com tranquilidade em um período de estiagem, possibilita que ele amplie a produtividade, aumente a renda da família e também incentive os jovens a permanecerem no campo.
Precisamos de esforços coletivos, que contem com a participação de técnicos, entidades rurais, universidades, empresas e dos poderes Legislativo e Executivo, que juntos apresentam as propostas e tomam as decisões que podem mudar essa realidade. Antes de irrigar, é preciso reservar. Que possamos começar por aí, facilitando e viabilizando a abertura de açudes e outros sistemas.
Engana-se quem acha que esse tema é de interesse apenas de quem planta e tem a agricultura como fonte de renda. Quando o produtor perde, todos consumidores, do campo e da cidade, sentem o impacto no bolso e cada prato de comida.