Enganou-se quem pensou que a efervescência política ocorreria apenas a partir de abril de 2020, quando os interessados em concorrer nas eleições municipais de outubro devem estar devidamente filiados aos partidos pelos quais buscarão cargos eletivos. Abril era apontado como ‘start’ das polêmicas, negociações, ataques pessoais e trocas de siglas por ser limite para quem tem pretensões eleitorais no ano que vem.

Mas esta ‘mistura’ de situações que as eleições trazem já chegou a Venâncio Aires. E, pelo que acompanhamos até agora – em especial na sessão da Câmara de Vereadores de quarta-feira, 18, quando o presidente Eduardo Kappel (PL) simplesmente decidiu não realizar a eleição para a nova Mesa Diretora -, 2020 será um ano de muitos embates acalorados. Isso porque, além no pleito, temos uma novidade: o governo perdeu a maioria no Legislativo.

Desde que Giovane Wickert (PSB) e Celso Krämer (PTB) assumiram o Executivo, a situação dominou a Câmara. Chegou a ter 12 votos e comemorar o que foi chamado de ‘isolamento do PDT na oposição’. Mexe pra cá, mexe pra lá e o governo quase sempre conseguia emplacar seus projetos, com uma ou outra exceção, já que contava com o MDB em sua base. Nos últimos tempos, as votações no Legislativo, quando não apontavam unanimidade, tinham no máximo seis votos contrários.

Mas a situação mudou e, na quarta-feira, 18, a reprovação de um projeto que autorizaria a Administração a contratar financiamento no valor de R$ 1,6 milhão, deixou claro que o MDB estava decidido a enfrentar consequências de marcar definitivamente lugar na oposição. Izaura Landim, Helena da Rosa e André Puthin se juntaram a Nelsoir Battisti (PSD), Ciro Fernandes (PSC) e Ana Cláudia do Amaral Teixeira, Tiago Quintana e Sid Ferreira, todos do PDT, e formaram um grupo que tem oito votos. Significa dizer que, se mantiverem esta composição, o prefeito Giovane Wickert (PSB) pode ter sérias dificuldades para governar, já que precisa da Câmara para aprovação de suas ações.

A previsão de ‘dureza’ pode naturalmente ser feita pelo fato de que, um dia após a não realização da eleição para a Mesa Diretora da Câmara, o prefeito exonerou os secretários do MDB – Nilson Lehmem e Joice Batistti Gassen, do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo e da Educação, respectivamente – e outros oito cargos em comissão (CCs) do partido, claramente encerrando a participação da sigla no governo e decretando afastamento no que se refere às relações políticas.

A julgar pelo que já aconteceu, fica o temor de que o pleito do próximo ano seja carregado de denúncias, acusações e desrespeito, pois em eleição, por mais que a cartilha diga ao contrário, os provocados tendem a reagir, para não serem vistos como fracos ou medrosos. Este tipo de clima é muito preocupante, pois pode tirar o foco do que é uma eleição, momento em que a sociedade precisa de tranquilidade para escolher os seus representantes.

Fica o pedido para que vencedores e derrotados, seja em que situação for, tenham a grandeza de reconhecer seus insucessos, evitando buscar o triunfo e o poder a qualquer custo. Venâncio Aires e seu povo são maiores do que qualquer interesse pessoal.