Moradores e lideranças de Venâncio Aires não aguentam mais conviver com os riscos dos desvios da RSC-287, rodovia que liga a região central do estado à região metropolitana. Em que pese o fato de a concessionária da rodovia — a Rota de Santa Maria — ainda contar com prazo para o cumprimento do contrato de duplicação, a demora para resolução dos problemas leva a comunidade a um contexto de pessimismo em relação à empresa do Grupo Sacyr.
Mais recentemente, somou-se à desconfiança que já existia a morte de Cristiano Crippa Vogt, de 45 anos, motociclista que sofreu um acidente no último sábado, 4. O alerta para os perigos dos desvios — implementados nos pontos onde houve rompimento da RSC-287, em maio do ano passado, durante a catástrofe climática — vinha de todos os lados, pois basta passar pelos locais para constatar a condição de risco.
Apesar disso, o sentimento médio da comunidade venâncio-airense é de que a Rota de Santa Maria tem feito ‘vista grossa’ para os problemas. Enquanto os cidadãos reclamam da inércia no que se refere ao início da duplicação, as autoridades têm encontrado muitos obstáculos para manter diálogo com a concessionária. O presidente da Câmara de Vereadores, Dudu Luft (PDT), chegou o ponto de dizer, para quem quisesse ouvir, que os porta-vozes do Grupo Sacyr, que estiveram no Legislativo recentemente, mentiram sobre suposto envio de projeto executivo do trecho da Capital do Chimarrão para o Governo do Estado.
O prefeito Jarbas da Rosa e o deputado Airton Artus, também integrantes do PDT, buscam de todas as formas um diálogo com representantes da concessionária, uma vez que não resta mais dúvidas de que o trecho de Venâncio Aires é o mais perigoso, considerando todos os 204 quilômetros de extensão da concessão, entre Tabaí e Santa Maria. Ao mesmo tempo em que articulam junto à Rota de Santa Maria, prefeito e deputado recorrem às mais diversas instâncias do Governo do Estado, para que de alguma forma tenhamos boas notícias no que se refere à RSC-287.
É uma relação que está começando da pior forma possível: com desconfiança, sem diálogo e, segundo o presidente do Poder Legislativo, com mentiras. A pressão exercida sobre a Rota de Santa Maria se faz necessária, mas é importante lembrarmos que é essa mesma empresa que vai operar durante 30 anos na rodovia.
E os representantes legais têm de encontrar uma forma para que os anseios da sociedade sejam atendidos. Onde há obras de duplicação, como em Santa Cruz do Sul, por exemplo, a situação é muito boa. Justamente por isso, o que incomoda é o fato de o ‘tratamento’ não ter iniciado com foco nos problemas mais críticos, que são os desvios no trecho de Venâncio Aires.