É incrível como alguns temas têm o ‘poder’ de se manterem em evidência durante muito tempo. Quando os assuntos estão relacionados com recursos públicos, então, a ‘sobrevivência’ é ainda maior. Foi o que aconteceu na semana que passou, com o episódio da revisão das diárias da Câmara de Vereadores ganhando todos os holofotes não apenas da imprensa local, mas também da comunidade em geral, seja com manifestações públicas, em redes sociais ou até mesmo nas rodas de conversa.
A julgar pela repercussão desde segunda-feira, 21, era de se ventilar uma possibilidade de volta atrás por parte do presidente do Legislativo, Benildo Soares (Republicanos), já que a pressão da comunidade só aumentou nos últimos dias. E, no fim da tarde desta sexta-feira, 25, Soares surpreendeu ao sinalizar que vai revogar a resolução aprovada em plenário, que elevou em quase 61% – de R$ 287,00 para R$ 462,00 – o benefício. Na quinta-feira, 24, ele chegou a distribuir nota oficial à imprensa com as justificativas para manter o novo valor, no entanto acabou cedendo, muito provavelmente por entender que seria desnecessário se submeter a tamanho desgaste.
Agora, o próximo episódio desta ‘novela’ deve ser ‘exibido’ já na segunda-feira, 28, data da próxima reunião do Legislativo. Além de a maioria dos cidadãos ter manifestado repúdio ao aumento das diárias, grupos estão sendo mobilizados para lotar a Câmara. E, além do novo projeto que Soares promete apresentar para revogar a votação, tramita na Casa do Povo uma proposta semelhante de autoria do vereador Ezequiel Stahl (PTB). Deve ficar na pauta a resolução do comandante da Mesa Diretora, uma vez que já era especulado que o projeto de Stahl teria vício de origem, justamente por não partir da Mesa.
Dependendo do que acontecer na sessão semanal da Câmara, a repercussão pode ser ainda maior do que a registrada nos últimos dias. A comunidade tem legitimidade para expor a sua indignação, desde que isso seja feito com respeito às autoridades, pois quem está na Câmara de Vereadores chegou lá com os votos desta mesma comunidade. O Legislativo é o local dos grandes debates e, independente de quem sejam os ‘ganhadores’ e os ‘perdedores’, o mais importante é manter a ordem. A política é um campo fértil para as divergências, que devem ser resolvidas com diálogo, sem criar ambientes hostis ou episódios de desrespeito.