Na maioria dos contextos de avaliação, alcançar 100% é associado como um desempenho satisfatório e glorioso. Mas, nesta semana, a marca de 100% teve outra conotação em Venâncio Aires. No Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) esse índice acendeu um sinal vermelho. O aumento do número de internações que vinha sendo comunicado e alertado nas últimas semanas, chegou ao patamar máximo na quinta-feira, 26: 100% dos leitos ocupados. A superlotação levou o diretor técnico do Hospital São Sebastião Mártir, Guilherme Fürst Neto, a afirmar que esse “momento é mais delicado que a Covid”. Para se ter uma ideia, na maior parte do ano o hospital registra 60% de ocupação.
Além de pacientes aguardarem ou terem que ficar internados no Pronto Atendimento (PA) do hospital, a demanda refletiu, mais uma vez, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que também está atendendo muito acima da sua capacidade diária. Após uma reunião de emergência, nesta semana, ficou definida uma alteração nos fluxos de atendimento a partir de quarta-feira, 1º de junho, quando passa a funcionar um consultório extra na UPA.
Diferente do período de pandemia, quando os casos de Covid representavam o maior número de internações, agora os pacientes estão hospitalizados por vários tipos de doenças. Sem contar que os casos de coronavírus voltaram a subir e as internações devido à doença também aumentaram.
Apesar de essa não ser uma realidade apenas de Venâncio, este cenário crítico trouxe um chamado importante para a comunidade reforçar os cuidados com a saúde. Ficamos por muito tempo mantendo rigorosos cuidados com higiene, uso de máscara e agora, o que se percebe, é que a população relaxou. Estamos mais frágeis, mais doentes. Conforme o médico Guilherme Fürst Neto, “as pessoas estão ficando doentes facilmente. Tem gente que está há semanas gripada, melhora um pouco e volta de novo.”
A marca dos 100% de ocupação também trouxe à pauta um outro debate: a ampliação do hospital, uma instituição com quase 87 anos. O próprio prefeito Jarbas da Rosa reconheceu que as alternativas que estão sendo debatidas devem amenizar o problema nas próximas semanas, mas não resolverão. O chefe do Executivo disse que a meta é voltar a discutir a ampliação urgente do hospital de Venâncio, que também é referência número 1 para Mato Leitão, Vale Verde e Passo do Sobrado. Acontece que essa demanda está diante de uma outra equação (histórica): uma dívida que chega a R$ 16 milhões. Deste montante, R$ 14 milhões são financiamentos que precisa ser quitados, o que também compromete novos investimentos.
Enquanto as fontes de recursos, já escassas, são debatidas pelo Município, a população também precisa fazer a sua parte garantindo a vacinação contra a Covid e a gripe, além de manter os cuidados mínimos com a saúde. O inverno, oficialmente, começa dia 21 de junho, o que significa que ainda teremos muitas semanas com temperaturas mais baixas e a ocorrência de doenças respiratórias são mais comuns durante esses meses. É um momento preocupante e delicado. Podemos unir esforços e ampliar a conscientização para virar esse jogo, a começar pelas lições que a pandemia nos deixou.