Pandemia e saudade

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Em meio à pandemia do coronavírus, todos nós, de alguma forma, tivemos as rotinas impactadas. Boa parte da população passou esta semana resguardada, em casa, e contribuindo para essa rede de proteção e prevenção contra a Covid-19.

Bastaram alguns dias para muita gente estranhar a rotina diferente. O que no começo foi interpretado, por muitos, como uma espécie de ‘férias’, logo se tornou preocupação, angústia e tédio. O toque de recolher depois das 21h, anunciado na segunda-feira, 23, pelo prefeito Giovane Wickert, reforçou ainda mais a necessidade deste cuidado, que é coletivo e atravessa continentes.

Em meio a tantas incertezas que ainda nos cercam, estamos com saudades da nossa rotina (a de antes), dos abraços, dos encontros com os amigos e dos almoços em família. As crianças e jovens já sentem falta da rotina escolar e os adultos esperam, com expectativa, pelo dia que poderão retornar para o trabalho. Já os empresários, preocupados com os impactos econômicos, não veem a hora de abrir as portas de suas lojas ou de retomar a produção nas fábricas.

Estamos chegando a mais um fim de semana de quarentena. Sim! Este será mais um fim de semana diferente para todos nós. Não iremos buscar galinhada, o nosso prato típico, nas comunidades; não iremos ao Parque do Chimarrão, nem no gramado da igreja Matriz saborear um gostoso chimarrão em uma roda de amigos. Neste domingo, a família deve evitar novamente visitar a casa da vovó e do vovô e as crianças não vão se reunir para brincar com a vizinhança. Ninguém vai ir na missa, no culto, na quermesse da comunidade; nem ‘bater perna’ no Centro para conferir as novidades da estação, que começou na última semana.

Esses são apenas alguns exemplos de atividades que fazem parte da nossa rotina, da nossa comunidade e que, em virtude desta epidemia, nos levou a um resguardo como nunca se viu antes. Mas, como bem discursou o governador Eduardo Leite, na última semana, “vai dar saudade [já deu] de abraços e de carinho, mas é melhor termos saudades de abraços e de carinhos, do que das pessoas que podemos perder.”

Por outro lado, estamos aprendendo a ser mais cuidados, mais higiênicos e, sim, mais digitais (para estudar, para pagar as contas, para conversar, para trabalhar). Estamos acelerando mudanças, reinventando negócios e dando mais valor para a presença (física) de quem nos faz bem e queremos bem.

O momento é, ainda, de muito cuidado e atenção. Autoridades de saúde observam que ainda não passamos pelo pico de propagação do vírus, por isso, é cedo demais para retornar à normalidade. É por isso que, mesmo com a pressão do setor empresarial, a decisão de abrir o comércio e as indústrias de Venâncio Aires fica para a próxima semana. Como disse o governador Eduardo Leite, nesta sexta-feira, 27, “não é sobre fechar tudo nem liberar tudo, mas acompanhar a situação com responsabilidade.” Ou seja, tomar as decisões certas, na hora certa.

E quem disse que essa é uma tarefa fácil? Com certeza, os gestores públicos municipais, estaduais e federais estão enfrentando um dos maiores desafios de suas carreiras. Está na mãos deles uma missão que tem o peso da saúde pública e também da economia de todas as nossas cidades.

Nestes tempos difíceis, pelo isolamento, pelos reflexos, pela saudade, pelas decisões que precisam ser tomadas, devemos doar o nosso melhor, da forma que podemos. Neste sentido, Venâncio Aires, que é a Capital do Chimarrão e também da solidariedade, mais uma vez, nos orgulha com tantas iniciativas que unem entidades, empresas, instituições e dezenas de voluntários. Esse é o verdadeiro sentido de tudo que estamos vivendo e aprendendo.

Diante do coronavírus, que não está longe da gente, não podemos nos sentir as ‘senhoras e senhores da imunidade’. A doença pode atingir qualquer um de nós e somente a prevenção pode barrar o novo coronavírus. Nem o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, nem o príncipe Charles, o primeiro na linha de sucessão ao trono britânico ‘escaparam’. Nesta batalha, como citou o prefeito Giovane Wickert, não há espaço para vilão ou herói. É preciso equilíbrio, diálogo e calma, mesmo que a saudade, por ora, aumente.

    

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