Quando o assunto envolve a utilização de diárias, seja na Câmara ou na Prefeitura, a polêmica é garantida. De um lado, os que entendem que os gastos com idas a Brasília, por exemplo, com a justificativa de busca de recursos, são totalmente desnecessários.

Defendem que as emendas parlamentares são destinadas independentemente da presença dos vereadores na capital do país, pois já estariam determinadas por senadores e deputados federais. Na contramão, os que acreditam que marcar presença nos gabinetes aumenta as possibilidades de vinda de recursos, mesmo que para isso seja preciso ‘investir’, ou seja, ‘gastar na frente’, para que as chances de o município ser contemplado sejam maiores.

Nos últimos dias, teve grande repercussão uma postagem do vereador Ezequiel Stahl (PL) nas redes sociais relacionada ao assunto. Ele elaborou uma ‘tabelinha’ com os parlamentares que mais usaram diárias no primeiro semestre do ano. Ao ouvir indagações de alguns colegas sobre os motivos que o levaram à iniciativa, afirmou que só deu “mais publicidade ao que já é público”, com a intenção de que os eleitores possam “comparar os valores gastos com os resultados obtidos”. Houve quem insinuou que Stahl só compartilhou a imagem pelo fato de não ter usado diárias no período, para com isso garantir promoção pessoal, já que normalmente a comunidade não concorda com gastos com diárias.

Nos primeiros 180 dias de 2025, o Poder Legislativo da Capital do Chimarrão teve uma despesa de pouco mais de R$ 50 mil com diárias. O montante é maior do que o registrado em anos anteriores, no mesmo período: R$ 41,5 mil em 2024, quase R$ 40 mil em 2023 e quase R$ 20 mil em 2022. Nos anos de 2021 e 2020, não houve gastos com a rubrica, pois vivíamos a pandemia de Covid-19, o que inviabilizou viagens a Brasília e agendas com as mais diversas finalidades e nas mais variadas cidades do Rio Grande do Sul e do Brasil.

Mas, afinal, acionar a prerrogativa das diárias é importante ou não?

Muito provavelmente, quase 100% da opinião pública entende que, de forma ponderada, sem exageros, o uso é salutar. O que geralmente os contribuintes não costumam deixar passar são os gastos excessivos e recorrentes, que configurem, por exemplo, uma ‘renda extra’ aos políticos. Como o entendimento é de que os representantes da comunidade já são bem remunerados para exercerem suas funções, o povo não concorda em ver os parcos recursos públicos sendo aplicados de maneira inadequada. E, no meio disso tudo, há a comparação entre gasto e resultado obtido, o que jamais deixará de acontecer.