As diretorias das associações comunitárias de Venâncio Aires vivem momentos de apreensão. A dor de cabeça está relacionada com as exigências do Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI), mais especificamente para espaços acima de 750 metros quadrados. De acordo com a Lei Kiss – aprovada em 2017, como consequência da tragédia ocorrida na boate de Santa Maria, em janeiro de 2013, que resultou na morte de 242 pessoas, na sua maioria jovens -, espaços comunitários a partir desta metragem precisam dispor de hidrantes, para eventuais casos de sinistro.
Até 2023, as associações devem ter os hidrantes instalados, só que a exigência pode, inclusive, colocar a saúde financeira e existencial destas entidades em risco, por conta da necessidade de R$ 50 mil, aproximadamente, para cumprimento da determinação. O valor assusta, principalmente pelo fato de que, desde o início da pandemia, as comunidades não conseguiram mais promover eventos, que é de onde arrecadam recursos para sua manutenção. Muitos dirigentes temem o fim das atividades, caso os hidrantes não saiam da lista de exigência relacionada ao PPCI.
Embora o prazo para a adequação ainda esteja em aberto, as lideranças comunitárias acreditam que não será possível atender a norma, uma vez que não há previsão para a retomada das festas e os cofres estão raspados. E, nos últimos meses, o assunto virou pauta frequente na Câmara de Vereadores, a partir do momento em que o suplente Claudio Weschenfelder (PDT) assumiu uma cadeira. Há muitos anos, ele faz parte da diretoria da Associação Esportiva São Pedro (Assespe), de Linha Grão-Pará, e sabe muito bem da dificuldade das comunidades para arrecadar recursos que permitam investimentos elevados como este.
Weschenfelder já encaminhou moções de apelo ao Governo do Estado, à Assembleia Legislativa e ao comando do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul, solicitando que as autoridades revisem esta exigência. O vereador também já acionou o prefeito Jarbas da Rosa (PDT), para que abrace a causa e auxilie na busca de uma solução. Ninguém é contra a segurança e a tragédia da Kiss nos deixou uma lição, mas a realidade dos ginásios e espaços comunitários de Venâncio Aires é bem diferente. Muitas associações podem estar com os dias contados.