Não é de hoje. Os problemas estruturais da RSC-287 são alvo de queixas de usuários há anos. A rodovia, uma das mais importantes do estado, já mudou de comando – privado para público, público para o privado -, mas segue sendo lembrada por uma via de intenso movimento e que ‘clama’ por duplicação e reparos emergenciais para sanar buracos e desníveis na pista.
A RSC-453, outra importante rodovia da região, que nasce em Venâncio Aires e nos liga ao Vale do Taquari, também entra nesta lista. A via está praticamente intransitável nas últimas semanas, o que levou muitos motoristas a relatarem perigo e prejuízos ao longo desta semana.
A situação, que foi registrada pela Folha do Mate na edição de quinta-feira, 27, foi parar no Ministério Público. O promotor de Justiça, Pedro Rui da Fontoura Porto, deu prazo de dez dias para que a empresa Rota de Santa Maria e a direção da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) apresentem um relatório que aponte os pontos críticos e um cronograma de obras. Mais uma vez, o representante do MP se baseia em reportagens da Folha para documentar a notificação aos responsáveis pelas duas rodovias. No caso da RSC-287, antes mesmo da notificação, a Rota de Santa Maria já tinha anunciado um cronograma de obras, que terá seu ‘start’ no próximos dias.
Na RSC-453, a situação é tão preocupante, que o próprio comandante do grupamento rodoviário de Cruzeiro do Sul emitiu um alerta aos usuários da via, pois em alguns pontos os motoristas estão desviando pelo acostamento.
A reportagem da Folha percorreu quilômetros das vias e verificou ‘in loco’ a precariedade do asfalto nas duas rodovias e, por enquanto, não é possível trafegar com segurança. Quando uma situação como essa fica escancarada, é inevitável a indignação dos usuários que pagam pedágio para passar pela via. Sim, são duas rodovias pedagiadas, portanto, que arrecadam valores que devem (ou deveriam) ser investidos na manutenção (a garantia de condições de tráfego) e em investimentos. É preciso lembrar que novas praças de pedágio já estão sendo construídas na 287, ou seja, o motorista vai pagar ainda mais para percorrer os 200 quilômetros entre Tabaí e Santa Maria.
Até meados do ano passado, a RSC-287 era administrada pela EGR, a estatal que responde pela 453 atualmente. Em 31 de agosto assumiu a empresa Rota de Santa Maria e com a troca de bastão veio a expectativa de que uma concessão poderia garantir um novo momento para a rodovia. Mais do que um novo momento, uma nova era, afinal, a empresa tem a concessão da via por 30 anos. Ainda nesse ano, o mesmo deverá acontecer com a RSC-453, que também será concedida ao setor privado.
É hora de o Estado também entrar nesse debate e cobrar, como agente fiscalizador, a responsabilidade da estatal e da empresa que assumiram. O usuário esgotou a paciência e quer mais do que respostas. Quer as rodovias em dia.