Nesta semana, uma casa que abrigava idosos foi interditada pela Vigilância Sanitária de Venâncio Aires, em uma operação conjunta com a Polícia Civil. O local funcionava como uma espécie de asilo clandestino, isso porque, não tinha licença para funcionar como uma instituição de longa permanência para idosos. Mais do que isso, as dependências não tinham condições mínimas para atender a legislação.
O caso, no entanto, escancara uma situação muito mais complexa e que deve ganhar atenção de toda a sociedade: a velhice como política pública. A questão não se resume à existência ou demanda por lares públicos ou privados para idosos. Todos têm ou deveriam ter o direito de viverem bem amparados e de envelhecerem mais saudáveis e ativos e, na hora que precisarem de cuidados específicos, poder contar com uma rede de atenção disponível e responsável, a começar pela própria família. Porém, sabe-se que esta é uma realidade para poucos.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2050 o número de pessoas com 60 anos ou mais vivendo na América Latina e Caribe deve chegar a 200 milhões, o que representa 26% da população. Atualmente, são 73,5 milhões de idosos na região. A situação não é diferente no Brasil, nem mesmo, em Venâncio Aires. Teremos que aprender e nos adaptar a viver em um país com uma população cada vez mais idosa.
No entanto, as políticas públicas específicas para essa população ainda andam em passos lentos. Boa parte da sociedade parece ignorar completamente o assunto, enquanto a verdade é que nós já somos ou um dia seremos idosos.
Os idosos formam um público frágil. Muitos são alvos de golpes e vêm sendo vítimas de violência física, psicológica, econômica, sexual e até institucional. Os casos de negligência e abandono são cada vez mais comuns. E cabe a quem o papel de cuidá-los? Cuidar de um idoso é responsabilidade, antes de tudo, da família. Mas, claro, entende-se, também, as limitações enfrentadas pelas famílias na atualidade, principalmente financeiras.
Além disso, sociedade e o Estado tem papéis importantes, especialmente no fomento de iniciativas que garantam uma velhice mais saudável e ativa, como também na criação de políticas públicas que garantem proteção a estes experientes cidadãos que muito já contribuíram e têm todo o direito de viver as suas velhices com mais respeito e dignidade.