Histórias costuradas com amor

“Enquanto a gente trabalha, não tem tempo para pensar em doença.” Foi assim que começou a minha conversa com dona Idalina e seu Arnildo Schulz, na tarde da última quinta-feira, em meio ao ateliê de costura da Schulz Confecções, da qual são sócios junto ao filho Alexandre. Em meio a dezenas de costureiras — profissionais que comemoram seu dia neste domingo, 25, mesma data na qual seu Arnildo faz 74 anos —, os aposentados seguem fazendo o que gostam e os mantêm ativos em uma história construída ao longo das últimas décadas pela família Schulz, que tem uma ligação importante com o ramo de confecção em Venâncio Aires.

Dos cinco filhos de Arnildo e Idalina, quatro seguiram no ramo da confecção. O casal de idosos não esconde a satisfação de ver esse legado ter ultrapassado o tempo e consolidado uma história que é, literalmente, costurada com dedicação e paixão. Basta conversar com eles para notar o orgulho que carregam dessa história, que tem chegado cada vez mais longe.

As peças costuradas por eles têm aparecido até mesmo na TV, em jogos do Gauchão de futebol. Isso porque o Esporte Clube Avenida, de Santa Cruz do Sul, que disputa o campeonato, tem uniformes confeccionados pela SBE Sports, empresa do caçula de Arnildo e Idalina, Maicon Schulz.

Ao longo do tempo, Idalina foi uma das principais responsáveis por ensinar novas costureiras. Foi ela quem iniciou a trajetória dos Schulz no ramo da costura, inspirou os filhos e até mesmo foi a ‘professora’ do marido, que se sentou a uma máquina de costura pela primeira vez aos 55 anos. Um legado que é familiar, mas também se tornou venâncio-airense. Afinal, muitas pessoas atuaram e ainda atuam nos ateliês da família. Suas histórias também se entrelaçam com outros empreendimentos do ramo e com quem, mesmo sem saber, usa as roupas costuradas por eles.

Idalina começou a costurar ainda adolescente, na máquina manual comprada pela mãe, na qual era preciso girar a manivela para fazer funcionar. Ao longo de seis décadas, acompanhou uma grande evolução. Veio a máquina de pedal e, mais tarde, a elétrica. “Hoje, a máquina até fala”, diverte-se, ao mostrar as novidades tecnológicas disponíveis no equipamento.

O que não mudou foi a dedicação dela e a atenção em cada detalhe, as mesmas desde a época em que era ‘modista’ e confeccionava roupas sob medida. Muitas, inclusive, a partir de desenhos feitos por estilistas.

Conversar com Idalina foi uma aula sobre paixão pela profissão de costureira, que ela aprendeu na escola da vida, e sobre o orgulho da família. Na sua fala simples, a matriarca dos Schulz mostrou que segue se dedicando a algo que é bem mais do que trabalho: é combustível de vida. “Enquanto puder, vou seguir costurando. É o que mais gosto de fazer.” Deu para notar, dona Idalina! Foi um prazer conversar com vocês.



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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