Esta história um advogado me contou sem citar nomes. Uma mulher queria interditar o marido por ser louco. Antes de aceitar o caso, o advogado pediu para conversar com o marido. Após a conversa, chamou a mulher e lhe disse que o homem parecia lúcido, coerente, orientado, ou seja, uma pessoa normal. Ao que a mulher respondeu:
– Doutor, ele é tão louco que consegue se fingir de são!
O Adelio Bispo, aquele que deu a facada quase mortal em Bolsonaro, sabia muito bem o local do corpo da vítima que devia acertar para causar o maior dano possível. Antes de ser conhecido pelo atentado, levava uma vida comum, teve empregos de carteira assinada, o que pressupõe que passou por exames médicos, teve moradias, pagava aluguel, ou seja, assinava contratos, contraía dívidas, fazia compras, viajava, e até se filiou a um partido político, o PSOL. Sua sentença está para ser publicada. Ao que tudo indica, a Justiça irá considerá-lo mentalmente insano e ele cumprirá pena num manicômio judiciário.
Se Adelio era “um louco que se fingia de são”, outro mistério se junta ao caso: quem está pagando os renomados e caríssimos advogados que o defendem? A imprensa investigativa, sempre tão ávida em descobrir “escândalos” que prejudiquem o atual governo, parece não ter movido uma palha para levantar esse segredo. Ora, os advogados se deslocam em jatinhos fretados que obviamente tem planos de voos, contratos, recibos de pagamento; eles telefonam, trocam mensagens no whats. Ou seja: descobrir quem os paga é uma tarefa bem mais fácil do que hackear as conversas no então juiz Sergio Moro e do Ministério Público.
Só que essa descoberta não interessa às esquerdas, não interessa aos criminosos que se lavaram no dinheiro das propinas, não interessa aos corruptores, não interessa aos milhões de brasileiros que se beneficiavam da corrupção organizada e institucional que cresceu como bola de neve nos últimos trinta anos da chamada “redemocratização”. Corrupção essa que até se sentiu protegida pelas amarras da própria Constituição Federal, a qual impõe um amontoado de leis e instâncias que limitam os efeitos práticos da Justiça e, assim, favorecem a impunidade.
A propósito, eis aqui o mais novo segredo nacional: quem pagou para hackear as conversas de Moro e de procuradores da Lava Jato? Esse tipo de operação cibernética requer técnica, investimentos e interessados que banquem os custos. Terá sido algum órgão de imprensa? Será que foi iniciativa própria do jornalista Greenwald, do site Intercept, ele que tem um relacionamento conjugal com o deputado que herdou a vaga do fugitivo Jean Wyllis, do PSOL, casualmente o mesmo partido onde o Adelio Bispo esteve filiado?
Enfim, são muitos mistérios convenientes e uma constatação preocupante: qualquer notícia que tenta desmoralizar Sergio Moro é comemorada por uma algazarra de gente – muita gente! – que deseja ardentemente ver todos os corruptos soltos e de volta aos seus postos estratégicos. É o cadáver da corrupção sentando no caixão em pleno velório! Está na hora dessas pessoas assumirem de vez que são mesmo a favor dos corruptos e, com isso, se igualam a eles. Está na hora de a outra parte, que ainda é maioria, dizer que apoia Moro independentemente das conversas que já teve ou venha a ter com profissionais que convergem nos mesmos objetivos: tornar a Justiça um poder sem meandros semânticos e volteios interpretativos, uma Justiça rápida e eficaz que não se esconda em capas engomadas, gavetas mofadas e oratória barroca.