A venda de música no mundo subiu em 2012 pela primeira vez desde 1999, segundo dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, sigla em inglês). As vendas aumentaram 0,3% e alcançaram um total de 16,5 bilhões de dólares, anunciou a IFPI, que representa 1.400 companhias fonográficas.
A IFPI apontou que os downloads legais da Internet, assim como as novas fontes de receita, se desenvolveram o suficiente para compensar a baixa da venda de CDs. As receitas do setor digital aumentaram 9% em 2012 e representaram 34% das receitas totais. Foram baixados, legalmente, cerca de 4,3 bilhões de canções e álbuns. As assinaturas para se escutar canções, com ou sem publicidade, aumentaram 44% e contaram com 20 milhões de usuários em 2012. Além disso, existe uma tendência pela flexibilização das maneiras de se comercializar músicas, como casos em que artistas, com maior frequência os independentes, disponibilizam suas obras gratuitamente, ou a preços módicos. é o caso da banda de rock inglesa Radiohead, que proporciona downloads no seu site e permite que as pessoas decidam o quanto querem pagar.
No entanto, “os downloads ilegais e gratuitos de música persistem em nossos mercados”, destacou o diretor-geral da IFPI, Frances Moore. A organização recomenda que empresas cortem a publicidade em sites ilegais de música, e pediu que os serviços de busca priorizem os resultados da pesquisa referentes aos serviços legais. “Este é um problema em que os governos têm um papel fundamental a desempenhar, em particular, exigindo maior cooperação dos anunciantes, sites de busca, provedores de Internet e outros intermediários”, declarou Moore.
A cantora pop canadense Carly Rae Jepsen liderou as vendas mundiais de singles em 2012 com sua canção “Call Me Maybe”, que vendeu 12,5 milhões de exemplares. Em relação a CDs, o álbum ‘21Â’, da cantora britânica Adele, está no topo da parada global de álbuns pelo segundo ano consecutivo e ajudou a impulsionar as receitas totais da indústria da música. O álbum, lançado em janeiro de 2011, vendeu 8,3 milhões de cópias em 2012, de acordo com a IFPI.
A reportagem da Folha do Mate foi em busca de pessoas que, apesar da facilidade em baixar músicas da internet, ainda preferem pagar para ter o CD em mãos. Uma dessas pessoas é o estudante Giovane Amaral da Luz, de 19 anos. “Não que me torne mais ou menos fiel ao meu gosto musical comprando CDÂ’s, mas ter em mãos o trabalho da banda ou músico proporciona um aprofundamento muito maior no trabalho dos mesmos”, declara Giovane. Mesmo assim, ele considera que o futuro da música está na internet. “Acho que se a escolha for entre comprar e baixar, o melhor seria baixar. O futuro da música nunca dependeu de remunerações financeiras, e as maiores bandas da atualidade, como Artic Monkeys, Phoenix ou até mesmo clássicos como Elton John ou Led Zeppelin, criaram grande parte de seus públicos através do compartilhamento de seus arquivos, por meio de empréstimos de CD ou download feito entre pessoas que viam a música como algo mais importante que dinheiro” observa.
Fernanda Palaoro Buttini, de 16 anos, eventualmente baixa músicas da internet, mas prefere adquirir os álbuns dos músicos favoritos. “Quando sai algum álbum novo de um artista que eu realmente gosto, eu compro sem nem pensar”, afirma. Ela ainda credita essa preferência à influência dos pais, apaixonados por música. “Desde pequena, meus pais sempre gostaram muito de música e têm um gosto bem eclético. Eu não sou tão eclética, mas curto uma variedade bem grande de música, de gêneros bem diferentes e tal. Meu pai deve ter mais de mil CDs, eu nunca tirei tempo pra contar todos, mas deve ser aproximadamente isso. Então, a maioria é CD comprado ou que ele ganhou, mas algumas músicas ele baixa, e algumas ele compra pelo iTunes”, declara.
O comerciário Marco Aurelio Train, 25, também busca adquirir os álbuns sempre que possível, mas lamenta os preços abusivos. “Eu prefiro comprar o álbum, porém, nem sempre o bolso alcança o meu querer. Geralmente, tenho tendência a procurar comprar o álbum das bandas das quais sou fã de fato, apesar de ter conhecido muitas das bandas das quais hoje me considero fã através de download ilegal. Querendo ou não, é uma forma de divulgação do trabalho de artistas, os quais nem sempre chegam aqui no Brasil, e quando chegam, são por selos que colocam preços abusivos.”