Quatro anos depois de viver o maior drama da sua vida, uma mãe decidiu contar o que sua família passou ao descobrir que o filho era um usuário de drogas. Não resolveu falar simplesmente para contar sua história. Quer que as pessoas entendam que a construção de um Centro de Recuperação de Dependentes Químicos (CRDQ) é uma necessidade. “Os dependentes químicos não são marginais; são pessoas doentes”, garante.
Aos 50 anos, a mulher prefere permanecer no anonimato para preservar a identidade do filho. Ela conta que decidiu se manifestar ao ler na Folha do Mate que há pessoas contrárias à construção do Centro. “Com certeza estas pessoas não sabem como um centro de reabilitação funciona. Não entendem que os dependentes químicos precisam ser tratados. Eles são doentes e por isso precisam de acompanhamento de profissionais e, principalmente, da família”, assegura.
E é a presença da família, garante a mulher, a principal responsável pela recuperação de um usuário de drogas. “Além do tratamento ininterrupto, o dependente precisa ter o apoio da família. Saber que não está abandonado”, observa.Conforme ela, a distância entre a família e o dependente dificulta a recuperação. “Quando meu filho estava em Candelária, não perdíamos um dia de visita”, revela. Para ela, a construção de um centro de recuperação no Município vai evitar estes transtornos e será fator decisivo no tratamento.
Sobre o tratamento do filho, revelou que depois da segunda internação (ver no quadro ao lado o drama vivido pela família), o rapaz voltou para casa e seguiu corretamente as orientações, com visitas a uma psicóloga e um médico. Toma medicação corretamente, voltou a trabalhar e viver em família. “Meu filho renasceu para a vida. é um novo filho”, avalia a mulher.
BRIGA POLíTICA
Alternando momentos de angústia e choro, a mulher disse que, se for preciso, vai participar das reuniões para orientar os moradores de Ponte Queimada sobre o funcionamento do CRDQ. “Ninguém está livre disso acontecer na sua família. E se acontecer, a solução é o tratamento. Pois se eles não tiveram apoio, aí sim podem se transformar em marginais”, avalia.
Ela se mostrou indignada com a manifestação que moradores de Ponte Queimada fizeram na Câmara de Vereadores. Na tribuna, um morador falou em nome da comunidade e disse estar preocupado com a construção do Centro. Disse que o projeto é muito bonito, mas que no período de abstinência podem haver fugas. “Essas pessoas acham que dependentes químicos são marginais. Não sabem que isso também pode acontecer na família deles”, ressaltou.
Sobre a manifestação do prefeito Airton Artus de que os moradores foram influenciados por um vereador, a mulher foi enfática: “Se realmente tem um vereador por trás disso, ele não merece ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores”, sentenciou. A mulher, inclusive, disse saber de quem Artus está falando.