Inter vence o Caxias e é campeão do Gauchão 2012

O melhor remédio para esquecer uma eliminação seria um título e o Inter cumpriu essa proposta ao vencer o Caxias, na tarde deste domingo, por 2 a 1 e conquistar seu 41º Campeonato Gaúcho no estádio Beira-Rio. A tarefa, no entanto, foi realizada com dificuldade e com muito sofrimento. Depois de sair perdendo com um gol de Michel no primeiro tempo e errar um pênalti, o Colorado chegou à taça com os gols de Sandro Silva e Leandro Damião. A escalada até a conquista teve a ajuda de D’Alessandro, que entrou no intervalo e conduziu o Colorado na etapa complementar.

Gauchão 2012 – Final Inter 2Muriel; Nei, Rodrigo Moledo, índio e Fabrício; Guiñazu, Sandro Silva, Oscar, Tinga (Dagoberto), Dátolo (D’Alessandro); Leandro Damião. Técnico: Dorival Júnior.

Caxias 1Paulo Sérgio; Michel, Lacerda, Jean e Fabinho; Umberto (Marcos Paulo), Paraná (Alison), Mateus e Wangler; Caion e Vanderlei (Rafael Santiago). Técnico: Mauro Ovelha.

Gols: Michel, aos 26/1ºT; Sandro Silva, aos 21/2°T; Leandro Damião, aos 26/2ºT;

Cartões Amarelos: Fabrício (I); Guiñazu (I); Moledo (I); Michel (C); Nei (I); Rafael Santiago (C);

árbitro: Márcio Chagas da Silva

Local: Beira-Rio

Fonte: Luiz Felipe Mello / Correio do Povo

Fonte: Correio do Povo

Mano, o eterno técnico do Guarani campeão de 2002

Luiz Antônio Venker Menezes, o Mano Menezes, sem dúvida, marcou a vida dos rubro-negros e a história do clube. Depois do Guarani, Mano comandou o 15 de Novembro, que chegou ao terceiro lugar na Copa do Brasil, o Caxias e, posteriormente, o Grêmio onde também fez história. Trouxe o time de volta à Série A do Campeonato Brasileiro em 2005. Em 2006, conquistou o título do Campeonato Gaúcho e alcançou o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro, classificando o clube para a Copa Libertadores da América.Em 2007 levou o Grêmio ao bicampeonato gaúcho e à final da Libertadores. Depois levou em 2008 o Corinthians de volta para a elite do futebol brasileiro. Em 2009 foram duas grandes conquistas, Campeão Paulista Invicto e Campeão da Copa do Brasil. Em 2010, após liderar o Timão por 10 rodadas à frente do Campeonato Brasileiro, Mano foi convidado para comandar a Seleção Brasileira, a qual está à frente atualmente.

Em entrevista exclusiva à Folha do Mate nesta semana, o técnico, lembrou com muito carinho da conquista, que segundo ele, foi alcançada com três ingredientes. “A conquista do campeonato gaúcho de 2002, foi a confirmação de que com bons jogadores, boa organização e muito trabalho, é possível se chegar a grandes conquistas”.Mano Menezes, conta que no dia 12 de maio de 2002, conquistou um dos títulos mais importantes de sua vida.“Foi um dia de muito calor e o estádio estava lotado com imensa maioria de torcedores locais. Havia um pequeno grupo de rubro-negros, literalmente embretados num canto, mas sempre, muito participativos. O time do São Gabriel entrou cedo para o aquecimento, mostrando uma ansiedade acima do normal para uma final. Observamos aquilo e atrasamos um pouco a nossa entrada em campo. Fizemos um jogo impecável e vencemos com gol de Luis Fernando. Eu considero este título como um dos principais da minha carreira”.

A recordação do dia em que foi contratado para comandar o time, não sai da memória daquele que foi o protagonista do título mais importante da história do Guarani “Fui contratado para tirar o time do rebaixamento, mas na negociação do contrato, às 2 horas da madrugada, no escritório da empresa do presidente José Melchior, pedi um valor de premiação para sermos campeões do segundo turno, o que daria a vaga no quadrangular final. Ele aceitou sem discutir, penso que se arrependeu depois. Ninguém acreditava que era possível tudo o que aconteceu”, conta.

O ex-técnico do time campeão de 2002, lamenta a atual situação do rubro-negro, que foi rebaixado para a Segunda Divisão (antiga terceirona) do Campeonato Gaúcho de 2013. “Fazer futebol em Venâncio Aires, hoje, é muito difícil. Sei que o atual presidente, o Lucas Ferreira, está com uma equipe de colaboradores tentando fazer o melhor. A comparação com o passado atrapalha e começar do zero não é nada motivante para o torcedor”, finaliza Menezes.

A conquista projetou os protagonistas

éder Lazzari resume o que significou a conquista. “Acho que foi mais gratificante do jeito que foi, do que se tivéssemos começado bem o campeonato e ser os favoritos. Até ali ninguém conhecia o Guarani, ninguém sabia quem era o Mano, o Arthur, o Bolívar, o éder”, destaca Lazzari.

O zagueiro Bolívar, atualmente no Internacional, também enfatiza que o título foi fundamental para a carreira. “Nesse nosso time tínhamos a base quase toda formada por juniores, o clube contratava cinco ou seis jogadores no máximo e aí a gurizada resolvia o resto. Nesse tempo eu só tinha atuado pelo Guarani nas divisões de base desde 97 e aí depois da conquista foi tudo maravilhoso, pela forma que aconteceu, sem dúvida começamos a ser mais valorizados”.

O professor José Cassiano Braga, na edição da Folha do Mate do dia 14 de maio de 2002 escreveu o seguinte sobre o então técnico Mano Menezes: “Quem diria que este menino, ali de Passo do Sobrado, zagueiro rebatedor e de personalidade forte que jogou em várias equipes amadoras da região, poderia ser, já em 2002, Campeão Gaúcho de Futebol, como treinador? Este cidadão que chora quando ouve a voz da mãe, que se emociona ao receber os merecidos elogios de um emocionado narrador de futebol, que vibra, que grita, que reparte com seus comandados as emoções de noventa minutos de futebol. Pois este jovem treinador, humilde e competente, num trabalho quase mudo, mas muito produtivo, conseguiu fazer do nosso Guarani a Fênix maravilhosa que ressurgiu das cinzas para uma vida cheia de glórias”. O mesmo Mano, que Braga citava na época, hoje é o treinador da Seleção Brasileira.

A persistência de quem era lanterna

Um primeiro turno vergonhoso. Sob comando do então técnico Paulo Porto, não ganharam nenhuma partida. No finalzinho da fase, ainda tentaram com Eugênio Silva, mas nenhuma vitória foi conquistada, encerrando a participação com seis pontos. Torcedores já estavam perdendo a paciência e exigiam uma rápida mudança. Foi então que os dirigentes apostaram numa dupla da casa, o técnico Mano Menezes e o preparador físico Arthur Ruschel.

O então presidente do clube, José Ademar Melchior, lembra da contratação do novo comandante. “Me recordo bem, que eu estava sozinho sentado na sala da presidência do clube e pensava: e agora o que eu faço? Aí me lembrei do Mano Menezes que havia sido demitido do Internacional, onde era treinador do juvenil. Aí liguei naquela noite mesmo pra ele e acertamos com ele e com o Ruschel e dali por diante foi só sucesso. Naquele turno ainda tivemos um empate fora. Aí começou o segundo turno, no qual tivemos quase só vitórias. Isso que a maioria dos jogos eram fora, porque o campeonato na época era turno e returno, quem ganhasse os dois já seria campeão. O São Gabriel ganhou o primeiro turno e nós o segundo, e disputamos a final com o São Gabriel, a primeira em casa”.

éder Lazzari lembra de quando o novo técnico assumiu o comando da equipe. “Na virada do turno chegou o Mano Menezes e a partir daí tudo começou a mudar. Com ele vieram mais três jogadores, o zagueiro Luis Fernando, o atacante Castro e o meia Quartiéri ; e ele falou, nós vamos com esse grupo até o final. Me lembro muito de um momento, algo que me marcou muito, pelo momento que vivíamos no campeonato. No segundo treino o Mano fez um relatório com informações de cada jogador, até para saber com quem ele estava trabalhando. E depois de um treino ele chegou perto de mim e me disse o que eu queria pro segundo semestre daquele ano. E ele começou a me indagar sobre a minha intenção de estudar, trabalhar em outro ramo e aí ele me disse: mas não é isso que tu deve fazer, você deve continuar jogando futebol. Então ele chegou e mudou meu foco. Naquele momento ele ainda me deu um livro que me ajudou muito naquela época. Isso foi muito importante pra mim e acredito que não foi só para mim e sim para todos os outros jogadores, porque ele se preocupava com o extra campo. A partir de então, começamos a ganhar jogo a jogo, foi mudando a mentalidade de cada um e o Guarani começou a deslanchar na competição, uma mudança da água para o vinho”.

O segundo turno foi encerrado com 27 pontos em 36 disputados, com um aproveitamento de 75%.

As lembranças de uma conquista

A edição 2.893, da Folha do Mate, no dia 14 de maio de 2002, trazia como manchete na capa ‘Campeão GaúchoÂ’, resumindo o que os venâncio-airenses estavam comemorando.

Era um domingo normal como tantos outros, mas não para a maioria das pessoas de Venâncio. O dia que amanheceu nublado se transformaria em um brilho que jamais se apagará da memória de quem torceu, vibrou, se emocionou e viveu aquele 12 de maio, dia da decisão do Campeonato Gaúcho.

Os finalistas eram o recém fundado São Gabriel, mas que havia feito uma brilhante campanha durante a competição; e o tímido Guarani de Venâncio Aires, que no primeiro turno terminou como lanterna e que ressurgiu de uma forma extraordinária no segundo turno do campeonato. No final da partida, o então presidente do Guarani, José Ademar Melchior, resumiu este capítulo da história rubro-negra. “No primeiro turno jogamos aqui (em São Gabriel) como lanterna do campeonato e fomos humilhados. Hoje voltamos no mesmo lugar e conquistamos o título do mesmo campeonato. Tudo foi possível graças a muito trabalho”.

A DECISãO

Integrante da conquista, o volante do Guarani, éder Lazzari, 34 anos, relembra e conta como estava o clima para a partida final. “Naquele campeonato nós éramos a zebra, até pela situação inicial. éramos o virtual rebaixado. Quem chamava a atenção era o São Gabriel, os olhos estavam voltados para aquele time, que tinha a melhor campanha. Fomos pra lá um dia antes e ficamos em Rosário do Sul.Sabíamos da nossa capacidade interna, mesmo que as pessoas de fora não acreditavam em nós. Eles (do São Gabriel) já contavam que seriam os campeões, que ganhariam fácil por ser em casa e contariam com o apoio da torcida, mas acabamos com a festa deles”, resume.

Na época, o então técnico do clube, Mano Menezes, previa que as duas partidas decisivas seriam muito equilibradas. O que se confirmou. O primeiro jogo, no Edmundo Feix, terminou no 0 a 0. Mas o favoritismo já tinha dono, como conta o então presidente do Guarani, José Ademar Melchior.“No dia seguinte ao primeiro jogo da final, que terminou empatado em 0 a 0, tivemos uma reunião na Federação Gaúcha de Futebol, onde o presidente da entidade já entregou a taça ao presidente do São Gabriel, que como tinha empatado em Venâncio já era considerado favorito e campeão. E no dia que ganhamos lá em São Gabriel não quiseram nos entregar a taça. Tive que alguns dias depois ir lá na Federação e pegar o troféu. Foram fatos que realmente marcaram quem viveu aquela história”.

Em São Gabriel, o gol decisivo saiu apenas na metade da segunda etapa. O primeiro tempo foi de poucas situações de gol, em ambos os lados. De volta do intervalo, o time da casa foi para cima, arrematava, insistia; mas o rubro-negro conteve o locatário.

Aos 20 minutos veio o gol do título. Falta pela direita. Luis Américo cobrou na marca penal. O capitão da equipe e zagueiro Luis Fernando estava dentro da área adversária, onde subiu mais alto e guardou no canto oposto do goleiro, fazendo 1 a 0 para o Guarani. A partir de então, a pressão adversária tomou conta, tanto dentro de campo, como fora dele.

Aos 32 minutos, iniciou um capítulo de terror para os torcedores rubro-negros presentes no estádio, que foram alvos de uma chuva de pedras e paus. Diversos torcedores foram atingidos e tiveram que se refugiar dentro do próprio campo, como lembra o zagueiro rubro-negro da época, Bolívar. “Hoje completam 10 anos e eu me recordo muito da torcida do Guarani em São Gabriel, num cantinho, em pequeno número, mas eufóricos. Lembro das pessoas que ficaram feridas na briga e nós em campo. Então essas pessoas viveram aquilo e por isso mereceram o título”.

Depois de 15 minutos sem jogo, o Guarani, sem a maioria de seus torcedores que haviam sido encaminhados pelo policiamento para os 20 ônibus em que vieram, segurou as investidas do time da casa e levou o jogo até o apito final, quando silenciou o estádio; e iniciou a festa rubro-negra no centro do gramado e nas ruas de Venâncio, como recorda Lazzari. “Lembro muito da euforia de quando chegamos em Venâncio, carro de bombeiros nos esperando, tinha carros desde o pórtico de entrada da cidade. Chegamos no estádio Edmundo Feix onde tinha muita gente comemorando. E lembro bem que gravaram as imagens das centenas de pessoas que assistiram o jogo no ginásio do Colégio Aparecida e que vibraram muito com o gol do Luis Fernando. Essas imagens nunca vou esquecer”.

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