
Venâncio Aires - A rotina da família Posselt, de Linha Isabel, no interior de Venâncio Aires, ganhou outro significado desde que passou a integrar o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), desenvolvido a partir de uma parceria da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) com empresas e entidades da região. Na propriedade de 21,2 hectares, onde o Arroio Castelhano e uma sanga cruzam a área de terras de Odilo, Dulce e do filho Nilson, a participação nasceu do convite de um instrutor da empresa China Brasil Tabacos (CBT), que está entre as apoiadoras da iniciativa.
Eles relatam que a manutenção das áreas de nascente sempre esteve presente no cuidado diário, mas que o chamado da CBT fez a família olhar com ainda mais atenção para a importância de preservar o local. “A gente sabe o quanto faz diferença ter água preservada”, disse Odilo. Já Dulce reforçou que o envolvimento no PSA projeta continuidade: “É algo que fica para nós e para quem vai vir depois”.
Um encontro na quinta-feira, 27, na sede da CBT, marcou a consolidação das etapas realizadas em 2025. Vinte produtores vinculados à empresa integram o ciclo atual, que resultou em preservação direta de 29 nascentes e 38,4 hectares protegidos na sub-bacia do Arroio Castelhano, principal fonte de abastecimento de água de Venâncio Aires. O PSA integra o programa Compromisso Verde, estratégia ambiental da companhia.

BASE DO PROJETO
A gerente de Assuntos Corporativos e Recursos Humanos da CBT, Letícia de Mello Pereira, lembrou que o engajamento dos produtores é decisivo. “O projeto só existe porque há a participação de vocês, uma vez que a adesão é voluntária”, disse. Ela também contextualizou que o PSA dialoga com o trabalho mais amplo desenvolvido pela empresa no campo. “A qualidade do tabaco não está só na folha, mas em tudo que envolve o processo produtivo, incluindo a forma como o produtor se relaciona com o meio ambiente”, afirmou.
A coordenadora de Programas de Sustentabilidade da CBT, Edislene Pinheiro Caseiro, classificou o encontro como etapa simbólica. “Hoje foi para celebrar esse momento e agradecer. O time de campo esteve nas propriedades desde o fim de 2024, analisando áreas e explicando a importância do programa.” Ela afirmou que a intenção é manter e ampliar a atuação. “Não é algo de um ano só. Estamos falando de preservação ambiental e hídrica. Tudo se encaminha para seguir em 2026, e também para implementar o projeto Muda no Arroio Castelhano.”
Avanços e próximos passos
Representantes da Unisc acompanharam o evento, entre eles a coordenadora do PSA, Priscila Mariani. Ela apresentou o percurso técnico do programa, explicando que as ações começam pelo diagnóstico das propriedades, passam pelo monitoramento da qualidade da água e incluem o cercamento das áreas de nascente e a entrega dos materiais necessários para a proteção. Até agora, informou, R$ 9.064,08 foram destinados aos produtores e às estruturas implementadas.
Priscila reforçou que o impacto do PSA vai além da propriedade rural. “O PSA tem importância única para Venâncio Aires, pois, como sabemos, a sub-bacia do Arroio Castelhano é a principal fonte de abastecimento de água para a cidade”, destacou. A partir desse contexto, ela introduziu uma apresentação do projeto Muda, iniciativa promovida pela Unisc voltada à recuperação de trechos degradados do arroio por meio de técnicas de engenharia ambiental e que deve contar com o apoio da CBT em 2026. Inclusive, Priscila apresentou a possibilidade de envolver os produtores que já integram o PSA também nessa iniciativa, ampliando o alcance das ações dentro da mesma bacia hidrográfica.