Acadêmica do último ano do curso de Enfermagem na Universidade do Vale do Taquari (Univates), Thaisa Haussen Reis, 23 anos, decidiu investir, também, na carreira de doula e educadora perinatal. Para isso, a jovem que mora no Centro de Mato Leitão, realizou um curso pelo Instituto Transforma Doulas, de Brasília. “Foram 220 horas de aulas e atividades, com encontros virtuais três vezes na semana durante três meses. Após aprovação no curso, é recebido o certificado e o Cadastro Internacional de Doulas”, relata.
O interesse da estudante por seguir nessa área surgiu durante a disciplina de Enfermagem na Saúde da Mulher e a motivação para iniciar o curso foi impulsionada pela gravidez da irmã Tatielle Haussen Reis, 32 anos. “Comecei a procurar na internet sobre o assunto. Agora, na pandemia, devido ao modo virtual de ensino, ficou mais fácil realizar, pois antes não havia muitos cursos virtuais”, observa. Thaisa se formou na área no fim do mês passado.
Segundo a jovem, a educadora perinatal trabalha com a mulher e a família dela, fornecendo orientações, auxílio e informações sobre as mudanças tanto físicas quanto emocionais durante a gestação e o puerpério [período após o parto]. “Ela prepara a mulher para uma vivência saudável de pré-parto, parto e pós-parto, compartilhando informações que irão auxiliar nas preferências da mulher durante esse período de tantas mudanças e escolhas”, explica.
A doula, por sua vez, tem como principal função dar suporte para a mulher nessa fase. “A palavra doula tem origem grega e significa ‘mulher que serve’. Ela ajuda a parturiente a se sentir bem, fornecendo maior conforto e relaxamento, auxiliando no alívio da dor com o uso de massagens e técnicas de respiração. É uma pessoa de confiança da mulher durante esse processo. A doula faz pela mulher o que ela precisa, atuando sempre com uma visão centrada no acolhimento e na empatia”, menciona.
“Acredito que o papel da doula e da educadora perinatal possa mudar muitas vidas de mães e seus filhos, pois mudando o modo de nascer, tornando-o mais humanizado, conseguimos criar um novo olhar para o parto e o nascimento, os quais são fortes influências no desenvolvimento e vínculo futuro.”
THAISA HAUSSEN REIS – Doula e educadora perinatal
Importância da doula e educadora perinatal
Segundo Thaisa, tanto a doula quanto a educadora perinatal trabalham o suporte físico, emocional e informativo com a mulher durante a gestação, o parto e o puerpério, independente da forma de parto, fornecendo conhecimento sobre essa fase tão importante. “Esse apoio físico e emocional auxilia a mulher a ter maior segurança de seu corpo, facilitando para um parto mais respeitoso, onde a própria mulher seja a protagonista do nascimento de seu filho”, salienta.
A estudante de Enfermagem também ressalta que, além desse apoio, a doula e a educadora perinatal trabalham com a arte gestacional, que é a pintura da barriga da gestante, uma técnica que fornece relaxamento e conexão entre mãe e bebê, e com o chá de bênçãos, também conhecido como preparo do ninho. Ele tem como objetivo tranquilizar a gestante no fim da gestação para receber o bebê. “Todo esse apoio e cuidado que a doula e a educadora perinatal têm com as mulheres trazem mais tranquilidade devido aos conhecimentos repassados e ao amor transmitido”, enfatiza.
A profissional também ressalta que o parto é sempre da mulher. Por isso, a doula trabalha durante a educação perinatal questões físicas e emocionais que auxiliarão no protagonismo da mulher nesse momento. “Essa educação durante a gestação fornece um apoio para a mulher saber lidar com as situações, com os medos e inseguranças.” Thaisa ainda acrescenta que, durante o parto, a doula acompanha a parturiente atuando com métodos não farmacológicos de alívio da dor, como musicoterapia, aromaterapia, massagens, acupressões, técnicas de respiração e mudanças de posições.
“É muito importante salientar que a educação no pré-parto é de extrema relevância para um parto mais humanizado, com a mulher sendo a grande protagonista, pois é durante a educação perinatal que a doula irá ajudar a mulher a se conhecer e entrar em contato com seu corpo”, ressalta. A jovem ainda cita uma frase sobre o assunto que sempre chamou a sua atenção: “para mudar o mundo, é preciso, primeiro, mudar a forma de nascer”, do obstetra francês e especialista em parto, Michel Odent.
Doula x parteira
Thaisa Haussen Reis explica que a maior diferença entre essas duas profissionais é que a parteira pode atuar acompanhando partos domiciliares ou hospitalares, tendo um olhar voltado mais para o científico. Já a doula atua durante todo o processo, desde a gestação e parto até o pós-parto, com um olhar voltado diretamente para a mulher.
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