Na sexta-feira, 9, é comemorado o Dia do Atletismo, um esporte que começou a ser praticado no Brasil em meados de 1850. Apesar de ser uma prática antiga, apenas nos Jogos de Paris, em 1924, o país criou a sua primeira equipe de atletismo olímpica.
Em Venâncio Aires, a corrida é a modalidade do atletismo em evidência. É comum ser praticada nas escolas, em competições e até mesmo existe assessoria para auxiliar quem quer aprender. Por isso, na edição de hoje, destacamos exemplos de quem faz da corrida uma profissão, um sonho ou um hobby.
A estudante da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Otto Gustavo Daniel Brands, Ketlin Santos, 12 anos, iniciou a prática há cerca de um ano e meio, por incentivo da escola. Ela começou a participar de treinos de atletismo com o professor de Educação Física Roberto Wessling e, meses depois, iniciou nas provas de corrida. “Fui em uma corrida em Montenegro com a escola. Foi a primeira vez que corri e fiquei em segundo lugar”, recorda.
Ketlin conta que, em tempos de aula presencial, os treinos são em horários opostos aos da aula. “Corremos até três quilômetros no asfalto perto da escola.” Com a pandemia do coronavírus, a adolescente está treinando menos. “Vou em média uma vez ao mês na pista de atletismo do município”, conta, ao se referir à pista localizada no Parcão, no bairro Bela Vista.
A menina sonha em conseguir fazer o hobby se tornar uma profissão. “Quero chegar onde o Usain Bolt chegou, ele é minha inspiração.” Enquanto ela trilha os sonhos, a corrida também ajuda a manter a calma.“Estou sempre correndo, isso me acalma, ajuda na hiperatividade”, explica.
TÉCNICAS
Ketlin comenta que, antes de praticar corrida, achava que ‘era só chegar e correr’. Contudo, existem algumas técnicas que ela aprendeu com a ajuda profissional e melhorou a performance. “Aprendi a não largar muito forte, a como usar minha respiração para equilibrar durante toda corrida, que devo sempre manter o mesmo ritmo e focar para alcançar a linha de chegada.”
Conquistas
Ketlin foi campeã em três categorias no Campeonato Estadual de Atletismo 2019 e recebeu troféu prata de Destaque Esportivo 2019 de Venâncio Aires. Ao todo, com as competições escolares, ela soma 17 conquistas.
Um hobby que virou profissão
O profissional de Educação Física, Roberto Wessling, 25 anos, começou a correr para manter a forma. Em 2017, foi convidado por um amigo a participar de uma corrida em Porto Alegre. “Fui pela amizade e já prometendo que essa seria a única, afinal, além de pagar inscrição, precisaria se deslocar”, lembra. Ao chegar, o jovem se animou. “Acabou a prova e eu pensei, quando é a próxima?”
Nos últimos três anos, Wessling dedicou os estudos para essa modalidade e participa de competições da região. Segundo ele, o que mais chama atenção nesse esporte é o poder de inclusão, porque todos podem participar. “Em eventos, com média de duração de uma hora, dá para mobilizar muitas pessoas. E lá vai ter quem quer ganhar, a pessoa que quer ganhar de si mesmo (fazer o seu melhor tempo), a pessoa que quer apenas curtir e a pessoa que busca conseguir completar a prova. Cada uma com seus desafios e suas vitórias, mas todas juntas se exercitando”, observa.
No ano passado, o profissional começou a atuar na Assessoria Esportiva RCR Run, junto de Rodrigo Coutinho e Cíntia Dexheimer. “É um projeto que começou a ser pensado por mim desde a primeira corrida, pois já era estudante de Educação Física e, ao mesmo ano, já comecei a fazer cursos específicos na área”, expõe.
Erros ao correr
Conforme o educador físico Roberto Wessling, os principais erros ao iniciar a prática da corrida são a falta de informação e orientação. Ele comenta que é comum terem dois grupos: aqueles que correm contra o relógio – pessoas que costumam correr uma distância e, toda vez que vão correr, tentam fazer em menos tempo – e quem sempre quer ir mais – aquele corredor que hoje correu certa distância e nos treinos seguintes vai sempre tentar correr um pouco mais.
O erro, de acordo com o profissional, está em não ter descanso, porque a evolução acontece, mas com treinos orientados e com rotina. “Tem chance de lesão por sobrecarga do corpo, por isso precisa haver um descanso.”
Três dicas para quem quer correr
1 Coloque um tênis confortável
2 Use roupas leves
3 Hidrate-se. Mesmo no inverno, é importante beber água
Modalidades do atletismo
– Corridas: de curta distância e longa distância, além de provas de revezamento e com obstáculos e da marcha atlética.
– Saltos: em altura, em distância e triplo.
– Lançamentos e arremessos: podem ser de dardo, disco, martelo e de peso. Consistem em lançar o objeto o mais longe possível do ponto inicial.
Fonte: Brasil Escola
Em Mato Leitão, um espaço de aprendizado
É na pista de atletismo de Mato Leitão, que fica localizada em Vila Santo Antônio, próximo da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santo Antônio de Pádua (SAP), que a população pode se aprender e explorar mais o atletismo.
Segundo a diretora da SAP, Cátia Roberta Vogt da Rosa, o espaço é utilizado por estudantes nas aulas de Educação Física, e fica aberto para utilização da comunidade. “A pista sempre esteve aberta, mesmo durante a pandemia. Só que, neste ano, em função das aulas a distância, as oficinas de atletismo estão paradas”, explica. Além dos alunos da SAP, as escolas Ireno Bohn e Poncho Verde também utilizam a pista.
Cátia observa que crianças a partir do 3º ano do Ensino Fundamental começam nas oficinas, lideradas pelo professor Jacson Richter. A diretora comenta que a pista de atletismo já sediou eventos regionais e estaduais, como o Jogos Escolares de Venâncio Aires (Jeva) e Jogos Escolares do Rio Grande do Sul (Jergs), com pelo menos 400 atletas envolvidos. “Até pouco tempo atrás, Venâncio não tinha pista, então muita gente vinha pra cá. O que o pessoal do departamento de esportes comentava é que faltava estrutura do entorno, o que temos aqui”, completa.
Além da entrada pela escola, há um portão específico que dá entrada ao local, podendo ser utilizado aos fins de semana e outros horários extras do funcionamento da escola. “Muitas pessoas de fora vêm utilizar a pista, principalmente quando começam os dias de mais calor”, afirma.
Professor de Educação Física, Jacson Richter diz que a oficina de atletismo já está presente no município de Mato Leitão há mais de 17 anos e foi desenvolvida com o objetivo de massificar a prática esportiva, de forma inclusiva, educacional e recreativa, proporcionando a inclusão ao esporte por meio do atletismo, a todas as crianças do município.
As oficinas sempre eram realizadas em turno oposto às aulas e contemplam os alunos de 9 a 17 anos de idade da rede municipal e estadual de ensino do município de Mato Leitão. “Dispor de um espaço desse porte é muito bom, pois possibilita para a escola e comunidade a realização de diversas práticas esportivas e recreativas, e uma forma de garantir qualidade de vida, inclusão social, oportunidades e aprendizados cultural às crianças e adultos, atraindo vários olhares ao nosso município”, enfatiza.
“A prática de esportes é muito importante na formação da personalidade das crianças e constitui um fator importante para o desenvolvimento social e cultural dos alunos e também para despertar futuros alunos/atletas. O atletismo, além de ser um esporte individual, em sua grande maioria, usa movimentos básicos como correr, saltar, lançar e arremessar, habilidades físicas que estão presentes em quase todas as modalidades esportivas.”
JACSON RICHTER
Professor de Educação Física
Mais do que o esporte em si, o professor ressalta a possibilidade de vivência que o atletismo possibilita. “É uma forma de proporcionar às crianças e adolescentes da cidade e do interior uma vivência social voltada para o atletismo, exercitando a cidadania nos direitos e deveres, bem como uma vida mais saudável desde criança através da prática esportiva regular e orientada”, destaca.