Apertar o play, para que a música comece, exige tão pouco esforço físico, e é capaz de proporcionar diferentes sensações em uma pessoa. As canções nunca foram tão julgadas como ocorre hoje, quando o som é somente uma fatia do bolo.
A reputação do artista e o gênero musical contam tanto quanto um ritmo que tenta conquistar os nossos ouvidos. Porém, antes de criticar uma música, é importante levar em consideração que ela deve ter levado seus produtores a um desgaste, tanto para escrever a letra, como para fazer os arranjos, cantar e tocar.
Tocar um instrumento é um desafio! Já tinha convicção disso, mas até então só havia apertado algumas teclas de um piano, passado os dedos pelas cordas de um violão, e batucado em uma bateria. A experiência foi divertida, e o som nada satisfatório.
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Ao planejarmos esta edição do Na Pilha!, a de número 300, pensamos em fazer algo especial. Foi por isso que demos à Mariana Krewer a difícil missão de fazer com que eu, autor do Music News, tirasse algum som de um violino. Justamente esse que não é um dos mais simples que existe para se tocar.
Quando segurei o instrumento na mão, a primeira impressão que tive foi: ‘Isso é leve!’. Já que todas as vezes que vi um violino, ele me parecia ser pesado. Então, a segunda impressão surgiu: ‘Se ele é leve desta forma, então, se cair no chão, irá virar em pedacinhos’. E esse foi o motivo da tensão do meu corpo.
Mariana explicou que a tensão não ajudaria em nada para tirar um som do instrumento, pelo contrário, as mãos e os braços devem apenas repousar no violino, e não necessariamente segurá-lo firmemente para que não caia no chão. Com alguns ajustes, o violino tem a façanha de se encaixar no seu corpo para que tudo fique confortável e seguro.
Em uma primeira aula é meio difícil não estar tenso, mas o medo vai deixando de ser um problema na medida em que você começa a confiar no instrumento.
Começamos com uma música de poucos acordes (mesmo que eu tenha pedido para tocar a música tema do filme Titanic), usando apenas uma, das quatro cordas, e o pé. Sim, o pé! Não o pé no violino, ele ficava fixo no chão. A professora disse que nos atemos muito nas mãos enquanto tocamos, e isso não é correto, pois o restante do corpo faz parte também. Por isso, depois de dedilhar algumas notas, eu tinha que bater o pé no chão.
Depois, toquei a mesma canção com o arco. Eu sempre achava que o arco do violino era feito de couro. Na verdade, ele é feito de crina de cavalo, cheio de fios que, friccionados nas quatro cordas, produzem o singular som do violino. O meu maior medo era encostar as cerdas do arco em outras cordas que não faziam parte da música, mas o violino é instrumento perfeito, e se as mãos estiverem bem posicionadas movendo o arco, não há riscos.
Depois de quase uma hora, eu já estava mais relaxado e confiante, o violino parecia me entender, ou eu a ele. A dor no braço era apenas um detalhe, ainda mais quando a felicidade de ter acertado a simples canção do começo ao fim, produzindo um ritmo aceitável para meus ouvidos, me preenchia. Eu estava tocando um violino!
>> Matéria publicada na edição do Na Pilha! em 7 de janeiro de 2015.