O que esperar de 2019?
Vai ser ano de troca de governo do Estado e do País. Vai ser ano de Rock in Rio. Vai ser ano de Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), em Venâncio Aires. Estamos na reta final de 2018, mas as atenções já estão voltadas para 2019, que espia atrás da porta com seus 365 dias e promete uma série de mudanças, expectativas e desafios. Na última edição, apresentamos histórias de jovens que já projetam um 2019 de novidades: a troca de escola, a procura de um emprego, o engajamento na maior festa da Capital Nacional do Chimarrão. Assim como eles, cada um tem expectativas para o ano novo. Fica aqui registrado, nosso desejo de que elas se concretizem e que os próximos 12 meses sejam repletos de realizações, filmes e séries bacanas, muito estudo, relacionamentos legais, momentos divertidos com os amigos e apoio para encarar as dificuldades. Um 2019 pilhado para você!
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Expectativas e desafios para 2019
Iasmin Emanueli Becker, 15 anos, terá uma grande mudança em 2019. Ela concluiu o Ensino Fundamental na Escola Estadual de Ensino Médio Sebastião Jubal Junqueira, em Vila Deodoro, e agora, comemora sua aprovação na Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (Efasc), para cursar o ensino médio técnico em Agricultura.Iasmin viveu até os 7 anos na cidade, e depois, mudou-se para o interior, em Linha Maria Madalena. “Foi uma mudança muito drástica. Porém, hoje reconheço como é bom morar no interior, ter uma natureza tão rica no quintal de casa, colher na horta o alimento que vamos comer, e poder fazer parte de uma comunidade tão unida.”Iasmin conta que a família a incentivou muito a buscar um novo sonho para o próximo ano, bem como professores e integrantes da Efasc.“Isso despertou o interesse e cada vez que ia pesquisar sobre a escola, me apaixonava e me encantava. Hoje já posso dizer que faço parte dessa família.”Um dos grandes desafios para o próximo ano, para a estudante, será ficar longe de casa – na Efasc, as atividades ocorrem de maneira intercalada, na qual os jovens ficam uma semana direto na escola e outra semana na propriedade rural da família. “Estou recebendo muito apoio da minha família, acho que isso não vai ser algo tão ruim. Muita coisa vai mudar, principalmente porque vou estar cinco dias longe de casa, mas acredito que tudo vai mudar positivamente.” Para 2019, a estudante espera aprender todo o básico de uma escola, mas acima de tudo aprender a conviver com diversas pessoas, de vários lugares, descobrir novos horizontes, outros cotidianos e fazer novas amizades.
Pai do estudante Vítor Ismael Keller Linke, 9 anos, o morador de Marechal Floriano é também um colaborador da Emef Santa Catarina, a exemplo de outros familiares de alunos e, inclusive, pessoas que já não têm mais filhos matriculados no colégio.
Será que não é mais dispendioso para o Município levar os alunos para outro lugar, pagando transporte, do que manter a escola? O Município paga professora e a luz, mas quem corta grama, arruma a pracinha e os encanamentos, e faz a limpeza da caixa d’água é a comunidade.”ARTENOR LINKEPai de estudante da Emef Santa Catarina
“Essa escola é um patrimônio da comunidade. Muita gente ajudou a construir. Se fechar, vai ser um serviço desperdiçado e virar em abandono”, lamenta Linke, que ajudou a reformar a pracinha e faz manutenção hidráulica da escola, enquanto outros pais se responsabilizam por serviços como o corte de grama e limpeza de caixa d’água.
Para o pai de Vítor, o encerramento das atividades em escolas do interior estimula crianças e jovens a não permanecerem na área rural. “Aqui, levo meu filho todo dia na escola e não tenho com o que me preocupar. Estamos formando cidadãos no interior.”
O agricultor Ornélio Stein, 56 anos, mora próximo da instituição de ensino e também lamenta a situação. Ele estudou na Escola Santa Catarina, quando criança, e cursou Educação de Jovens e Adultos (EJA), no local. Além disso, os dois filhos dele estudaram no local.
“Estão terminando com as escolas do interior. É uma escola caprichada e sempre participamos de atividades, grupo de dança e encerramento do ano, na escola. Fechar a escola é como atirar um balde de água fria na comunidade. Vamos batalhar até o fim”, garante.
Alunos remanejados
De acordo com a secretária municipal de Educação, Joice Battisti Gassen, foi realizada reunião com moradores de Linha Marechal Floriano e aguarda-se retorno de novas matrículas para uma nova avaliação do caso. Segundo ela, a instituição tem nove alunos, mas apenas cinco estão matriculados para o próximo ano – número que seria insuficiente para manter a escola aberta.
Na Emef São Pedro, também são nove estudantes este ano e serão cinco em 2019. Já na Tiradentes são 12 alunos e, no próximo ano, ficarão sete. “Não há como manter escolas com um número tão baixo de alunos. Elas serão remanejadas para outras escolas do interior, com garantia de transporte escolar”, enfatiza, ao lembrar que nenhum aluno será transferido para instituições de ensino da cidade.
Nenhum desses alunos será remanejado para escolas da cidade. Todos permanecem em escolas polo do interior, o que é possível devido a uma logística de transporte escolar. Fecham as escolas, mas as crianças permanecem no campo.”JOICE BATTISTI GASSENSecretária municipal de Educação
Fechamentos
Neste ano, encerraram as atividades as Emefs Gabriela Mistral, de Vila Santa Emília, e Presidente Vargas, de Linha Stamm, além da Escola Estadual de Ensino Fundamental de Linha Sapé.