A estudante de Psicologia Daiara Stein, 22 anos, nunca foi muito preocupada com a alimentação e comia o que tinha vontade.
“Eu era completamente impulsiva e desregrada. Por ser a típica ‘magra de ruim’, comia de tudo o tempo todo, não lia rótulos, nem ligava para eles, afinal de contas, meu corpo não sofria alterações significativas com meus hábitos alimentares”, conta.
Ela até conseguia iniciar o dia de forma mais correta, mas o deslize começava na hora do almoço, pois não tinha o costume de almoçar o tradicional arroz, feijão e carne, ela era verdadeiramente fã número um do pão. “Adorava comer um ‘sandubão’ com tudo que eu tinha direito: maionese, carne, ovo frito, e por aí vai…”, destaca.
Já durante a tarde, normalmente, comia uma fatia de cuca ou rapadura com chimarrão em seu trabalho. E adivinhem o que a moça jantava? Como chegava cansada após a faculdade, apelava para algo prático e que estivesse apenas à distância de uma ligação, como pizza, xis, pastel e hambúrguer.
Daiara era extremamente gulosa. Abrir um pacote de bolacha ou um salgadinho, significava comê-lo inteiro. Recém saia de uma refeição e já estava pensando na próxima. Aceitava algo oferecido, mesmo sem estar com fome, com a desculpa de que seria feio recusar.
A gula também estava relacionada a seus momentos de ansiedade e de sentimentos que estavam a flor da pele. “Não é fácil abrir mão de algo tão prazeroso como comer, em momentos difíceis como em crises de ansiedade ou até mesmo após um dia exaustivo de trabalho. Tristeza, raiva, felicidade, dentre outros sentimentos, resultavam em uma boa ‘jacada’ com a costumeira desculpa da recompensa”, lembra.
Novos hábitos e desafios
Após viver boa parte da sua vida comendo extremamente errado, Daiara tem tentado mudar hábitos e tem busca de uma vida mais saudável. Depois de exames apontarem alterações na saúde do pai e um possível caso de diabetes, em novembro do ano passado, ela, junto de toda a família começou a diminuir o consumo de ‘besteiras e buscou ajuda profissional. Os episódios de gula têm se tornado cada vez mais raros.
“A mudança mais drástica em casa foi a eliminação dos pães, cucas e massas durante a semana e a inclusão de frutas no cardápio diário”, salienta a estudante. Para ela, é possível, sim, se alimentar muito bem, quando se tem como objetivo uma vida mais saudável, embora as guloseimas sejam o que ela chama de ‘comida fácil’. “É tentador abrir um pacote de biscoitos, ao pensar que ter de optar por uma laranja, por exemplo, quando terá de descascá-la.”
Apesar disso, na opinião dela, é possível se manter firme no objetivo, pois ele vai além das melhorias físicas e tem foco na qualidade de vida.
“Se me falassem que eu cuidaria da minha alimentação há alguns meses, diria ser impossível e até desnecessário pelo meu biótipo. Hoje, tenho noção do quão importante é fazermos isso por nós e por quem amamos. E por isso, mantenho o foco”, destaca.
Para Daiara, que ama estar na companhia dos seus amigos, maneirar na escolha e não consumir em exagero é um desafio, já que, normalmente, o cardápio se resume a pizza, hambúrguer ou pastel, e ela também não quer se tornar a ‘chata do rolê’.
Em família, a situação também se complica para enfrentar o banquete dos fins de semana, e resistir a conselhos como os de que “está muito magra”, “não precisa disso” ou “só uma fatia não faz diferença nenhuma”.