Gamer Mode On

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Super Mario e do Pac-Man ao Assassin’s Creed e ao Fortnite. Mudam os games, a tecnologia evolui, mas a paixão pelos jogos continua.No embalo do Fortnite, o jogo do momento para boa parte da gurizada, o Na Pilha! buscou conhecer mais sobre o universo dos games e o porquê dessa febre.

Conversamos com meninos que são fãs de Fortnite e jogam praticamente todos os dias durante o período de férias. O papo aconteceu na casa do Bruno e do Arthur Frey, na tarde de terça-feira,5. Enquanto entrevistávamos o quarteto, os guris quase não desviavam os olhos da tela e a atenção do jogo que estava rolando, tamanho envolvimento.

Isso não é por acaso. Um dos profissionais com os quais conversamos para esta edição, o professor de Informática e um adorador de games desde a infância, Miguel Angelo Baggio, explica que vários fatores tornam os jogos viciantes. Entre elas, a sensação de conseguir superar um desafio, vencer o adversário, fazer um tempo melhor e buscar a evolução no jogo.

O professor explica, inclusive, que isso tem um impacto muito maior se o jogo for online, com pessoas de verdade disputando com você. “Imagina você ser o top 1 do seu país e alguém querer superar você. Então você vai ter que estar sempre treinando, o que leva a jogar por mais e mais horas, tornando isso um ciclo vicioso”, comenta.

Apesar de muita gente torcer o nariz para os games, eles têm, sim, uma série de benefícios, desde que sejam respeitadas a classificação indicativa e haja supervisão de um adulto, quando se tratam de menores de idade. Os jogos ajudam a desenvolver habilidades como atenção, foco, paciência, criatividade e trabalho em equipe.

O professor Miguel cita, inclusive, uma pesquisa da neurocientista Daphne Bavelier que mostra os aspectos positivos dos games na forma como pensamos e tomamos decisões. “Em uma palestra que vi no Ted Talks, a neurocientista explica que quem joga ação, como jogos de tiros em primeira pessoa, possui facilidade em ter foco concentração e agilidade em resolver conflitos, bem como identificar objetos com maior facilidade. Isto ocorre porque as atividades dos jogos desenvolvem uma facilidade nas conexões cerebrais que controlam a atenção.”

Desafios viciantes

Os jogos online quebraram fronteiras e tornaram o desafio ainda maior. Se antes as disputas eram realizadas com irmãos, vizinhos e, eventualmente, alguém de outro bairro, hoje, dá para entrar em uma partida e jogar com pessoas até mesmo de outro continente.

Segundo o profissional de Ciências da Computação, Luiz Henrique Rauber Rodrigues, os jogos virtuais mais populares variam bastante, mas o que a maioria tem em comum é o estilo de jogo Battle Royale (batalha real).

Entre eles, está o Fortnite – jogo disponível na internet, no qual os jogadores se mantêm em um único cenário e ganha o que permanecer jogando por mais tempo -, um dos queridinhos do momento. Para Rodrigues, esse método ganhou popularidade devido ao marketing e também pela aparência dos personagens que são ‘desenhos’ e não ‘pessoas’. “Este formato deixou mais ‘ingênua’ a atividade principal do jogo que é, ‘matar’ os demais jogadores”, salienta.

Do fliperama à realidade virtual, estímulo às habilidades

O professor de Informática Miguel Angelo Baggio, 36 anos, acompanha a área de jogos desde a infância, por volta dos 10 anos, e observa que os jogos mudaram (e muito!). “Atualmente, existem sistemas de computação gráfica que tornaram os jogos muito reais, com captação de movimento para fazer com que o personagem faça a movimentação como se fosse uma pessoa de verdade e também óculos de realidade virtual. Antigamente, os desenhos eram praticamente figuras geométricas simples combinadas para formar algum objeto”, comenta.

Além disso, Miguel percebe uma grande mudança na relação com outros jogadores – hoje, é possível interação com pessoas de todo o mundo e o que começa como um duelo no jogo pode se tornar uma amizade. “Os jogos são um ponto de encontro, pois, além de jogar, pode-se ter uma comunicação com outras pessoas e isso torna a interatividade muito maior. Dependendo do grau de afinidade, esse relacionamento virtual pode durar anos. Eu mesmo já visitei um amigo que conhecia apenas pelos jogos, em Santa Catarina”, conta.

Aspectos positivos

Vencer uma etapa, mudar de fase e encarar novos desafios são alguns dos aspectos que motivam a galera dedicar parte do tempo aos games. Para o profissional de Ciências da Computação, Luiz Henrique Rauber Rodrigues, os games podem trazer inúmeros benefícios, pois os jogadores têm acesso ao aprendizado de outros idiomas e desenvolvem várias habilidades como criatividade, curiosidade e sociabilidade.

“A criatividade é estimulada em jogos como o Minecraft, no qual o jogador tem liberdade a construir; a curiosidade em jogos de mundo aberto como Zelda, no qual deve-se investigar outros locais além do caminho natural; e a concentração e raciocínio rápido são incentivados em jogos de FPS como o Counter-Strike”, afirma.Além disso, o jogador de games tem maior destreza e velocidade nas mãos e, dependendo do jogo, melhora fisicamente como um todo, levando-se em consideração os jogos que estimulam a dança.

Jogador há 3 anos

Foto: Divulgação / Na Pilha! Após muitas dúvidas, Bruno escolheu Payday 2 e o Farcry para jogar em casa
Após muitas dúvidas, Bruno escolheu Payday 2 e o Farcry para jogar em casa

 

A infinidade de games acaba deixando os jovens indecisos na hora da compra. O jogador assíduo Bruno Israel da Rosa, 13 anos, morador do bairro Gressler, juntou mais de R$ 100 para adquirir mais dois jogos. “Eu jogo bastante, umas quatro horas por dia. Agora nas férias até mais. Mas tenho um irmão pequeno de 2 anos e 7 meses que quando vê que eu estou jogando também quer, daí preciso ensinar alguns mais fáceis pra ele”, comenta Bruno.

Há 3 anos, o garoto conheceu o universo dos games através de amigos da escola, que o apresentaram o Nintendo. O jovem têm um Xbox 360, e sua última aquisição de games foram o Payday 2 e o Farcry, jogos que ele conheceu por meio de amigos.

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Jogadores de carteirinha

Gabriel Klafke da Silva, 11 anos

Gabriel conheceu o Fortnite no Youtube e joga há mais de um ano. “Gosto dele porque exige inteligência, estratégia e muita atenção”, comenta. Além disso, o que chama sua atenção no jogo é por ele ser online. Desta forma, cada um joga da sua casa e ainda pode acontecer uma interação entre os jogadores.

Arthur Frey, 12 anos

Há seis meses, Arthur joga Fortnite. Ele conta que iniciou já na quinta temporada, diferente dos seus amigos que jogam há mais tempo. O que conquistou ele no jogo foi o fato de poder jogar entre amigos, ter interação e ser necessário estratégia, tendo que prestar muita atenção. “Costumo jogar o Fortnite no mínimo uma vez na semana, mas, durante o dia, dedico umas quatro horas para jogar outros jogos também, como, PS2019, UFC3, CS Go”.

Bruno Frey, 12 anos

Depois de ter conhecido o jogo através de um amigo, Bruno não parou mais de jogar. Ele conta que costuma receber os amigos em sua casa para jogar e que esses encontros ocorrem mais vezes agora durante o período das férias. “Às vezes, organizamos ‘dormidões’ também para jogar. Eu e mais uns cinco amigos.”

Nícolas Chagas, 12 anos

Entre os quatro amigos, Nícolas é quem mais dedica horas do seu dia aos jogos. Inclusive, já participou até de alguns campeonatos online. “Gosto do Fortnite por ele exigir muita habilidade e atenção dos participantes”, afirma. Durante as férias, ele aproveita o tempo livre para jogar, mas quando está no período de aula costuma jogar menos, conciliando a diversão com as suas outras obrigações.

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Tem tempo limite?

Para o professor Miguel Angelo Baggio, não é fácil definir a partir de que idade é indicado jogar. Ele comenta que, ao mesmo tempo que a tecnologia tem muita coisa boa que pode ser aproveitada para educar de uma maneira rápida e divertida, é preciso estar alerta quando crianças e adolescentes jogam online, por conta do contato com pessoas desconhecidas. “O acompanhamento dos pais com os jogos online deve ser feito de maneira rigorosa e levado muito a sério.”

Com relação ao tempo máximo de jogo, ele também acredita que não há uma definição rígida, mas deve-se lembrar que o jogo é um entretenimento como ir ao cinema, assistir a uma partida de futebol ou mesmo maratonar séries em um sábado à tarde.

“O limite varia muito de quem está jogando e qual o objetivo de jogar. Quem joga por prazer, deve cuidar para não ficar muito tempo preso nesta atividade e acabar tornando isso um vício, deixando de fazer outras atividades que eram normais”, observa.

Ele lembra que não é recomendado que se fique jogando por mais de 50 minutos na mesma posição e sem alongamentos. Ficar segurando controle e teclado e mouse sem parar pode causar lesões por esforço repetitivo.

“É indicado fazer pausas de uns 15 minutos, que incluem se hidratar, se alongar e caminhar, ou seja: se afastar do smartphone, videogame e computador, no mínimo a cada uma hora de jogo”, complementa o profissional de Ciências da Computação, Luiz Henrique Rauber Rodrigues.

GTA e Fifa estão entre os mais procurados

Jean Carlo Frey, proprietário da CenterGame, está há 23 anos no mercado de games e explica que com o avanço da tecnologia, os jogos foram evoluindo. Já com a internet eles deram um ‘boom’. Além disso, Frey salienta a rotatividade dos jogos. “Eles trocam entre amigos, vizinhos. E o que hoje o irmão mais velho joga daqui uns anos o irmão mais novo vai jogar também”, destaca.O proprietário da loja de games explica que, com o passar dos anos, novos jogos vão sendo lançados. Outros são melhorados, e edições novas lançadas como o caso do Fifa, que é uma série de videojogos de futebol, lançados anualmente. “Sempre os mais vendidos, são os tradicionais GTA e Fifa, sem dúvida. Eles são procurados por todas as faixas etárias e, inclusive, meninas”, comenta.

GAMES QUERIDINHOS DO MOMENTO

Spider-Man Red Dead Redemption IIFifa 2019 PES 2019GTAAssassin’s Creed OdysseyGod of WarLego Vingadores

Fonte: Jean Frey/CenterGame

 



    

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