Jogar, caminhar ou mexer-se sempre geram bons resultados para a vida. No esporte não é diferente. Desde que foi criado, há 18 anos, o Projeto Cestinha Sesi/Unisc vem mudando a vida de muitos estudantes de Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul, Rio Pardinho e Rio Pardo. Deixou lembranças positivas, abriu novas oportunidades e mudou o pensamento de muitos adolescentes. Na edição de hoje do Na Pilha! vamos conhecer a história da iniciativa e os frutos que ela vem gerando na vida de moradores do município. Além de relembrar de craques que fizeram cesta e foram além das fronteiras da Capital do Chimarrão.
Uma ‘cestinha’ que deu certo
Semanalmente, muitos jovens de Venâncio Aires dedicam parte da rotina para fazer ‘cesta’ durante o o Projeto Cestinha Sesi/Unisc. Em prática desde 2001, a proposta tem com o objetivo criar um ambiente favorável para a ampliação do repertório motor e das relações interpessoais dos estudantes de Venâncio, Santa Cruz do Sul, Rio Pardinho e Rio Pardo.
Ao todo, de acordo com a integrante da comissão técnica pedagógica do projeto Roberta Kliemann, são 967 estudantes, desses 250 atendidos pelo projeto social e 75 nas categorias federadas somente na Capital Nacional do Chimarrão.
Esses jovens são treinados por professores de Educação Físicas. Os treinamentos das equipes federadas, como explica Roberta, ocorrem três vezes na semana no Ginásio Pedagógico da Unisc, abrangendo a modalidade do basquete. Já em Venâncio, os núcleos são na Escola Cidade Nova (quartas e sextas-feiras o dia todo), na Odila Rosa Scherer (terças e quintas-feiras somente a tarde) e na Paresp (segundas no turno da tarde e terças e quintas-feiras pela manhã). “Abrangendo a prática do basquete e também outras modalidades”, completa.
O projeto promove, principalmente, a inclusão social de crianças e adolescentes de comunidades com vulnerabilidade social
Roberta Kliemann
Basquete vira uma paixão
Desde março de 2017, Jhonathas Fernan da Silva Ribeiro, 15 anos, 1 metro e 85 centímetros, ‘veste a camiseta’ para jogar basquete com a equipe Sub 15 do Projeto Cestinha. Antes da partida, ele já está lá para treinar o arremesso na cesta de basquete, geralmente é o primeiro a entrar em quadra.
O gosto pelo esporte foi surgindo aos poucos, ao participar do projeto e frequentar os treinos, nas segundas e quartas-feiras, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), campus de Santa Cruz do Sul. “Eu comecei a jogar basquete para ter o período da tarde ocupado, mais isso foi mudando, fui gostando cada vez mais do esporte quando comecei a jogar no Cestinha e participar de campeonatos”, afirma.
No primeiro ano como membro da equipe, Jhonathas já conquistou o Campeonato Estadual e a Copa Rio Grande do Sul. Já neste ano, o time foi campeão da Copa RS e do Campeonato Sul Brasileiro de Clubes. “Este último título é o mais importante para mim, pois conquistamos uma vaga na semifinal do Campeonato Estadual 2018”, considera.
O estudante do 9º ano da E.E.M. Monte das Tabocas confessa que o basquete já faz parte da sua vida e seu projeto é ser jogador profissional no futuro e viver do esporte que gosta. “Pra mim basquete é mais que um esporte, é união e amizade. É a oportunidade de cada dia aprender mais ao ir pra quadra e superar meus limites”, finaliza o atleta.
Dedicação + foco = talento
Uma partida de baquete aqui e outra ali na quadra do bairro Cidade Nova e Thaylor Gabriel dos Santos Fagundes, 12 anos, já estava inserido no esporte. Com apenas 8 anos ele já acompanhava os tios, Paulo e Victor Santos, 18 e 16 anos, atletas do Corinthians. Não demorou muito para que o talento de Thaylor fosse reconhecido, ao ser selecionado pelo coordenador do projeto Cestinha, Gilmar Fernando Weiss quando participava do ‘Atletas do Futuro’, na EMEF Cidade Nova.
Hoje, Thaylor é um dos jogadores mais antigos da equipe Sub 12 e uma fonte de inspiração para o grupo. Por duas vezes consecutivas o jovem assume a liderança do time. “Fui escolhido capitão porque conquistei a confiança da equipe, por ser dedicado e responsável. Como estou a mais tempo no grupo sou mais exigido pelo técnico a passar mais calma para o time para que eles tenham mais precisão nos lances e foco no jogo”, afirma.
O atleta assume uma posição de destaque, mas confessa que foram muitos desafios até conquistar o reconhecimento. “Quando comecei no projeto eu não sabia nenhuma técnica, mas fui aprimorando e hoje treino com as equipes de jogadores da Sub 13 e Sub 15,” salienta. Durante esses dois anos no Cestinha, Thaylor teve que se afastar das quadras uma única vez, em julho, para fazer uma cirurgia no apêndice. “Estávamos a dois dias do campeonato Sul Americano quando comecei a sentir dores na barriga, foi muito difícil para mim abandonar o time naquele momento decisivo”, confessa. Para a alegria do garoto, após três dias do procedimento, ele foi liberado pelo médico para assistir aos jogos, em Novo Hamburgo. “Foi uma festa, mesmo fora da quadra consegui dar uma força para a equipe, que naquele dia conquistou o 3º lugar”, afirma. O jogador guarda na estante de casa as 15 medalhas e um troféu que conquistou no Cestinha.
Entenda o projetoO Projeto Cestinha tem um compromisso com a causa de saúde, educação e assistência social. A Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc) vê o esporte como uma grande oportunidade de proporcionar aos cidadãos a prática de hábitos, a disciplina e a cidadania, considerando assim, a prática do esporte como uma das alternativas mais eficazes para estimular crianças e adolescentes a tornarem-se pessoas responsáveis na sociedade em que vivem.
Criado em 2001, em 2014 o projeto sofreu uma fusa entre Sesi esporte para a vida e projeto Cestinha, como forma de minimizar custos, ou seja, nesse momento os alunos passaram a ser de responsabilidade do Sesi esporte para a vida, enquanto que, as categorias federadas continuam de responsabilidade do Cestinha.
Quem pode participar?Roberta explica que os estudantes beneficiários devem estar matriculados em escolas estaduais, municipais ou privadas. Para aqueles que tem o desejo de participar, devem procurar uma das escolas – Cidade Nova, Odila ou Paresp – que excecuta o projeto em Venâncio e preencher uma ficha de cadastro. A orientação é que esses locais sejam procurados nos dias em que são realizados os treinos.