O desespero depois de ver o nome na lista de reprovados passou, você até conseguiu curtir as férias, mas, agora, é hora de voltar. Rodei. E agora?
Retornar para a escola, na mesma série do ano passado e com uma turma diferente, é um desafio e tanto. A poucos dias do início das aulas, o frio na barriga aumenta e, às vezes, a vontade é fugir. Não é mesmo?
Para auxiliar nessa situação, apresentamos uma edição especial para quem vai repetir a mesma série do ano passado – e também para os colegas da turma. O recado mais importante que fica é que essa é mais uma etapa na vida escolar e, como todas as situações da vida, tem, sim, um lado positivo. Boa sorte!
UMA NOVA CHANCE
É difícil encarar a reprovação e ter que repetir o ano? Claro que é. Mas essa é uma situação enfrentada por diversos estudantes, em diferentes anos. Os primeiros passos para encarar o fato e recomeçar é buscar entender o que aconteceu, acreditar que este ano pode ser diferente e ‘se puxar’.
“É importante não terceirizar o problema. Não pensar que repetiu de ano por culpa de um professor ou da matéria, mas lembrar a experiência que não foi muito boa e ver o que pode ser feito diferente. É hora de virar a página”, orienta a professora de Língua Portuguesa Rosmeri Willms Mattie.
Com 30 anos de experiência em sala de aula, ela já acompanhou diversos casos de repetência. “Eu mesma reprovei na 5ª série e foi um processo muito triste. Mas, o que coloco sempre para os alunos, é que somos como uma fruta que amadurece. Não tem como forçar esse processo”, comenta.
De acordo com ela, que atua na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Duarte de Macedo, organizar uma rotina de estudos, não faltar nas aulas e ter perspectivas são algumas dicas para se dar bem na escola.
REPROVAÇÃO
A coordenadora educacional da Emef Cidade Nova, Rosangela Kaercher explica que existem conteúdos que, se o aluno não aprender em determinada série, será prejudicado no próximo ano, pois são contínuos.
Ela observa que, antes de reprovar um aluno, são desenvolvidas muitas estratégias para a sua aprendizagem e a escola busca fazer um diagnóstico da situação.
“Sempre vamos atrás do que está causando essa falta de avanço no aprendizado. Às vezes, é por questões pessoais, familiares, físicas, neurológicas ou mesmo pelas dificuldades em algumas matérias. Existem muitos fatores que podem atrapalhar a aprendizagem, por isso, buscamos ajuda com neurologistas, psicólogos e a família”, detalha. Quando, mesmo com os acompanhamentos, o estudante não conseguir alcançar os conteúdos, repete o ano.
“Cada um tem seu tempo de aprendizagem. Em uma turma, ninguém vai aprender igual ao outro.”
ROSANGELA KAERCHER – Coordenadora educacional
Na hora de voltar para a escola, Rosangela lembra que é importante ter em mente que o repetente não é inferior aos outros. “A escola recebe bem os alunos e fica à disposição para escutá-los. Deixamos claro que ele é competente e vai conseguir aprender.”
De acordo com ela, os professores também são preparados para receber eles com acolhimento e respeito. “Quando o aluno volta para a escola, os docentes já conhecem as dificuldades e traçam táticas para ajudá-lo.”
A coordenadora também ressalta que é importante que a família estimule os estudos, dando apoio ao aluno e lembrando que “os estudos fazem diferença na vida”.
EI, REPETENTE
→ Participe das aulas
→ Faça grupos de estudos
→ Peça reforço para a escola
→ Tire as dúvidas com o professor e peça ajuda
→ Se tiver vergonha de perguntar na sala de aula, peça auxílio de um colega
EI, COLEGA
Os colegas têm papel importante na recepção de um estudante repetente na turma ou mesmo de um colega vindo de outra escola. Não julgar, respeitar e oferecer ajuda são algumas formas simples de ajudar.
E O MATERIAL?
Não coloque cadernos e trabalhos do ano anterior fora. Guarde e use como fonte de pesquisa e estudo.
RELATO PILHADO
Por Eduarda Wenzel
“Estudava na Escola Municipal de Ensino Médio Monte das Tabocas e estava começando a ter problemas com ansiedade. Eu não queria me dedicar aos estudos, então rodei no 2º ano do Ensino Médio. Fiquei muito triste, porque sabia que não era por dificuldade em aprender, mas, sim, porque eu não tinha me dedicado.
Passei as férias estudando para fazer o ‘provão’ das matérias de Física e Português, nas quais tinha reprovado. Fiz e pensei que tinha ido bem, afinal sabia fazer as questões. As aulas começaram em uma quinta-feira, mas o resultado da prova sairia na segunda-feira. Então só voltei para a escola na segunda, com a esperança de ter sido aprovada e ir para o ‘terceirão’. Chegando lá, a notícia foi a que eu não esperava.
Nunca vou esquecer que fui para uma turma que era nova, uma mistura de galera que não se conhecia. Tinha mais uns dois repetentes. Cheguei, sentei na frente da professora, logo aquela de Física que havia ‘me rodado’. Em questão de um, dois dias, me enturmei. E aquela turma foi a melhor que eu já tive: a maioria dos alunos com pensamentos evoluídos, todos se davam bem e estudavam juntos.
Quando paro para analisar, percebo que 2015, quando tudo aconteceu, foi um ano de aprendizado. Eu ajudei meus colegas nos conteúdos, virei amiga dos professores e aprendi e ter responsabilidade pelos meus erros, além de conhecer pessoas que são minhas amigas até hoje. Foi o ano que decidi que realmente queria ser jornalista e entendi que deveria ser mais dedicada aos meus sonhos. Por isso, você que rodou, pode ter neste erro uma chance de evoluir, se encontrar e, sim, ser feliz mesmo repetindo de ano.”